Lula descumpre mais uma vez promessa de visita a Goiás
Desde janeiro, o comentário entre as lideranças goianas ligadas ao Congresso Nacional era de que o presidente faria, até março, uma visita ao Estado
As expectativas acerca do desembarque do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em solo goiano, terminam frustradas. Desde janeiro, o comentário entre as lideranças goianas ligadas ao Congresso Nacional era de que o presidente faria, até março, uma visita ao Estado. Na contramão disso, o mês se encerrou sem qualquer movimentação do presidente nesse sentido.
O que antes não passava de mera especulação ganhou força com as declarações do senador e vice-líder do Governo no Senado, Jorge Kajuru (PSB), no sentido de que o presidente visitaria “com certeza absoluta” o Estado até o mês de março.
À época, a conversa era de que o petista viria a Goiás para participar da inauguração do câmpus da Universidade Federal de Goiás (UFG) em Aparecida de Goiânia.
O discurso, porém, foi desbancado pela prefeitura que negou agenda e disse que desconhecia o cronograma. “A assessoria da prefeitura de Aparecida esclarece que até o momento não ocorreu nenhum contato oficial por parte da Presidência da República sobre a possibilidade da agenda de inauguração da UFG em Aparecida”, esclareceu a nota publicada pela reportagem em meados de fevereiro.
No final de março, voltou a ser ventilada a possibilidade de visita do mandatário. A imprensa local, inclusive, cogitou o desembarque do petista durante viagem do governador do Estado, Ronaldo Caiado (UB), a Israel. O que, de novo, não aconteceu.
Em Nova conversa com a reportagem, Kajuru disse que Lula foi a Belém e que Goiás “não está na pauta dele”. “Mas com certeza em abril estará”, estimou.
Petista encerrou primeiro ano de mandato sem passar por oito estados
Goiás foi um dos oito Estados que o presidente petista não visitou em 2023. Importante para a vitória de Lula em 2022, Minas Gerais também ficou de fora da agenda presidencial no ano passado.
Ambos os entes federativos são governados por opositores: Ronaldo Caiado (União Brasil) e Romeo Zema (Novo). Os dois políticos estão de olho na presidência, em 2026, e também no eleitorado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível.
Além destes Estados, o presidente não foi a Rondônia, Acre, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Alagoas. Em contrapartida, ele esteve 12 vezes em São Paulo e nove na Bahia.
Fator resistência
Segundo o cientista político e professor, Guilherme Carvalho, quando Lula e o PT fazem os cálculos (eleitorais) eles observam que o Estado é um importante polo para o bolsonarismo. “É possível furá-lo? Quando eles se deparam com uma negativa, percebem que não é um Estado a se investir em agenda.”
Ele aponta, ainda, que Goiás é uma unidade federativa, sendo que existem outras muito mais relevantes do ponto de vista eleitoral (número) e de ampliação de prefeituras para o PT. “Não é que Lula não faça questão, mas é um local de oposição, e que podem ocorrer muitos constrangimentos, e onde ele não conseguiria furar a bolha.”
Na avaliação de Guilherme, é melhor manter certa distância, de fato. “Em termos da realidade concreta é pior para Goiás. Mas é como a população se comporta e é como uma análise da equipe é feita. Ele mantém agenda, mas vai cancelar ou fazer online, como vem acontecendo.”