Tabagismo é a principal causa do câncer de bexiga
A doença matou quase 5 mil pessoas a cada 12 meses entre 2019 e 2022 no Brasil. Ao todo, foram registrados nesse período, 19.160 mortes, sendo 67,6% delas entre homens
O câncer de bexiga matou quase 5 mil pessoas a cada 12 meses entre 2019 e 2022 no país. Ao todo, foram registrados nesse período, 19.160 mortes, sendo 67,6% delas entre homens. Os dados são de um levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) baseado em dados do Sistema de Informações do Ministério da Saúde (SIH/SUS). Além disso, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), em 2022, foram registrados 11.370 novos casos de câncer de bexiga no Brasil.
O médico oncologista Daniel Vargas, afirma que a presença visível de sangue na urina é o principal sintoma dessa anomalia, mas destaca que este não é o único sinal. “Eventualmente, pode aparecer dor ao urinar, micção muito frequente e algumas vezes os tumores podem se apresentar também com o sangue na urina que não é visível a olho nu”, detalha.
Quando o sangue não pode ser visto sem ajuda de aparelhos, condição conhecida na medicina como hematúria microscópica, nos quais o sangue só é visível quando é realizado o exame de urina e as células são visualizadas na micção, explica o especialista.
O tratamento do câncer de bexiga pode variar de acordo com o tipo de tumor de cada paciente. Além disso, a intervenção considera o estágio da doença. Ao ser detectada uma dessas anomalias, o paciente passa primeiramente por uma raspagem da bexiga para confirmação do diagnóstico e do agravamento do tumor.
Assim, Vargas explica que muitas vezes, apenas a raspagem com instilação de medicamentos dentro da bexiga já é o suficiente, caso a doença ainda não tenha se espalhado para regiões fora do órgão. “Em geral, o tratamento vai envolver a cirurgia com a remoção da bexiga associada a algum tratamento com uso de medicamentos antes ou depois da cirurgia”, destaca.
Existem casos ainda em que o paciente precisa ser submetido a sessões de radioterapia da bexiga além de passar por quimioterapias. Quando ocorre a metástase, ou seja, as células do câncer se desprendem do tumor principal, entram na circulação sanguínea, se disseminam e se alojam em outras partes do corpo distantes do local onde a primeira lesão se iniciou, formando novos tumores, os procedimentos são individualizados.
“Quando o tumor saiu da bexiga extravasou por algum outro órgão, o tratamento é baseado no uso de medicamentos sistêmicos que são os remédios administrados por via intravenosa”, salienta.
Nesse caso, cada tipo de tratamento vai ser individualizado de acordo com o paciente. Nesse processo, podem ser utilizadas quimioterapias, imunoterapia ou até mesmo uma classe nova de medicamentos chamados anticorpos conjugados a droga, que funcionam como uma espécie de cavalo de Troia para entregar o medicamento apenas nas células cancerígenas.
Existem diferentes subtipos de tumores, e dentre eles, o carcinoma urotelial corresponde a cerca de 85% dos casos. A doença é caracterizada pelo crescimento de células malignas no tecido urotelial que reveste a parede interna da bexiga. Em seu estágio inicial, o câncer de bexiga pode ser assintomático, além disso, os sintomas desse tumor são variáveis.
Mais comum em homens, o câncer de bexiga pode acometer mulheres também, já que o principal fator de risco é o tabagismo. “As substâncias metabolizadas do cigarro não são eliminadas apenas pelo pulmão, mas uma parte delas são eliminadas também pela urina”, lembra Vargas.
Uma vez que essa substância tóxicas estar presente na urina e esta, em contato com a bexiga, pode ocasionar o desenvolvimento desse tipo de tumor e dessa maneira não é restrito aos pacientes do sexo masculino, uma vez que o hábito de fumar está relacionado aos dois gêneros.
Cigarros eletrônicos duplicam o risco de câncer
Como o tabagismo é o principal causador do câncer de bexiga, a prevenção começa pela adoção de hábitos saudáveis de vida, que envolve o abandono dessa substância tóxica. “A principal prevenção sem sombra de dúvidas é evitar o tabagismo. Esse é o principal ponto que deve ser destacado”, reitera o oncologista.
É importante destacar que além dos fumantes ativos, as pessoas que convivem com quem faz uso do cigarro, também estão sujeitas a essa doença. Vargas destaca que além do cigarro tradicional, essas outras modalidades do tabagismo como os cigarros eletrônicos também aumentam o risco de aparecimento desse tipo de tumor. O médico reforça que a suspensão do tabagismo é a principal forma de prevenção dessa doença.
O câncer de bexiga tem cura, desde que a doença seja diagnosticada em fases precoces, alerta o médico oncologista. Assim, é importante fazer exames de rotina e ficar atento aos primeiros sinais da anomalia. “Quando o paciente começa a apresentar os sintomas ele deve procurar atendimento médico porque a chance de cura está diretamente relacionada ao momento em que a doença é diagnosticada”, orienta.
A doença pode ser identificada por meio de exames de urina, tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética. Porém o diagnóstico é feito a partir de uma cistoscopia – usada para fazer um estudo da bexiga, avaliando este órgão – e da ressecção transuretral da lesão, um procedimento realizado pelo médico urologista que resultará na biópsia confirmatória da lesão.
Incidência
Dados do Inca mostram que o câncer de bexiga é o segundo mais comum no trato urinário no Mundo e o décimo segundo mais frequente na população brasileira. Além disso, segundo o instituto, são esperados 11.370 novos casos da neoplasia no Brasil, somente este ano de 2024. Os homens são mais afetados que as mulheres, sendo o sexto tumor mais comum no sexo masculino, com 7.870 novos casos esperados para o ano de 2024 e 3.500 para as mulheres no mesmo período.
Esse mês de julho é conhecido como o Julho Roxo e neste período do ano, diversas organizações da área da saúde promovem conscientização sobre o câncer de bexiga, importância do diagnóstico precoce que auxilia na realização de tratamentos adequados e cirurgias conservadoras, e também sobre a prevenção.