Um terço dos desempregados sobrevive com trabalhos temporários
Levantamento revelou também que 41% dos desempregados possuem contas em atraso, sendo que 27% estão com o nome negativado em serviços de proteção ao crédito
Um terço dos brasileiros desempregados atualmente sobrevive
com bicos e trabalhos temporários, geralmente informais, mostra pesquisa do
Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes
Lojistas (CNDL). Para 29%, o sustento vem da ajuda financeira da família ou
amigos e 7% recebem auxílio do programa Bolsa Família. Apenas 2% utilizam
poupança ou investimentos. O estudo, que entrevistou 600 pessoas nas 27
capitais, revela que a falta de trabalho provocou a queda no padrão de vida de
seis em cada dez brasileiros.
Entre os trabalhos informais mais comuns, estão os serviços
gerais (21%) – manutenções, pedreiro, pintor, eletricista –, produção de comida
para vender (11%) – como marmita, doces e salgados –, serviços de diaristas e
lavagem de roupa (11%) e serviços de beleza, como manicure e cabeleireiro (8%).
A média de dedicação a esse trabalho é de três dias por semana. Essa
periodicidade revela, segundo o SPC/CNDL, não apenas uma escolha, mas escassez
de oportunidade, pois apenas 12% dos que fazem bicos consideram que está fácil
conseguir esses trabalhos.
O levantamento revelou também que 41% dos desempregados
possuem contas em atraso, sendo que 27% estão com o nome negativado em serviços
de proteção ao crédito. Os débitos mais frequentes são parcelas no cartão de
loja (25%), faturas do cartão de crédito (21%), contas de luz (19%), contas de
água (15%) e parcelas do carnê ou crediário (11%). O tempo de atraso médio das
dívidas é de quase sete meses e o valor é de R$ 1.967, em média.
Em relação aos hábitos de consumo, a pesquisa mostra que mais
da metade (52%) dos desempregados brasileiros abandonou algum projeto ou
desistiu da aquisição de um sonho de consumo por causa da demissão. As
iniciativas mais frequentes foram deixar fazer reserva financeira (28%), voltar
atrás no plano de reformar a casa (25%), desistir de comprar ou trocar o carro
(17%) e deixar de comprar móveis para a residência (17%). Foram citados ainda
os planos de abrir o próprio negócio (16%), realizar uma faculdade ou
pós-graduação (14%) e fazer uma grande viagem (13%). Também foi alto o
percentual (38%) dos que disseram não ter sonho algum.
Adaptação
Para se adaptar aos cortes na receita doméstica, 59% disseram
ter mudado o padrão de vida. Os cortes mais expressivos foram na compra de
roupas, calçados e acessórios (65%), saídas para bares e baladas (56%),
delivery e comida fora de casa (56%), alimentos supérfluos, como carnes nobres,
bebidas e iogurtes (52%), atividades de lazer (52%) e gastos com salão de
beleza (45%).
As principais despesas que foram mantidas foram: água e luz
(65%), produtos de higiene, limpeza e alimentação básica (64%), planos de
internet (49%), telefonia (45%) e TV por assinatura (40%). Há também 32% de
desempregados que mantiveram plano de saúde.
Quase metade dos desempregados (46%) passaram a pedir
dinheiro emprestado a amigos e familiares e 30% recorreram ao cartão de
crédito. Como contenção de gastos, 63% optaram por marcas mais baratas na hora
das compras. O levantamento revela ainda que 68% dos entrevistados passaram a
fazer mais pesquisas de preços, além de pechinchar (62%).
Fonte: Agência Brasil. (Foto: Reprodução/Tadeu Vilani/Agência RBS)