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segunda-feira, 19 de agosto de 2024
Fora do Tradicional

Animais ‘não convencionais’ despertam admiração e fascínio

Práticas ilegais são cometidas mesmo não havendo intenção, um exemplo disso é resgatar um ninho caído de pássaros, adotando os pets que são da União

Postado em 19 de agosto de 2024 por Thais Cristina Teixeira
“São animais diferentes do nosso cotidiano, mas são extremamente amorosos e arrisco dizer que alguns muito mais sociáveis do cães e gatos”, declarou Yasmin Patrícia, que também cria pets exóticos | Foto: Daniel/ O HOJE

Os animais não convencionais vem despertando cada vez mais o interesse daqueles que buscam fugir da tradicionalidade dos cães e gatos. O médico veterinário especialista no cuidado de animais silvestres e exóticos, Clayton de Andrade, explicou que os animais são divididos em três categorias: animais domésticos, silvestres e exóticos. 

Sendo considerados como silvestres todos os animais da nossa fauna. Exóticos os animais que vêm de outros países  e domésticos, aqueles que estão há muito tempo em convívio com o homem a ponto de se acostumarem com os humanos.

Clayton de Andrade explicitou que o processo para adquirir um pet exótico ou silvestre é diferente dos convencionais, principalmente quando o animal é adquirido por meio de doação, já que os animais silvestres são da união. E caso o animal doado não seja legal a pessoa que recebeu o pet pode ser autuada.

“Se você tem um papagaio e você doa esse animal que você doou é da União, a outra pessoa pode ser autuada por conta disso”, afirmou Clayton”.

Quando são animais não convencionais, o veterinário informou que a divisão se dá em três grupos. Grupos dos répteis, grupo das aves e grupo dos mamíferos, sendo o dos mamíferos um grupo um pouco menor, com animais como  coelho,  chinchila,  porquinho da Índia, hamster, e o twister.  Dessa categoria,Clayton esclareceu que esses animais usados como exemplos todos são domésticos. Consequentemente é possível doar, receber doação ou comprar esses animais. 

Em relação aos exóticos, Clayton citou o ferret (furão), que possui um valor aquisitivo elevado que pode variar entre oito e nove mil reais. O veterinário relatou que no Brasil os furões só entram castrados e microchipados, tornando a reprodução do animal no País impossível. E que o alto valor do animal torna a doação dele rara.

No mundo dos répteis a variedade de espécies é maior, tanto as brasileiras quanto exóticas. Em relação às serpentes mais adquiridas Clayton citou as espécies Píton e Corn Snake, quanto aos lagartos mais adquiridos estão a pogona e o Gecko. A partir de uma instrução normativa a atribuição de normatizar a própria fauna que antes era da União passou a ser estadual.

“Os estados passaram a normatizar a sua fauna. Então, com isso, alguns estados abriram a criação de répteis, eles legalizaram a criação dos répteis, porque até então, essa criação não era possível de répteis exóticos. Então, você não conseguia comprar uma Corn Snake legal. Então, praticamente todas as todas as Pítons, todos Geckos, as Pogonas eram ilegais”, declarou Clayton. 

“A partir dessa normatização dos estados, é possível comprar essas e outras espécies de exóticos legalizados, que antes não era possível”, completou. 

O veterinário Clayton de Andrade também citou a lista pet, projeto estabelecido pelo Conama em 2007 na qual os critérios e atribuições seriam definidos pelo Ibama, porém a lista não foi criada, com isso a criação de répteis silvestres foi paralisada temporariamente.

“Então assim, hoje a gente tem uma variedade bem grande de répteis silvestres, como jiboia, jiboias da arco-íris Amazônia, Jiboia Arco-íris  do Cerrado, algumas espécies de lagartos brasileiros, que antes não se podia criar. Porque antigamente infelizmente as pessoas capturavam esses animais, e hoje existe a possibilidade de adquirir um animal deste legal.”, expôs Clayton.

