STF retira sigilo de delação da JBS e divulga documentos
Delação tem cerca de 2 mil páginas e oitivas foram gravadas em vídeo
A delação premiada dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos do grupo JBS, controladora do frigorífico Friboi foi divulgada na íntegra nesta sexta-feira (19) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A medida foi tomada após o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, homologar os depoimentos, firmados com a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Ontem (18), o STF autorizou a abertura de inquérito contra o presidente Michel Temer. A base do pedido de abertura é o diálogo gravado pelo empresário Joesley Batista em uma reunião com Temer. Batista entregou à Procuradoria Geral da República (PGR) a gravação da conversa, que ocorrei em um encontro realizado no dia 07 de março no Palácio do Jaburu. O áudio faz parte da investigação que foi aberta contra o presidente na Suprema Corte.
O áudio tem cerca de 40 minutos. Na conversa, Temer e Batista falam sobre o cenário político, os avanços na economia e também citam a situação do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que foi preso na Operação Lava Jato, por volta dos 11 minutos.
Nos depoimentos dibulgados, o empresário Joesley Batista ainda aponta “solicitação de vantagem indevida por parte do atual presidente da República, bem como do deputado federal Rodrigo da Rocha Loures (PMDB-PR), no montante de 5% do lucro obtido com o afastamento do monopólio da Petrobras no fornecimento de gás a uma das empresas do grupo J&F”.
O dono da JBS acreditava que obteria lucro caso o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) concedesse uma liminar que afastasse o monopólio da Petrobras no fornecimento de gás para uma termelétrica do grupo e prometeu “abrir planilha” e repassar 5% desse valor a Temer. O representante do presidente, Rocha Loures, aceitou o acordo. Após a divulgação da delação, o Cade negou ter adotado qualquer tipo de favorecimento ao grupo J&F.
“Não renunciarei”
Em pronunciamento na tarde de ontem (18), Temer afirmou que não irá renunciar ao cargo e exigiu uma investigação rápida na denúncia em que é citado, para que seja esclarecida. “Não renunciarei. Repito, não renunciarei”, afirmou.
Em seguida, em nota divulgada à imprensa, o Palácio do Planalto informou que o “presidente Michel Temer não acreditou na veracidade das declarações” referente ao suborno de um juiz e um procurador.
“O presidente Michel Temer não acreditou na veracidade das declarações. O empresário estava sendo objeto de inquérito e por isso parecia contar vantagem. O presidente não poderia crer que um juiz e um membro do Ministério Público estivessem sendo cooptados”, disse a assessoria do Palácio do Planalto, em nota. “A expectativa do governo é que o STF investigue e arquive o inquérito”, diz o comunicado.