Brasil espera que EUA suspendam restrição ao aço e alumínio
Casa Branca anunciou que eximiu Brasil, Argentina e Austrália das tarifas sobre o aço e o alumínio, mas impôs cotas para restringir as importações
O governo brasileiro mantém a expectativa de que os Estados
Unidos não prossigam com a aplicação de restrições às importações de aço e
alumínio do Brasil. A afirmação foi feita em nota conjunta dos ministros da
Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge, e das Relações
Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, divulgada hoje (2), em Brasília.
“O governo brasileiro mantém a expectativa de que os EUA não
prossigam com a aplicação de restrições, preservando os fluxos atuais do
comércio bilateral nos setores de aço e alumínio. Em todo caso, seguirá
disposto a adotar, nos âmbitos bilateral e multilateral, todas as ações
necessárias para preservar seus direitos e interesses”, diz a nota.
Cotas
No último dia 30, a Casa Branca anunciou que eximiu Brasil,
Argentina e Austrália das tarifas sobre o aço e o alumínio, mas impôs cotas
para restringir as importações.
Segundo o governo americano, os pactos com esses três países
são “princípios de acordo” cujos detalhes serão divulgados em breve.
“Em todas estas negociações, o governo se centra em cotas que restrinjam
as importações, evitem o transbordamento e protejam a segurança nacional”,
ressaltou a Casa Branca, segundo a agência de notícias EFE.
O governo americano também decidiu adiar a taxação aos países
da União Europeia, ao México e ao Canadá. A decisão foi tomada às vésperas do
fim do prazo para negociações, que seria ontem (1º).
Quando o presidente dos EUA, Donald Trump, impôs no fim de
março as tarifas de 10% ao alumínio e de 25% ao aço, eximiu esses países do seu
pagamento até a meia-noite do dia 1º para dar uma maior margem à negociação de
acordos comerciais paralelos com alguns dos principais parceiros americanos.
Na lista inicial de países temporariamente isentos também
estava a Coreia do Sul, nação com a qual Washington já alcançou um acordo
definitivo para Seul evitar o pagamento das tarifas.
Indústrias
Segundo a nota dos ministros, o governo brasileiro
esclareceu, nas negociações com os Estados Unidos, que “os produtos do Brasil
não causam ameaça à segurança nacional” daquele país.
“Ao contrário, as indústrias de ambos os países são
integradas e se complementam. Cerca de 80% das exportações brasileiras de aço
são de produtos semiacabados, utilizados como insumo pela indústria siderúrgica
norte-americana”, acrescenta a nota.
“As empresas brasileiras vêm fazendo grandes investimentos
nos EUA e já são responsáveis por parcela relevante da produção e dos empregos
no setor siderúrgico americano. Ao mesmo tempo, o Brasil é o maior importador
de carvão siderúrgico dos Estados Unidos (cerca de US$ 1 bilhão em 2017),
principalmente destinado à produção brasileira de aço exportado àquele país”,
salienta a nota.
No caso do alumínio, diz a nota, as exportações brasileiras
são muito reduzidas. “E foi salientado que, nos últimos anos, os EUA vêm
obtendo superávit no comércio de alumínio com o Brasil. Além disso, recordou-se
que as indústrias nos dois países são complementares, uma vez que o Brasil
fornece matéria-prima para os EUA nesse setor”, destaca.
“Em termos gerais, argumentou-se que eventuais medidas
restringiriam as condições de acesso ao mercado dos Estados Unidos e causariam
prejuízos às exportações brasileiras de alumínio e aço, com impacto negativo
nos fluxos bilaterais de comércio, amplamente favoráveis aos Estados Unidos em
cerca de US$ 250 bilhões nos últimos dez anos”, afirmaram os ministros.
No entanto, acrescenta a nota, no dia 26 de abril, as
autoridades norte-americanas anunciaram a decisão de interromper o processo
negociador e de aplicar, imediatamente em relação ao Brasil, as sobretaxas que
estavam temporariamente suspensas ou, de forma alternativa e sem possibilidade
de negociação adicional, quotas restritivas unilaterais.
“Diante da decisão anunciada pelos EUA, os representantes do
setor de alumínio indicaram que a alternativa menos prejudicial a seus
interesses seria suportar as sobretaxas de 10% inicialmente previstas. Já os
representantes do setor do aço indicaram que a imposição de quotas seria menos
restritiva em relação à tarifa de 25%”, explicam os ministros Marcos Jorge e
Aloysio Nunes Ferreira.
Segundo eles, “quaisquer medidas restritivas que venham a ser
adotadas serão de responsabilidade exclusiva do governo” dos Estados Unidos.
“Não houve ou haverá participação do governo ou do setor produtivo brasileiro
no desenho e implementação de eventuais restrições às exportações brasileiras”,
salientam.
Fonte: Agência Brasil.