“Não estou fazendo propostas jogadas ao vento”, afirma Vanderlan
O candidato socialista a Prefeitura de Goiânia afirmou que irá recuperar todo o tempo perdido nas administrações anteriores da capital
Com um ar que apresenta ainda mais confiança do que na campanha do primeiro turno, o candidato a Prefeitura de Goiânia, Vanderlan Cardoso (PSB), afirma que irá resolver todos os problemas deixados na capital pelas administrações dos últimos anos e acredita que sua gestão ficará para a história. Em entrevista ao jornal O Hoje, o socialista criticou a forma de governar dos últimos prefeitos, explicou seus projetos sobre as administrações regionais, e discutiu sobre os problemas e soluções para os problemas de trânsito no município.
É possível acreditar nas pesquisas? Você as usa para nortear sua campanha?
Temos nossas pesquisas internas, então quando sai uma pesquisa que destoa muito ficamos desconfiados. Por exemplo, existe um instituto de fora do Estado que em toda eleição vem aqui e erra, mas continua fazendo pesquisas em Goiás. Nossa reclamação é com relação a esse instituto, que é o Ibope. Mas o que as pesquisas atuais têm apresentado é fruto do nosso trabalho, desde a pré-campanha, que foi uma campanha bonita, alegre, com propostas, e vamos continuar assim. Em nosso primeiro programa na TV já apresentamos propostas, e vamos explicar algumas de forma mais aprofundada, além de novas propostas que vão ao ar nos próximos programas.
Os números finais no primeiro turno mostraram alta abstenção. Como trabalhar para atrair esse eleitor que está descontente com a política?
Em primeiro lugar temos que olha para o momento político em que o Brasil está passando, com tantos escândalos acontecendo em diversas áreas. Então o eleitor até está no direito dele, embora não seja o correto, pois se está acontecendo isso, ele deve observar melhor os candidatos, para errar menos. Nós vamos começar a fazer um trabalho no horário eleitoral pedindo para que as pessoas que não têm interesse na política reflitam e venham contribuir com o seu voto. Acho que só por meio do voto é que as mudanças virão a acontecer.
Uma das estratégias de Iris Rezende (PMDB) é mostrar o seu apoio com o governador Marconi Perillo como algo negativo. Você acredita que isso pode te atrapalhar na reta final?
De forma alguma. Eles já tentaram isso no primeiro turno. E qual foi o resultado que isso trouxe para ele? Ele não conseguiu passar da barreira de votos que já possuía. Agora, no segundo turno, já começamos a realizar nossas pesquisas e percebemos um aumento de 16% no nosso eleitorado. Já a pesquisa Veritá nos dá 18% de aumento nos votos válidos, e nosso adversário cresceu cerca de 11%. Então a estratégia dele, se seguir por esse caminho, está completamente errada, e acho que ele deve rever suas ações.
Sobre os apoios, existe algum tipo de conversa com o Partido dos Trabalhadores?
Nosso primeiro turno foi uma disputa muito acirrada, e o partido liberando seus membros para votarem como sua vontade, a gente espera que a maioria deles, e principalmente aqueles que se alinhem à nossa estratégia, venham nos ajudar. Meu pensamento é esse e eu não tenho inimizade com ninguém. Eu vim para a política para fazer amigos. Inclusive dentro do PT eu tenho muitos amigos, e quando administrei Senador Canedo tive uma boa parceria com eles.
Você já fez alguma avaliação do quadro de vereadores eleitos?
Houve uma renovação muito grande na Câmara Municipal, mas os novatos que foram eleitos estão conosco desde o primeiro turno e alguns vieram nos apoiar agora no segundo turno. E creio que isso é bom, mostrando que nós vivemos num país democrático, mostrando que a população escolheu fazer uma mudança. Eu espero que essa turma que foi eleita, muitos deles jovens, façam um bom trabalho.
Sendo eleito, de que forma você pretende trabalhar a questão das regiões administrativas para que seja aprovada na Câmara Municipal?
Bom, primeiramente não haverá uma disputa para a escolha das regionais. Nós não vamos ter, por exemplo, nessas administrações, pessoas políticas, para não concorrer com os vereadores. As regiões administrativas serão um ponto de apoio para os vereadores nas regiões. Eu posso dizer isso porque tenho experiência em administração regional, já que implantei três em Senador Canedo, e não tive nenhum problema com a Câmara Municipal. A administração regional vem para atender a população de forma mais rápida, além de reduzir os custos da prefeitura, já que não é necessário, por exemplo, que os servidores fiquem de um lado para o outro, eles irão poder trabalhar mais perto de casa, tendo mais qualidade de vida. As manutenções, poda de árvores, limpeza urbana, iluminação pública, manutenção das escolas, postos de saúde, tudo será por meio da regional. Então é mais próximo de casa, dando mais agilidade e diminuindo o custo. Essa experiência posso dizer que tenho, ao contrário de nosso adversário que não teve pulso para implantar.
