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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
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Aumento nos preços

Entenda o que tem elevado valor de legumes e do hortifrúti

Seca do ano passado e chuvas deste ano aumenta os preços de alguns legumes como batata, cenoura e cebola

Postado em 5 de abril de 2024 por Alexandre Paes
Na visão dos consumidores

O aumento nos preços de itens básicos como batata, cenoura e cebola tem deixado consumidores preocupados em todo o país. Nas últimas semanas, os valores desses produtos dispararam, impactando diretamente o bolso dos brasileiros, principalmente dos goianos. Em uma pesquisa realizada com consumidores em diferentes regiões, diversas vozes expressaram suas preocupações e desafios diante dessa realidade.

Dona Maria Bernadete Souza, 66, moradora do Jardim Novo Mundo, expressou sua frustração. “Todo mês, quando vou ao mercado, sinto como se os preços estivessem subindo cada vez mais. A batata, a cenoura e a cebola eram alimentos que eu costumava comprar regularmente, mas agora, com esses aumentos, estou pensando duas vezes antes de colocá-los no carrinho”.

Já o João Santos, 54, residente no bairro Campinas, destacou os impactos que teve no orçamento familiar. “Com o aumento dos preços desses alimentos, estou tendo que fazer malabarismos para manter as despesas sob controle. Às vezes, tenho que abrir mão de outros itens essenciais só para garantir que minha família tenha o básico na mesa”.

Em outras regiões do estado, a situação não é diferente. Ana Oliveira Pires, 39, que mora em Rio Verde, ressaltou como o aumento nos preços afeta diretamente a alimentação. “A batata, a cenoura e a cebola são ingredientes fundamentais em muitas receitas que preparo em casa. Com esses preços elevados, estou precisando buscar alternativas mais baratas, o que nem sempre é fácil”.

A inflação e os desafios climáticos têm sido apontados como principais causas para o aumento nos preços desses alimentos. A escassez de chuvas em algumas regiões do país tem impactado diretamente a produção agrícola, levando a uma redução na oferta de batata, cenoura e cebola. Além disso, os custos de produção também têm aumentado, o que se reflete nos valores finais cobrados pelos produtores.

Os preços dos legumes também viraram assunto nas redes sociais, com brasileiros reclamando dos valores altos de itens como a cenoura, batata e cebola. E dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam que esses legumes estão entre os principais impactos na inflação de alimentos, que subiu 0,95% em fevereiro, em relação a janeiro.

Além desses produtos, a manga e o arroz foram os outros produtos que entraram na lista de itens que mais subiram em fevereiro, diz o IBGE. A cenoura subiu 9,13% em fevereiro em relação a janeiro, mas, nos 12 meses encerrados no mês passado, o legume acumula alta de 57%.

As cenouras disponíveis nos mercados em janeiro e fevereiro foram cultivadas de setembro a novembro, durante um período de altas temperaturas em São Gotardo (MG) – principal área de cultivo deste vegetal – e de chuvas abundantes no Sul do Brasil, devido ao fenômeno El Niño.

Segundo Renata Bezerra Meneses, pesquisadora do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), houve grande incidência de doenças nas lavouras e um elevado índice de descarte de cenouras devido ao fato de não terem alcançado o tamanho ideal para o consumo no mercado.

Em oposição ao aumento no valor dos legumes, percebe-se uma queda no preço das hortaliças neste mês de abril, devido à chegada das cenouras plantadas no início do ano aos supermercados. Renata afirma que, devido às condições climáticas mais suaves entre janeiro e fevereiro, haverá uma maior oferta, resultando em preços mais baixos e melhor qualidade.

A cebola registrou um aumento de 7% em relação ao mês anterior e de 11% nos últimos 12 meses. Esse crescimento se deve ao fato de que muitas cebolas foram descartadas devido às chuvas intensas no Sul do Brasil, resultando em podridão, cascas malformadas e umidade dentro dos bulbos, como apontado em um comunicado do setor de Hortifrúti/Cepea divulgado em 26 de fevereiro. No Nordeste, por sua vez, as perdas de identificação foram causadas por períodos de calor excessivo.

Com a disponibilidade de cebolas cada vez mais escassa no Brasil, é provável que os preços continuem elevados nas próximas semanas, como apontado em um novo relatório do Cepea divulgado recentemente. Atualmente, as cebolas argentinas estão sendo importadas, porém os valores ainda se mantêm altos.

O fenômeno El Niño provocou um excesso de chuvas no Rio Grande do Sul, fazendo com que a batata alcançasse uma alta de 6,8% no mês e 42,7% em 12 meses. “O pico de chuvas aconteceu em outubro e isso impediu a consolidação de todo o plantio naquele mês. Então, uma parte foi deslocada para frente. Esse buraco de plantio somado às perdas de produção aumentaram os preços”, explica.

Para os próximos meses, no campo, os preços da batata já começaram a cair. “A partir de novembro, os plantios foram retomados, o que gerou uma colheita um pouco maior agora em fevereiro”, diz Deleo. Segundo ele, o preço da batata deve continuar caindo ou pelo menos ficar estável até maio. “A partir de junho, julho, agosto e setembro, teremos uma queda mais expressiva no preço porque entra a safra de inverno, que tem uma oferta maior”, destaca.

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