Fotografia de parto exige cautela e sensibilidade
Fotógrafa Patrícia Bicalho, do Studio Patrícia Bicalho, fala sobre cuidados necessários no registro do nascimento, relatando a emoção de participar de momento tão sublime
Não há nada como poder preservar memórias de bons momentos. Para as famílias, especialmente, os registros dos primeiros instantes de vida de seus filhos são uma das maiores e melhores lembranças que podem guardar. A fotografia possibilita reviver as sensações de entrega e conexão de um nascimento, e, por isso, muitas mães optam por eternizar o parto através da foto, quando o filho é visto pelo mundo pela primeira vez.
Retratar um parto exige muito mais que o simples ato de fotografar. Requer respeito pela intimidade da família, concentração e envolvimento. A fotógrafa Patrícia Bicalho, que tem como uma de suas especialidades fotos de parto, explica que o processo é protocolado e delicado. “Estamos falando de um instante que não volta, então não podemos perder nenhum ponto. É sobre registrar a expressão de um pai, a lágrima de uma mãe ao escutar o chorinho do bebê pela primeira vez’’, conta.
A médica pediatra Christyanne Freitas, que fez fotos de parto quando deu à luz a Elisa, em janeiro deste ano, conta que sempre quis ter este dia fotografado por um profissional. “Contratei uma fotógrafa primeiramente porque o melhor dia da minha vida precisa ser eternizado, e, segundo, porque as fotos tiradas por acompanhantes pelo celular sempre ficam tremidas”, explica, rindo.
O principal papel do fotógrafo é, de acordo com Patrícia, guardar o que a memória falha em recordar, função que se aplica com mais intensidade quando o assunto é parto. Mostram-se as particularidades das reações de cada um presente, dentro e fora da sala de cirurgia, desde a entrada da família no hospital até a primeira roupa no berçário, e o fotógrafo deve estar preparado para intempéries. “É preciso saber lidar com qualquer tipo de situação, com profissionalismo, já que o trabalho é realizado em ambiente pequeno, com luz desfavorável e esterilizado”, reitera.
‘Partolândia’
A fotógrafa revela que a euforia e o fascínio do nascimento fazem com que mães não se lembrem dos pormenores do parto, e, muitas vezes, nem mesmo percebem a presença do fotógrafo na sala. Elas entram em um estado que Patrícia define como “partolândia” – as mães não escutam, não veem e não sentem nada que não esteja relacionado ao nascimento do seu bebê. “A mãe está conectada com o seu eu mais íntimo, e não consegue visualizar o que está de fato acontecendo. Algumas já até me perguntaram, na entrega do álbum, se eu estava realmente lá”, recorda.
Christyanne, por exemplo, passou muito mal no nascimento de Elisa, que, aliado ao nervosismo, fez com que suas lembranças ficassem difusas e borradas. “O mais impressionante das fotos de parto é que podemos sempre rever aquele dia, mágico, e observar cada detalhe tranquilamente”, diz. A pediatra relata ainda que a sensação de ver o álbum é de muita emoção e alegria, com verdadeiro sentimento de reviver as horas registradas.
Patrícia também esclarece que para este tipo de ensaio não é necessária muita produção, mas características como discrição e disposição são fundamentais. Segundo ela, um profissional que fotografa partos deve ter “sangue frio e quente ao mesmo tempo”, visto que o parto, normal ou cesariana, envolve procedimentos cirúrgicos. É necessário saber o funcionamento de um centro obstétrico e ainda usufruir de bom senso e sensibilidade. “As fotos representam uma história que deve ser contada em detalhes e com amor. É um registro documental”, afirma.
A mamãe pediatra concorda, e ainda dá dicas para outras mães que também procuram profissionais para fotos de parto. “É importante que você contrate alguém por quem tem empatia e confiança, e principalmente se sinta à vontade, pois é um momento de completa exposição e intimidade. Além disso, devemos observar a discrição do profissional e a qualidade das imagens, que deve captar a naturalidade e espontaneidade dos instantes vividos na sala de parto”, aconselha Christyanne.