Mardem Costa Jr.

O auditório do Centro de Cultura e Convenções e Eventos da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-Goiás) mal comportava as pessoas que prestigiaram a cerimônia de posse do prefeito Iris Rezende (PMDB) e dos 35 vereadores eleitos em outubro. O evento, iniciado com 45 minutos de atraso, foi presidido por Jorge Kajuru (PRP), sagrado nas urnas como o vereador mais votado da capital, e secretariado por Drª Cristina (PSDB) e Vinicius Cirqueira (PROS), segunda e terceiro mais bem votados, respectivamente. 

Tanto Rezende quanto os parlamentares que comporão a Câmara Municipal de Goiânia no período de 2017 a 2020 assinaram os termos de posse, entregaram uma cópia do diploma eleitoral e da declaração de bens e prestaram juramento de cumprimento da liturgia de seus cargos. O hino nacional foi cantado pela agora ex-vereadora Célia Valadão (PMDB). Também estavam na solenidade o arcebispo de Goiânia, dom Washington Cruz; o deputado Lincoln Tejota (PSD), representando a Assembleia Legislativa de Goiás; o desembargador Fausto Moreira Diniz, representando o Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO); o conselheiro aposentado Honor Cruvinel; o advogado Clarismino Júnior, presidente da Comissão de Direito Ambiental da Ordem dos Advogados do Brasil – seção Goiás; a advogada Anna Vitoria Caiado, representando o senador Ronaldo Caiado (DEM); e o presidente da Assembleia de Deus de Campinas, pastor Oídes José do Carmo.

Por decisão de Kajuru, nenhum parlamentar discursou no evento, o que foi considerado por ele como uma “vitória do povo”. O perrepista classificou o modus operandi como algo ridículo. “O povo não quer discurso, aliás o povo está impaciente. Ele quer palavras e atitudes cumpridas, e não ações ao vento”, fuzila.

Ovacionado pela plateia presente ao local, Iris ressaltou sua ligação com Goiânia, “que me proporcionou tudo”, como fez questão de asseverar. O peemedebista criticou a situação atual da máquina administrativa, destacando que assumirá a prefeitura com problemas em vários setores e asseverou que tomará medidas para modernizar a máquina e convocou a população para participar ativamente de sua gestão.

“Não temos o direito de fracassar e decepcionar Goiânia. Vamos com coragem todas as decisões necessárias para transforma novamente essa cidade motivo de orgulho para todos os goianienses”, disse.  Uma das primeiras medidas anunciadas pelo prefeito é a volta dos mutirões, marca típica de seu estilo de administração. “Vamos trabalhar dia e noite, sábado e domingo” para recuperar a cidade”, destaca.

Eleito para o quarto mandato de prefeito da capital goiana e presente na vida pública desde o final dos anos 1950, Rezende lembrou ainda a necessidade de resgate da confiança da população, descrente com a classe política. “Espero honrar novamente a confiança por mim depositada”, completa.

Calamidade

Questionado sobre como fará remanejamento de recursos para cumprir as promessas de campanha, Iris foi direto. “Sempre assumi o poder em situação de calamidade pública, com atraso de salários e dívidas exorbitantes. A primeira ordem é gastar pouco e economizar, para que a população possa receber o resultado dos impostos pagos em todas as áreas da administração. O dinheiro dos impostos é para o bem-estar da população e não de grupos ou de interesses”, assevera.

O peemedebista pontuou ainda que a população está “horrorizada” com o caos que a administração enfrenta. Inquirido sobre o total de dívidas que herdará do agora ex-prefeito Paulo Garcia (PT), indicou que apenas o passivo da empresa que loca veículos para o Paço é de R$ 50 milhões e lembrou da paralisação de várias obras públicas, inclusive aquelas que contam com recursos oriundos do Governo Federal, “porque o município não cumpriu sua parte”, completa.

Quebra do protocolo

O protocolo habitual às cerimônias de posse foi desfigurado com a assunção de Kajuru à frente dos trabalhos. O perrepista criticou publicamente e alterou as atividades, suprimindo o discurso dos vereadores e questionando os custos da solenidade e algumas ideias do cerimonial que considerou como supérfluas, pregando a necessidade de um evento simples e com custo baixo.

O parlamentar também fez questão de sublinhar as promessas que Iris fez de cumprir os quatro anos de mandato como prefeito e de fazer a “melhor gestão de sua vida”. 

Questionado por O HOJE sobre as críticas por ele feitas, Kajuru foi cáustico. “Não sou homem de mandar recados, mas de falar diretamente”, salienta.  

Secretários devem ser anunciados hoje 

Ao contrário do que se esperava, o prefeito Iris Rezende não anunciou os nomes que farão parte de sua gestão, o que será feito parcialmente hoje, às 10 horas da manhã, no Paço Municipal. Um dos cotados para fazer parte do secretariado irista, o ex-vice-prefeito goianiense Agenor Mariano (PMDB), ressalta que Iris não tem pressa para anunciar a equipe que trabalhará consigo.

“Iris analisa com muita calma e prudência para definir os nomes que considerar os melhores para poder fazer uma boa administração”, disse. Questionado por O HOJE se Rezende estaria tendo dificuldades para finalizar o primeiro escalão, Mariano refutou a possibilidade. “O prefeito está tendo critérios para fechar os nomes, o que aumenta o índice de acertividade, quando há um maior zelo”, pontua.

Apesar da demora na divulgação dos nomes que comporão a equipe, nos bastidores alguns nomes já são tidos como certos. Agenor, por exemplo, é cotado para a Secretaria de Governo, onde terá também a incumbência de fazer a articulação política do Paço Municipal junto à Câmara. 

Aliados históricos de Iris, os ex-deputados Lívio Luciano, Paulo Ortegal, o ex-presidente municipal do DEM, Joel Sant’anna Braga, o ex-secretário de Finanças, Dário Campos também são cotados para cargos de proa na gestão irista.

Também são lembrados para compor o alto escalão o vereador Paulinho Graus (PDT), o presidente estadual do PRTB, Denes Pereira, o ex-deputado estadual Samuel Almeida – elo de Iris com o segmento evangélico no segundo turno e a ex-vereadora Célia Valadão (PMDB).