Londres rejeita convocar outro referendo sobre UE
Apesar do pedido de mais de 2 milhões de pessoas, governo britânico descarta possibilidade de rediscutir saída na União Europeia
O governo britânico disse ontem que não pretende convocar outro referendo sobre a saída do país da União Europeia (UE). A hipótese de uma nova consulta popular ganhou força nos últimos dias, quando mais de 2 milhões de pessoas assinaram uma petição online solicitando outro referendo. O site petition.parliament.uk chegou a travar com a quantidade de pedidos.
A iniciativa partiu de um cidadão identificado como William Oliver Healy, que pede para os deputados britânicos a “implementação de uma norma pela qual, se o voto para sair ou ficar na UE for inferior a 60%, com uma participação de 75%, deveria ser convocado outro referendo”.
Na consulta da última quinta-feira (23), 51,9% dos eleitores votaram para que o Reino Unido saísse da UE, contra 48,1%. A eleição contou com 72% da participação.
O Partido Conservador também disse ontem que o novo líder da legenda será apresentado até 2 de setembro, em substituição ao posto de David Cameron, que renunciou devido à derrota nas urnas pelo Brexit (sigla que significa Britain e exit – saída em inglês).
Portugal
A deputada portuguesa do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, sugeriu no último domingo (26), em Lisboa, que seja feito referendo nacional para definir a posição de Portugal na União Europeia (UE). Catarina afirmou que, caso o país seja alvo de sanções por parte da Comissão Europeia devido ao déficit orçamentário de 2015, deve avaliar se continua na UE. A sugestão da deputada vem depois de o Reino Unido ter decidido, em referendo na semana passada, deixar o bloco europeu.
De acordo com informações divulgadas ontem pelo jornal francês Le Monde, a Comissão Europeia deverá recomendar a aplicação de sanções a Portugal e Espanha por déficits excessivos, no próximo dia 5 de julho. “Virá o tempo de decidir. Queremos um referendo agora? Nunca colocamos nenhuma consulta popular na gaveta. Virá esse dia de referendo e virá em breve”, disse a deputada Catarina Martins.
No entanto, poucas horas depois do pronunciamento de Catarina Martins, o presidente português e líderes de outros partidos se manifestaram contra a realização de um referendo no país. O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que o país “quer continuar na União Europeia” e disse que, como a decisão de lançar um referendo cabe a ele, essa questão não está em análise. Rebelo de Sousa disse ainda que é importante que se definam rapidamente como ficarão as relações entre a União Europeia e o Reino Unido.
Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, afirmou que não é hora de se pensar em referendos e, sim, de defender a Europa e os povos europeus. (Agência Brasil)