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sábado, 23 de novembro de 2024
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Investigações

Lava Jato diz que diretor do DER recebeu propina para aumentar pedágio no Paraná

As suspeitas são de que a propina tenha sido para aprovar aditivos que resultaram no aumento da tarifa de pedágio

Postado em 22 de fevereiro de 2018 por Katrine Fernandes
Lava Jato diz que diretor do DER recebeu propina para aumentar pedágio no Paraná
As suspeitas são de que a propina tenha sido para aprovar aditivos que resultaram no aumento da tarifa de pedágio

A 48ª fase da Operação da Lava Jato, batizada de Integração, deflagrada nesta quinta-feira  (22), tem, entre os seis presos, o diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem no Paraná (DER/PR), Nelson Leal. As suspeitas são de que o diretor tenha recebido propina da concessionária Econorte, do grupo Triunfo, para aprovar aditivos que resultaram no aumento da tarifa de pedágio cobrada na rodovia que constitui o chamado Anel de Integração.

Segundo os investigadores, Nelson Leal adquiriu “de forma oculta” um apartamento de luxo em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, no valor de R$ 2,5 milhões. Deste total, “aproximadamente R$ 500 mil foram pagos em espécie ou com recursos cuja origem não foi identificada nas contas do investigado”, informou o procurador Diogo Castor de Mattos, do Ministério Público no Paraná. Leal teria sido beneficiado também com o pagamento do aluguel de um iate de luxo.

O DER é subordinado à Secretaria de Infraestrutura do estado, que tem à frente o irmão do governador Beto Richa, José Richa Filho. Até o fechamento desta reportagem, a secretaria aguardava posicionamento da área jurídica para se manifestar sobre o ocorrido.

Outro denunciado pelo Ministério Público Federal no Paraná é o assessor da Casa Civil do estado Carlos Felisberto Nasser, que não foi preso por causa da idade avançada. De acordo com a assessoria do governo do Paraná, Nasser, que tem cerca de 80 anos, ocupava um cargo de terceiro escalão em departamento que coordena ações políticas voltadas ao relacionamento com prefeituras e órgãos públicos.

Em entrevista coletiva, o procurador Diogo Castor de Mattos disse que está investigando “aditivos dos quais participam vários servidores públicos” do estado do Paraná, o que deve expandir o caso para outras concessionárias que atuam no estado. Segundo o investigador, “até o momento, não há indicativo de que o governador Beto Richa tenha participado de forma ativa” dos ilícitos.

Investigações feitas em novembro de 2016 pelo MP indicaram que o grupo ligado à concessionária responsável pelo Anel de Integração usou operadores financeiros já investigados pela Lava Jato – no caso, Rodrigo Tacla Duran e Adir Assad. Os operadores auxiliavam o grupo na produção de dinheiro em espécie ou na operacionalização de pagamentos de propina no exterior por intermédio de movimentação entre contas offshores.

A Econorte depositou mais de R$ 1 milhão em favor de Tacla Duran entre 2012 e 2014. Na época, foi comprovado que tais valores foram repassados sem que qualquer tipo de serviço tivesse sido prestado. Outras empresas relacionadas ao Grupo Triunfo depositaram mais R$ 5 milhões na conta de Rodrigo Tacla Duran, além de  R$ 26 milhões para empresas de fachada do operador financeiro Adir Assad.

Ainda conforme o Ministério Público, dados da quebra de sigilo bancário judicialmente autorizada demonstraram que, entre 2005 e 2015, a concessionárias recebeu aproximadamente R$ 2,3 bilhões provenientes de tarifas pagas pelos usuários. Deste total, R$ 343 milhões foram repassadas a uma subsidiária em contratos de conservação de rodovias, que enviou R$ 110 milhões à holding do grupo, e “pelo menos R$ 63 milhões a empresas de fachada ou sociedades cuja prestação de serviços ou entrega de produtos não foi comprovada, acrescentou o MP.

Segundo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, o caso envolvendo a concessão da rodovia à iniciativa privada representa um “claro indicativo de que privatizações não necessariamente levam ao fim da corrupção”, uma vez que há “sérios indícios de pagamentos e desvios que chegam a servidores públicos”.

Ele acrescentou que as despesas apresentadas pela Econorte geraram fraude tributaria, o que foi confirmado pelo auditor fiscal da Receita Federal Roberto Leonel.

“Uma das concessionárias pagou despesas a uma subsidiaria que, na verdade é uma empresa irmã. Toda a receita dessa empresa vinha dessa concessionária que atendia praticamente 70% de toda despesa operacional. Isso resulta na redução do lucro tributável”, disse o auditor da Receita durante a entrevista à imprensa.

Em nota divulgada pela Secretaria de Comunicação, o governador Beto Richa informou que já determinou “pronta instauração de processo de investigação para esclarecimento de eventuais irregularidades apontadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal”. A investigação será conduzida pela Controladoria- Geral do Estado.

De acordo com a nota, tanto os contratos quanto os aditivos relacionados ao chamado Anel de Integração foram conduzidos pelo DER, e todos terminaram submetidos ao crivo da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Infraestrutura do Paraná, que homologou seus termos.

“Quanto aos fatos que envolvem o sr. Carlos Nasser, [o governo do Paraná] esclarece que ele exercia a função de assessor político junto à Casa Civil, cargo de terceiro escalão, sem qualquer vínculo com o Gabinete do Governador.  Em razão disso, o governador determinou o seu imediato afastamento do cargo, até a apuração completa dos fatos”, concluiu a nota.

(Fonte: Agência Brasil/Foto: Reprodução)

 

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