Moradores de Goiânia reclamam de mau cheiro de esgoto na região Noroeste
A suspeita é que uma fábrica de uma grande marca de laticínios, próxima da região, esteja despejando resíduos orgânicos de forma incorreta no Córrego Caveirinha
Nayara Rabelo é moradora do setor Cândida de Morais a 29 anos e afirma que nunca sentiu um odor tão forte, como tem presenciado nos últimas dias. Já a Nayara Cardoso, que mora na região desde que nasceu, reclama que até passou mal com o odor.
“Está terrível o mau cheiro, é de embrulhar o estômago. Me deu crise de enxaqueca de tão forte que estava o cheiro”, diz.
A reclamação é a mesma para dezenas de moradores da região Noroeste de Goiânia, que alegam que a cerca de dois meses sentem um cheiro intenso de esgoto. Segundo a população, o odor fica ainda mais intenso próximo ao Parque Nova Esperança, localizado em frente ao Hugol (Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira).
A suspeita é que uma fábrica de uma grande marca de laticínios, próxima da região, esteja despejando resíduos orgânicos de forma incorreta no Córrego Caveirinha, que corta os bairros Santos Dumont, Cândida da Morais, Jardim Nova Esperança e Finsocial. Porém, o odor afeta também moradores de bairros vizinhos como Jardim Colorado, Jardim Petrópolis, Jardim Clarissa, 14 Bis e Barra da Tijuca.
Vários cidadãos relataram que também sentem o cheiro de leite azedo ou podre. Josi Ferreira, que mora a cinco quadras desta fábrica, no setor Santos Dumont, acordou as 4h da manhã com o cheiro.
“Pelo amor de Deus, olhe a hora (3h52). Já não estamos aguentando o mau cheiro. Está insuportável, não sabemos do que se trata e as possíveis consequências que pode haver desse mau cheiro. É um descaso com nossa região. O tempo que já vem acontecendo e ninguém ter tomado providências.”, lamenta a empreendedora que mora a 32 anos no setor.
Segundo a professora Isabela de Souza, o odor começa com hora marcada. “Sem condições total. O mal cheiro acontece todos os dias e parece que é programado, por volta de 18h ou 22h”.
Fábrica de laticínios
O jornal O Hoje e lideranças de bairros da região procuraram a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) que enviou um técnico, na manhã de segunda-feira (30/1) para investigar o local junto com um representante desta fábrica. No entanto, segundo o gerente de monitoramento ambiental, André Prata, nada irregular foi encontrado.
Em nota, a Amma informou que “esteve na fábrica alvo de denúncia por descarte incorreto de resíduos na Região Noroeste, nesta segunda-feira (30/1). Durante a vistoria, a Amma não identificou nenhuma irregularidade dentro ou fora da fábrica que possuía todas as documentações regulares.”, descreve o boletim.
Com a persistência do mal cheiro, a agência ambiental foi procurada mais uma vez e afirmou aos representantes da região que fará outra visita, na noite desta quarta-feira (1/2).
A Nestlé também foi procurada pelo jornal. A empresa respondeu que “realiza constantemente as manutenções e avaliações necessárias em suas operações” e que “após contato feito pelos moradores das proximidades da Fábrica de Goiânia sobre mau cheiro, realizou avaliações adicionais em suas dependências e não identificou a presença de odor oriundo da fábrica”.
Ainda informou na nota que “a equipe responsável também avaliou a estação de tratamento de efluentes da unidade e sua operação encontra-se regular, com seu efluente tratado de acordo com a legislação ambiental.”
Saneamento e aterro
A Saneago também foi procurada pelo veículo, nesta quarta-feira, sobre o mau cheiro. A empresa responsável pelo abastecimento sanitário do Estado alegou que “a Saneago é uma das usuárias de mananciais. Entretanto, não utiliza o Córrego Caveirinha. De qualquer forma, a gestão das bacias, bem como a fiscalização quanto ao lançamento de esgotos é de responsabilidade dos órgãos ambientais.”
Outro possível causador do fedor é o Aterro Sanitário de Goiânia que fica localizado também na região, no bairro Chácaras Recreio São Joaquim. O Hoje entrou em contato com a Comurg, responsável pelo aterro, que respondeu que enviou servidores para fiscalizar o local.
Em nota, a Comurg informou que “periodicamente, enviar funcionários para fazer manutenção e observação no córrego. Agora, no mesmo local, há duas grandes companhias, que podem estar despejando algum tipo de resíduo que deixa esse mau cheiro”.
Os moradores da região Noroeste da capital já estão acostumados com o mal cheiro, que vem de um frigorífico de uma grande marca, instalado no setor Chácaras Mansões Rosas de Ouro, ao lado do Jardim Nova Esperança. Porém, a população diz que o odor que vem sentindo nos últimos dias é diferente.
A população da região Noroeste permanece sem saber até quando o mau cheiro continuará.
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