Com câncer terminal, Liu Xiaobo ganha liberdade
Comitê elogia liberação de dissidente agraciado com o
Nobel da Paz na China
O Comitê do Prêmio Nobel da Paz manifestou ontem sua satisfação pela liberdade, por razões médicas, do dissidente chinês Liu Xiaobo, agraciado com a distinção em 2010, e disse que ele jamais deveria ter sido preso porque “só exerceu sua liberdade de expressão”. A informação é da agência EFE.
O Prêmio Nobel da Paz é entregue em Oslo, na Noruega, e é amplamente considerado como o mais prestigioso prêmio do setor. O Comitê do Nobel lembrou que mantém seu convite para que Liu Xiaobo possa viajar a Oslo para receber o prêmio, já que na cerimônia de sete anos atrás ele não recebeu permissão de Pequim para viajar.
O opositor chinês, detido desde 2009, sofre de um câncer terminal no fígado e está atualmente internado em um hospital universitário de Shenyang, na província de Liaoning, revelou ontem à Agência EFE em Pequim seu advogado, Mo Shaoping.
“Liu Xiaobo dirigiu uma incansável luta pela democracia e pelos direitos humanos na China e já pagou um alto preço pelo seu compromisso. Na realidade, ele foi condenado por exercer sua liberdade de expressão e jamais deveria ter sido preso”, apontou em um comunicado o comitê.
Responsabilidade
As autoridades chinesas têm “uma grande responsabilidade” se a privação de liberdade fez com que Liu não tenha recebido a ajuda médica necessária a tempo, acrescentou a entidade norueguesa, que espera que a liberdade seja incondicional e que ele receba o melhor tratamento possível, “na China ou no exterior”.
Liu Xiaobo, condenado a 11 anos de prisão por subversão, foi agraciado com o Nobel da Paz “pela sua longa e não violenta luta pelos direitos humanos fundamentais na China”, uma decisão que levou este país asiático a romper laços com a Noruega.
Pequim e Oslo anunciaram em dezembro passado a normalização das relações após uma reunião no país asiático entre o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e o ministro de Assuntos Exteriores norueguês, Børge Brende.
Li Keqiang mostrou então o desejo de “trabalhar junto com a Noruega para abrir um novo capítulo nos laços bilaterais e criar relações sustentáveis, saudáveis e estáveis”, além de mostrar a intenção de renegociar com a Noruega um acordo de livre-comércio, que estava a ponto de ser assinado quando o Nobel foi concedido a Liu.
A China impôs também restrições às importações de salmão norueguês, o que causou perdas milionárias ao país escandinavo.
(Agência Brasil)