Sobre o mundo das aves o veterinário afirmou que é bem extenso, e que antigamente existia a cultura das pessoas criarem papagaios, araras, e que hoje existe uma mudança de comportamento, já que no passado a maioria dos papagaios e araras adquiridos pelas pessoas eram capturados na natureza e que como esses animais têm uma expectativa de vida muito grande ele permanecia na família por algumas gerações.

“Hoje em dia é um pouco mais difícil de fazer essa captura, mas as pessoas tiram muito ainda, o tráfico de animais silvestres é bem grande ainda”, enunciou.

Clayton de Andrade também explicou que hoje em dia muitas pessoas cometem crimes ambientais mesmo sem saber.  Isso ocorre porque algumas espécies de pássaros fazem ninhos em áreas urbanas, e às vezes o ninho cai e as pessoas resgatam o ninho com passarinhos, adotando os animais que são da união como pets de estimação.

O Ibama Goiás explicou que a fiscalização de criadouros é realizada pelas forças policiais e órgãos ambientais, muitas vezes trabalhando em parceria. Os alvos são escolhidos por meio de auditorias em sistemas de controle, ações de inteligência ou denúncias. Uma vez detectado o ilícito, o infrator recebe multa, tem os pássaros irregulares apreendidos e a autorização para criar suspensa, podendo também responder a processo criminal e de reparação de danos ambientais.

Em relação aos animais apreendidos, o Ibama explicou que eles são avaliados e na maioria das vezes devolvidos à natureza. Apenas animais que não conseguiriam sobreviver são encaminhados para cativeiro autorizados, como zoológicos.

Clayton de Andrade afirmou que é no momento em que se adquire o pet não convencional obrigatoriamente é preciso o  levar  em um veterinário especializado neste tipo de animal para que o veterinário faça a instrução sobre os cuidados necessários.

O dia a dia e experiências de quem tem pet exótico

Joana Aparecida Rodrigues contou que sempre gostou de aves e que hoje em dia possui 3 pets não convencionais sendo uma cacatua chamada Chanel , uma ararajuba chamada Cacau e um papagaio verdadeiro com nome de Belinha. Joana, explicou que os animais requerem muita atenção e carinho e que é preciso ter tempo de qualidade para cuidar dos bichinhos já que eles gostam de conversar, ouvir música e fazer gracinhas.

“Principalmente a cacau  a ararajuba ela se ficar sozinha  ela chega no ponto de  dar depressão e se arranca  suas  penas então isso é muito preocupante”.

Joana contou que as aves são muito carinhosas e se alimentam com frutas  e ração, sendo o maracujá a fruta preferida das aves.

“Isso pra mim cuidar delas é uma terapia, é um trabalho que elas me dão que gosto e muito amor envolvido”, afirmou Joana.

Yasmin Patrícia também compartilha do amor por pets não convencionais, ela explicou que sempre gostou muito de animais e que a mãe a criou com vários bichinhos sempre a ensinando a amar e respeitar aqueles animais. Ela explicou que possui coruja, furão e arara.

“São animais diferentes do nosso cotidiano, mas são extremamente amorosos e arrisco dizer que alguns muito mais sociáveis do cães e gatos”, declarou Yasmin Patrícia.

Yasmin explicou que o dia a dia dos bichos não costuma fugir tanto do habitual e que em casa ela segue uma rotina com os animais todos os dias para garantir uma boa convivência, ela ressaltou que os animais precisam manter a consulta veterinária em dia.

Ela também expôs que caso os animais sejam de espécies diferentes é preciso pensar no manejo, avaliando se eles podem ou não conviver juntos.

“Aqui por exemplo mantemos o Jorge ( arara macao ) em um cômodo da casa separado do harry (coruja orelhuda ). São animais de espécies diferentes que havendo alguma interação diferente pode acabar causando conflitos”.

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