Disputa em Jataí tem reencontro de emedebista com petista
Prefeito que tenta sexto mandato, no entanto, tem como desafio colocar o atual vice – que tem apoio de Bolsonaro – debaixo do tapete na corrida eleitoral
Yago Sales
A composição das urnas já está praticamente definida na maioria dos municípios goianos no pleito que vai escolher, a 6 de outubro, prefeitos e vereadores. Não é diferente em Jataí, cidade que fica a 321 km de Goiânia – ou seja, 4 horas dirigindo, de carro, pela BR-060.
Às vésperas do início, oficial, legal e inconfundível prazo da campanha eleitoral no próximo dia 16, Jataí já sabe que o eleitorado vai ter de escolher entre três nomes conhecidos na cidade para a corrida eleitoral pelo cargo de prefeito.
Os nomes, por enquanto, mais competitivos são do atual prefeito, Humberto Machado (MDB) e Geneilton Filho de Assis, atual vice que disputa o pleito pelo Partido Liberal (PL). Humberto concorre ao sexto mandato de prefeito.
No meio do embate, surge uma figura antagônica ideologicamente: Soraia Rodrigues Chaves, do Partido dos Trabalhadores (PT). Ela tem como vice Ênio Rodovalho – ligado ao Meio Ambiente, já foi conselheiro na área.
A petista Soraia é professora e mestra em Educação com especialização em Políticas Públicas. Ela já foi candidata à Câmara Municipal dos Vereadores duas vezes: 2004 pelo PSB, quando foi eleita, chegando a ser presidente da Casa em 2008 pelo PSDB. Na década de 1990 ela também concorreu ao cargo de prefeita (em 1996) e deputada.
O emedebista Humberto de Freitas Machado terá o apoio do Palácio das Esmeraldas. O vice-governador, Daniel Vilela, é presidente estadual do MDB e tem, a tiracolo, o poderio do governador Ronaldo Caiado e, claro, do União Brasil, partido do qual é o vice de Machado, Evandro Vilela.
Neste pleito é interessante lembrar, como comenta um vereador, que a petista Soraia voltará a concorrer com Humberto Machado. Eles disputaram o cargo da prefeitura em 1996.
A oposição tentou, aliás, colocar a pecha de petista em Humberto ao espalhar pela cidade que ele se aliaria à legenda de Lula da Silva. Tanto Humberto como a própria candidata do PT negaram qualquer tipo de apoio recíproco.
Uma surpresa – nem tão surpresa assim, no entanto, dizem apoiadores de Humberto – é Geneilton. Filiado ao Partido Liberal do ex-presidente Jair Bolsonaro, Geneilton virou o candidato da direita, do agro, na cidade. “Ele pode ser qualquer protótipo aqui, mas não tem credibilidade”, gaba-se um membro do governo de Humberto. “É mais um que vai passar vergonha ao tentar enfrentar o poder de Machado”, diz outro.
Inclusive, Bolsonaro apareceu em Jataí em julho, arrancando arrepios e alegria no bolsonarismo local. Acerca da visita “ilustre” do ex-presidente Geneilton é pura simpatia. “Imprescindível. Ele mudou a história. O apoio dele é de suma importância”, garantiu, em conversa com o jornal O Hoje, à época, Geneilton.
Ele ainda disse que, para dar um sopro de esperança para quem ainda duvida de que é capaz de vencer Humberto Machado, soltou o segredo: “A estratégia é a gente gostar de gente e conversar com gente.” O slogam vem acompanhado de promessas, como é comumente neste período pré-eleitoral: “[Queremos] tirar Jataí do marasmo. Jataí é uma cidade parada”.
E, ainda, arrematou, na ocasião, o nome de Jair Bolsonaro em Jataí: “Nós vamos trazer desenvolvimento”. Ele acredita que gerar emprego é a garantia de mostrar a força da cidade que Humberto Machado, para ele, não tem valorizado. (Especial para O Hoje)