Janot diz que não há mais como retroceder contra a corrupção
“Nunca se viu, em toda nossa história, tantas investigações abertas, e tantos agentes públicos e privados investigados, processados e presos”, disse Janot
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse hoje
(12) que a qualidade e a quantidade, inéditas, de investigações feitas nos
últimos anos fez com que só restasse aos investigados tentar “desconstruir e
desacreditar” àqueles a quem cabe combater a corrupção.
“Nunca se viu, em toda nossa história, tantas investigações
abertas, e tantos agentes públicos e privados investigados, processados e
presos”, disse Janot. “Não há como não reconhecer os avanços significativos
obtidos no Brasil nos últimos anos na luta contra a corrupção. Não há mais como
retroceder, embora haja muito ainda por se realizar”, acrescentou. Segundo
Janot, as instituições brasileiras estão funcionando bem e que “as reações [a
elas] têm sido proporcionais”.
A declaração foi feita durante o lançamento da campanha
Todos Juntos contra a Corrupção, um dia após a Polícia Federal (PF) concluir
inquérito que apresenta indícios da prática de crimes por parte do presidente
Michel Temer e demais integrantes do chamado “grupo do PMDB da Câmara”.
“Como não há escusas pelos tantos fatos descobertos que
vieram à luz escancarados, que a estratégia de defesa não poderia ser outra se
não tentar desconstituir, desacreditar a figura das pessoas encarregadas do
combate à corrupção”, ressaltou o procurador-geral.
Dirigindo-se a diversas autoridades presentes no evento de
lançamento da campanha Todos Juntos contra a Corrupção, Janot fez algumas
citações, em especial uma frase de Henry Ford: “Há mais pessoas que desistem do
que pessoas que fracassam”, e acrescentou, “temos de lembrar disso todo dia e
fazer saber aos nossos detratores que não conjugamos dois verbos: retroceder e
desistir no combate à corrupção”.
Sobre a campanha, Janot disse que o objetivo é desenvolver
um conjunto de estratégias preventivas que envolvam ações e campanhas de
conscientização contra a corrupção; e projetos educacionais que levem os temas
da ética, da cidadania, do enfrentamento à corrupção para a discussão dentro do
âmbito familiar, escolar, empresarial, associativo ou público.
“É preciso criar cultura completamente avessa às práticas de
corrupção; conscientizar e engajar a população no papel fundamental de
organização e mobilização contra esse quadro de patrimonialismo, fisiologismo e
clientelismo que marca infelizmente o curso de nossa história”, disse.
Agência Brasil (Foto: Adriano Machado/Reuters/Arquivo)