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sábado, 27 de dezembro de 2025
Espetáculo

‘Ladainha’ traz cultura afrobrasileira para cena principal nesta

Guerreira Maria Felipa
e o capoeirista Samuel Querido de Deus são
os personagens
centrais da peça

Sheyla Sousapor Sheyla Sousa em 20 de abril de 2018
‘Ladainha’ traz cultura afrobrasileira para cena principal nesta
Guerreira Maria Felipa

GABRIELLA STARNECK*


O espetáculo infanto-juvenil Ladainha, realização do Núcleo Coletivo 22 a partir do projeto de pesquisa do diretor de arte Valmir Sérgio, será apresentado, nesta sexta-feira (20), no Céu das Artes e Esporte Unificados na Cidade Vera Cruz. Com texto e direção da mulher negra, professora da UFG, pesquisadora, artista e capoeirista, Renata Lima, o espetáculo convida o público a mergulhar em uma história de reencontro com a ancestralidade afrobrasileira.

“Ladainha é um espetáculo infanto-juvenil que mescla teatro de animação, de bonecas, com a atuação. Ele tem o contexto da capoeira angola, e traz uma trama que envolve dois personagens que recebem o desafio, do seu mestre de capoeira, de produzir uma ladainha – canto típico da capoeira entoado no início das rodas. Para vencer esse desafio, eles contam com a ajuda da Maria Felipa e do Samuel Querido de Deus que, na verdade, são figuras lendárias da história da capoeira”, afirma Renata Lima. 


Espetáculo

Entre gingas e mandingas envolvendo atriz, ator e público, a peça dá visibilidade à cultura, à mulher e ao homem negro, trazendo personagens importantes da história do Brasil, que podem ainda hoje não serem representados nos livros didáticos, mas que no espetáculo Ladainha ganham destaque: os baianos Maria Felipa de Oliveira, considerada uma heroína da luta pela independência da Bahia, e Samuel Querido de Deus, capoeirista eternizado por Jorge Amado.

A importância dessas duas figuras para a cultura afrobrasileira, principalmente para a tradição da capoeira, é enorme, assim como Renata Lima destaca: “A contribuição deles é tamanha, primeiro para a gente ressaltar a importância das mulheres na construção da capoeira, e, depois, para lembrar de figuras que atuaram, no caso do Samuel, logo no inicio do século 19 – antes da consolidação da capoeira no formato que conhecemos hoje”. 

O trabalho tem a importante participação da bonequeira Izabela Nascente que, além de produzir os bonecos utilizados no espetáculo, orientou o trabalho de manipulação do ator e atriz em cena e conta com a produção geral de Lorena Fonte – e atuação e manipulação de Vinicius Bolivar e Lorena Fonte. As músicas utilizadas no espetáculo foram retiradas do cancioneiro da capoeira angola e conta, ainda, com ladainhas autorais produzidas por Gabriela Balanguer e Leandro Medina.


Importância 

O espetáculo traz a potência da cultura popular para dialogar, no contexto urbano, com pessoas que historicamente são marginalizadas do acesso a bens culturais, mostrando a capoeira como resistência, e expressão da força da cultura negra. Por meio de Ladainha “a gente deixa evidente que os nossos referenciais e matrizes estéticas e poéticas não são apenas fornecidas pela Europa e pelos EUA; que nós, aqui no Brasil, temos conteúdos e formas para pensar a produção artística. Eu acho que isso é importante, porque é mover preconceitos de lugares, e valorizar a cultura e um povo que contribui substancialmente para construção e formação do povo brasileiro”, destaca Renata. 

A diretora ainda ressalta a relevância de essa temática ser transmitida para o público infantojuvenil. “Além de ser uma peça muito divertida, ela traz um conhecimento muito próprio, muito especifico da capoeiragem – que, com certeza, não se encontra na escola. Eu acho que, com as crianças e jovens tendo acesso a essa temática, nós temos a oportunidade de romper algumas fronteiras do preconceito”, finaliza a professora Renata Lima.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação 

da editora Flávia Popov


SERVIÇO

Espetáculo ‘Ladainha’

Quando: sexta-feira (20) 

Horário: 19h

Onde: Céu das Artes e Esporte Unificados (Av. V-005, s/nº, Cidade Vera Cruz – Aparecida de Goiânia)

Entrada gratuita

 

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