Existe um estudo sobre o custo dessas regionais?
Com a experiência que eu tenho, o estudo que eu tenho é de que os custos irão reduzir significativamente. É só observar o seguinte, por exemplo, as máquinas que irão dar manutenção na região Noroeste, ao invés de sair de um local distante ela vai estar ali, dentro da regional. Sempre que surgir uma emergência em alguma regional o equipamento estará por perto. Os servidores irão trabalhar mais perto de casa, e com isso irá melhorar muito o transporte coletivo, já que os problemas da população, como alvarás e licenças que não puderem ser resolvidos online, estarão próximos às suas residências, com o acesso muito mais rápido.
Sobre a privatização. Qual seria sua prioridade: trazer o serviço para a própria gestão pública ou buscar a terceirização?
Eu trabalho com gestão e planejamento, e fiz uma das melhores limpezas urbanas em Senador Canedo. A nota da população para os serviços de limpeza, coleta de lixo, iluminação pública, poda de árvores, e coleta de entulho, era dez. E com um custo bem mais baixo do que seria se fosse terceirizado. Então não precisei terceirizar nada, e esse serviço chegou com qualidade para a comunidade por um preço bem mais em conta. Por exemplo, se em cada regional você tiver entre dois e três caminhões com três equipes é possível cuidar de toda a iluminação, sem precisar terceirizar. É possível reduzir o custo da iluminação pública e da coleta de lixo, mas é preciso investir em dar as ferramentas para que esses trabalhadores possam executar bem seu trabalho. Não adianta simplesmente dizer ‘está aqui o pessoal, estamos investindo nos salários’, mas não dar as ferramentas para que eles trabalhem. O que iremos fazer é criar um almoxarifado central, com todo o equipamento ali, e não deixar faltar nada, porque sem ferramenta o funcionário não vai produzir. Vou levar essa gestão, me colocar a serviço da Prefeitura de Goiânia, como me coloquei em Senador Canedo.
No geral você é contra a terceirização?
Não. Existem coisas no serviço público que o poder público é incompetente para realizar, como, por exemplo, na área da saúde, onde muitos dos serviços, como cirurgias, podemos trabalhar com alguns hospitais que já possuem seus custos fixos. Podemos comprar esses serviços pelo preço justo. Nós teremos uma rede grande atendendo a população. Mas como pagar isso? O SUS já tem a sua parte de investimento, que é o Sistema SUS, a outra parte para ter um complemento de qualidade é a contrapartida do município. Nós temos um projeto, por exemplo, do Centro de Especialidades Médicas, que irá contratar os profissionais especialistas e pagar o preço justo por consulta. E para alguns exames mais complexos é onde entra a rede privada, a Prefeitura compra em quantidade, o SUS paga uma parte e o restante é contrapartida do município.
Como pretende cuidar da ineficiência do serviço público?
Primeiro buscando parcerias. Já assinei com a Comunitas, que é uma ONG que funciona dando apoio a essa área de controle nas prefeituras, e pedir prioridade que ela preste este trabalho em Goiânia. Vamos trazer para Goiânia o que deu certo em outros lugares, como a desburocratização que é feita hoje em cidades como Campinas e São Paulo. Então esse projeto, que foi feito com base no que é feito em Campinas, funciona por um sistema online, onde é possível tirar um alvará ou licença, sem precisar andar de um lado para o outro. Foi um sistema que deu certo, melhorando a arrecadação, emprego e renda. Eu vejo meu adversário dizendo que irá aumentar diversas coisas, mas não fala de nenhum polo de desenvolvimento e nem de geração de emprego, renda e qualificação profissional. Se Senador Canedo chegou ao que é hoje é porque fizemos um planejamento para o desenvolvimento do município por meio dos polos e dos distritos. Quando se investe nisso é possível atrair empresas e elas oferecem o plano de saúde para o funcionário, desafogando os planos de saúde do município, da mesma forma com as creches. Uma coisa vai puxando a outra.
Você vê alguma evolução em alguma área administrativa hoje?
