MPF apresenta nova denúncia contra Lula envolvendo sítio de Atibaia
Força-tarefa sustenta que Lula, quando era presidente, nomeou diretores da Petrobras para praticar crimes em benefício das empreiteiras Odebrecht e OAS
A força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal
(MPF) ofereceu ontem (22) à Justiça Federal mais uma denúncia contra o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dessa vez envolvendo supostos crimes
de corrupção passiva e lavagem de dinheiro relacionados a obras realizadas por
empreiteiras no sítio de Atibia.
Na denúncia, o MPF acusa o ex-presidente de estruturar,
orientar e comandar esquema ilícito de pagamento de propina em benefício de
partidos, políticos e funcionários públicos. A força-tarefa sustenta ainda que
Lula, quando era presidente, nomeou diretores da Petrobras para praticar crimes
em benefício das empreiteiras Odebrecht e OAS. Em troca, recebeu propina das
construtoras de forma disfarçada por meio de obras feitas no sítio de Atibia.
De acordo com a denúncia, a Odebrecht teria pago R$ 128.146.515,33
em propina, oriundos de quatro contratos firmados com a Petrobras. Já a OAS,
segundo o MPF, teria pago vantagens indevidas de R$ 27.081.186,71, resultante
do superfaturamento de três contratos firmados com a estatal.
“Esses valores foram repassados a partidos e políticos que
davam sustentação ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente o PT,
o PP e o PMDB, bem como aos agentes públicos da Petrobras envolvidos no esquema
e aos responsáveis pela distribuição das vantagens ilícitas, em operações de
lavagem de dinheiro que tinham como objetivo dissimular a origem criminosa do
dinheiro”, diz trecho da denúncia. A Lula, afirma a força-tarefa, teriam sido
repassados aproximadamente R$ 870 mil pelas duas construtoras, mediante a
realização de reformas, construção de anexos e benfeitorias no sítio de
Atibaia.
Defesa
Em nota, a defesa de Lula considerou a denúncia uma
“desesperada tentativa de procuradores da República justificar à sociedade a
perseguição imposta ao ex-presidente”. Para os advogados do ex-presidente, a
denúncia apresenta acusações “frívolas” e com objetivo de perseguição política.
“A peça buscou dar vida à tese política exposta no PowerPoint de [coordenador
da força-tarefa Lava Jato, procurador] Deltan Dallagnol, para, sem qualquer
prova, atribuir a Lula a participação em atos ilícitos, envolvendo a Petrobras,
que ele jamais cometeu”, afirmam os advogados de Lula.
Segundo a defesa, os procuradores “reconhecem não ter
qualquer prova de que Lula seja o proprietário do sítio, embora tenham repetido
esse absurdo por muito tempo em manifestações formais e em entrevistas
impropriamente concedidas à imprensa”. Em nota, os advogados afirmaram ainda
que a Lava Jato age “de forma desleal em relação a Lula, com acusações
manifestamente improcedentes e com a prática de atos que são ocultados de sua
defesa”.
Caso o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos
inquéritos da Lava Jato na primeira instância, aceite a denúncia apresentada
hoje pelo MPF, Lula se tornará réu pela sexta vez na Lava Jato. (Agência Brasil)