A hora e a vez dos cacheados
Conheça mulheres que assumiram a identidade natural dos seus cabelos e o que elas tem a dizer
Se nas últimas duas décadas os lisos dominaram a moda e a
cabeça femininas, os cabelos construídos a partir de sua forma natural
garantiram seu espaço entre as mulheres
Há mais de uma década que os cabelos lisos ganharam
preferência entre as mulheres, seja no salão ou em casa, graças ao uso do
secador, da chapinha e dos alisamentos químicos. Recentemente, contudo, as
mulheres têm assumido a naturalidade de suas madeixas, dando lugar a fios
cheios de vida e movimento.
Nas novelas, diversas personagens têm inspirado as
telespectadoras com looks cacheados, como é o caso de Indira, interpretada por
Cris Vianna em A Regra do Jogo, e Filomena, personagem de Débora Nascimento no folhetim
Êta Mundo Bom.
Para a cosmetóloga Leila Quintão, esse movimento é crescente
e faz parte da aceitação e quebra de padrões muitas vezes impostos pela
sociedade. “As pessoas têm de ser livres e se sentir seguras para fugir da
ditadura dos cabelos lisos. Nas ruas é comum você saber se a mulher usa
progressiva ou não. São cabelos estáticos, esticados, sem nenhuma forma, sem
brilho ou textura definida”, opina.
Leila alerta, entretanto, que esse não é o principal
transtorno sofrido pelas mulheres de cabelos crespos. “O alisamento
irresponsável dos fios provoca, na maioria das vezes, quebra e queda de cabelo,
o que faz as mulheres sofrerem com a baixa autoestima.” Há 24 anos no mercado,
Leila se especializou em cabelos cacheados e conta que já fez muita mulher
feliz:
“Muitas vezes a cliente chega no salão desmotivada e com um histórico
capilar de alisamentos e quebras. Com o permanente de cachos, conseguimos
resgatar a felicidade e autoestima dessas mulheres, dando definição e movimento
aos cabelos”, conta.
Deixar de alisar os cabelos deu liberdade e autoestima para
a vida da blogueira Rayza Nicácio, de São Paulo, sucesso no YouTube e Instagram
e defensora da identidade original dos cabelos crespos. “Desde muito novinha
tive problemas graves com a minha falta de autoestima.
Por ver minha mãe
alisando o cabelo eu sentia que estava fadada àquilo também. Alisava porque só
assim me sentia um pouco mais confiante e bonita. Hoje sou muito mais feliz com
meus cachos, mais livre que quando mantinha a rotina de secador e chapinha”,
conta. (assessoria) (Foto: www.rayzanicacio.com)