Eu acredito que o defeito da atual administração foi ter puxado uma briga que não era sua. Ele foi eleito, a princípio como vice, depois foi reeleito com várias propostas, inclusive de cidade sustentável, só que ele não rompeu com a velha prática política, e ele reconheceu isso recentemente, quando não buscou parceria com o governo do Estado. Se nós formos observar todos os projetos atuais, principalmente o de desenvolvimento com justiça social, nós dependemos da parceria efetiva do governo estadual. Como podemos falar em atrair empresas para o município se essas empresas não tiverem incentivos fiscais ou áreas disponíveis? O município precisa dessas ações do Estado, trabalhando em conjunto para recuperar a maioria das empresas que saíram de Goiânia. E isso é algo que não tem acontecido nos últimos anos. E na conversa que tive com o governador antes de apresentar essas propostas eu precisava de uma garantia de que ele daria um respaldo para nós na forma de incentivos fiscais para que pudesse apresentar minhas propostas na área de desenvolvimento. Só acredito em cidade que se desenvolve quando se possui geração de emprego. O que temos que fazer é recuperar o tempo que foi perdido, e fazer com que Goiânia volte a ter mais recursos. Com relação aos avanços dessa administração, alguns deles são o Parque Macambira Anicuns e o BRT, além das faixas exclusivas para ônibus, e algumas ciclovias que precisam ser corrigidas.
E quais as propostas para o trânsito?
Quando fizemos o nosso projeto, pensando em uma área puxando e ajudando a outra, firmando as pessoas em suas regiões por meio das administrações regionais, já é possível diminuir no mínimo 30% a superlotação dos ônibus, além do fluxo de carros andando de um lado para o outro. Mas também temos ações, como a continuação do BRT, mais faixas exclusivas para os ônibus, fazer com que a Prefeitura assuma os terminais de ônibus e não deixe tudo para as empresas de transporte, realizar parceria com alguns empresários e produzir pequenos shoppings dentro dos terminais, garantir mais segurança, banheiros limpos, e renda para a Prefeitura, já que ela vai ter uma participação nos aluguéis desses espaços. Há várias maneiras de se levar benefícios para a população sem levar custos para a mesma. Sendo a Prefeitura a responsável pelo transporte, quem definirá quais serão essas linhas será a população. E os usuários terão tudo do bom e do melhor sem aumentar o custo da tarifa.
Você diz sempre que as empresas de transporte precisam cumprir o contrato. Mas é possível cobrar o contrato antes de dar um subsídio?
Olha, não existe nada de graça. Tudo que é subsidiado no transporte coletivo existe alguém pagando. As empresas não fazem nada de graça, elas visam o lucro. Precisa-se ter uma discussão melhor, não é simplesmente chegar com um projeto e empurrar goela abaixo, alguém precisa entender sobre isso. E o contrato existe para as empresas cumprirem. As empresas fazem a parte delas e a Prefeitura também. E caso as empresas de transporte não façam sua parte vamos procurar outras que cumpram. Sendo cumpridas as regras no contrato todos irão sair ganhando, tanto a população quanto aqueles que têm subsídios, e também as empresas, além de garantir um transporte de qualidade.
Caso eleito, você pretende publicitar mais as questões referentes ao transporte, como a divulgação de propostas e projetos para a área?
Olha, eu administro com transparência. Por exemplo, o orçamento da educação é gerido e administrado com os profissionais da educação. Tudo totalmente transparente. Inclusive fiz esse compromisso aqui, assim como fiz em Senador Canedo. Na saúde será do mesmo jeito, não temos nada a esconder. Sendo assim, vou cobrar para que a planilha de custos que compõem o transporte coletivo seja feita às claras, até mesmo a margem de lucro das empresas.
Qual o peso de uma eventual eleição sua aqui em Goiânia para as eleições de 2018? Você é um possível nome para disputar o governo estadual?
De forma alguma eu me candidatarei. Não se conserta Goiânia no período de um ano e três meses. Eu quero sim um dia ser governador de Goiás, mas para isso eu preciso fazer uma administração renovadora na capital, e isso não se faz da noite para o dia. A nossa administração está sendo planejada para o período de quatro anos. Eu e Thiago queremos ficar na história da cidade. Não estou fazendo propostas jogadas para o vento, a base dos nossos projetos é desenvolvimento. Com geração de emprego e renda nossa cidade será transformada em uma das melhores em qualidade de vida do Brasil.
E quanto às críticas do seu adversário ao governador?
Essa discussão prova que o nosso adversário não é candidato a prefeito coisa nenhuma. Quando ele parte para cima do governador, isso mostra que ele é candidato a governador, com o intuito de atencipar a eleição de 2018 para 2016. A população tem que ver e observar quem é o vice dele, se está preparado para assumir a prefeitura de Goiânia. É isso que está em jogo com essa campanha difamatória.