Presidente da Fieg concede entrevista ao Jornal O Hoje
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG), Pedro Alves, está convicto de que a solução de vários problemas do país passa pela geração de emprego
Quais são as demandas prioritárias e o que a Indústria espera que os pré-candidatos tratem nesta campanha? Quais são as demandas importantes para a FIEG no governo do Estado a partir do ano que vem?
A Indústria é a maior geradora de empregos no processo econômico e entendemos que as soluções de vários problemas do país passam pela geração de emprego. Então é preciso que o futuro governo tenha em mente que ele precisa criar um ambiente favorável para o desenvolvimento do setor produtivo de modo geral, para a indústria, o comércio e a atividade rural. Que ele entenda que estes nossos setores econômicos são fundamentais para a melhoria do estado e para a geração do emprego, porque quando você gera emprego, você gera melhoria de vida para as pessoas, gera consumo e gera os impostos que o governo gosta. O governo não pode pensar apenas em aumento de arrecadação sem focar na contenção de gastos. Governo tem de ter em mente o equilíbrio fiscal para que não sacrifique a população de modo geral, aplicando mais impostos. O ideal é que o governo gradativamente pudesse ir diminuindo a carga tributária sobre a população.
Qual foi o impacto na geração de empregos no Estado em função da reforma trabalhista? O senhor considera positivo?
Acho que foi um grande passo que o Brasil deu. Nós temos que louvar muito os deputados que aprovaram essa mudança. A CLT que nós tínhamos aí é uma lei de 1943, da época [do ex-presidente Getúlio] Vargas. Naquela época eram trabalhadores rurais, que não sabiam nem assinar. Hoje nossos trabalhadores são muito avançados, mais de 90% estão nas cidades e uma pequena parte está na zona rural e eles têm um conhecimento profundo de lei, dos direitos e de tudo mais. Esse ambiente no Brasil com a legislação anterior estava criando uma animosidade e inibindo investimentos estrangeiros e até dentro do Brasil. O empresário quer simplesmente uma tranquilidade maior para trabalhar, para gerar riqueza. Então a lei diz o seguinte: o acordado vai sobrepor ao legislado. Essas negociações tornam uma coisa mais amigável entre o trabalhador e o empresário. Acho que a lei foi um avanço muito grande. Acho que o Brasil vai avançar muito com esse novo modelo de legislação trabalhista.
O senhor falou em estímulo. O que seria esse estímulo do governo do Estado e o que os pré-candidatos devem tratar nessa campanha que vem pela frente? O que seria esse estímulo na prática?
O primeiro seria o governo entender a importância efetiva daqueles que põem o capital em risco gerando emprego. Esse estímulo é ter condição de diálogo com o setor produtivo. Você sabe que o Brasil passou por uma fase horrorosa na economia e o nosso estado sempre esteve acima da média nacional. Isso graças ao nosso estado que é riquíssimo e tem uma potencialidade muito grande. Mas se essa potencialidade não for bem observada e as diretrizes não forem bem direcionadas, uma coisa anula a outra.
Para comparação, o governo do Estado tem esse diálogo?
Tem. Isso é uma coisa que temos de reconhecer. O governo atual manteve ao longo do tempo um diálogo aberto com o setor produtivo. Isso aí foi muito importante porque não tinha questão de adulação de um lado e de outro não. Nós, do Fórum, quando precisávamos fazer as coisas com o governador Marconi, nós falávamos. Muitas vezes ele colocava uma lei na Assembleia inconsistente com o fomento do setor produtivo. E nós falávamos: essa lei não serve por causa disso, disso e disso. E várias vezes a lei foi retirada da Assembleia, voltou, refizemos. Esse é intercâmbio entre governo e a sociedade e que trouxe benefícios para o estado.
O que o setor produtivo de um modo geral espera da administração pública gerindo o dinheiro que vem dos impostos e também dos pré-candidatos, em relação aos incentivos fiscais e às contas públicas nas eleições deste ano?
Nós empresários, nas nossas empresas, fazemos previsão orçamentária, onde você vai gastar dentro do que se tem de receita. Administrar um estado, uma prefeitura e um país não são diferentes. Se você quer fazer investimento, tem de saber primeiro de onde vai sair o dinheiro, porque depois faz o compromisso e a receita não vem e vai querer aumentar impostos. Eu acho que isso inclusive, de aumentar impostos, deve ser deletado desse país. Acho até que uma lei que foi criada agora no governo federal, o teto de gastos, foi maravilhoso.
Para comparação, nesse tipo de demanda como o senhor avalia a gestão que foi feita até agora no Estado de Goiás depois deste período de crise profunda?
Acredito que os gastos que foram efetuados talvez a receita não tenha correspondido, porque alguns setores do governo do estado têm passado dificuldades até para investimentos. Mas uma coisa ele fez bem feito, que foi o pagamento em dia do funcionalismo público, porque isso influencia na economia de um modo geral. Nisso temos que dar mérito para o governo. Mas é preciso efetivamente que os futuros governos tenham esse equilíbrio. Nós não podemos mais conviver com os gastos superando as receitas do estado, não podemos mais conviver com aumento da carga tributária, a sociedade não suporta isso.
Em relação à greve dos caminhoneiros, que mexeu com a economia de todo o país, como o senhor considera a performance do governo de Goiás frente à esta paralisação?
Quero reconhecer que o governo do Estado teve uma ação positiva. Depois que foi feito o acordo, aconteceu um momento político. Depois disso o governo agiu energeticamente junto com a Polícia Militar e o Exército. Agora, a greve dos caminhoneiros deu um prejuízo enorme aos produtores rurais e vários empresários. A questão do transporte ainda não voltou ao normal, ainda está capengando. Mas os caminhoneiros deram o recado que os políticos não podem fazer o que querem. O ex-presidente da Petrobras colocou a empresa no eixo, mas errou na política diária de preços. O Brasil é autossuficiente na captação de petróleo, mas não tem o refino. Então não justifica a gente acompanhar a variação exterior de preços do petróleo. Até hoje a gente vê que a baixa ofertada pelo governo não chegou aos postos. Mas a greve foi válida para quem trabalha de verdade nesse país.
Como o senhor avalia os incentivos fiscais do governo? O que o setor pretende apresentar aos pré-candidatos?
Vamos voltar lá atrás, quando Juscelino colocou a capital na região central do Brasil ele quis mostrar que o país não é só o litoral. Porque foram criados os incentivos fiscais? Para atrair investimentos para regiões que precisam se desenvolver. Em Goiás, o estado se tornou industrializado, com indústrias fortes, por conta dos incentivos fiscais e eles precisam ser mantidos. No Norte, por exemplo, eles colocaram os incentivos na constituição estadual deles e aqui não temos isso, o que está errado. Precisamos mudar essa questão. O governo foi firme, nos ajudou no Congresso Nacional. Nossos senadores e deputados federais nos ajudaram a convalidar esses incentivos. Sem eles seria um caos para as empresas e para o governo. É uma forma de continuar levando desenvolvimento ao cidadão. Ele favorece a geração de empregos diretos ao cidadão.
Como avalia o governo federal após o impeachment da Dilma Rousseff, quando de certa forma a Federação das Indústrias de São Paulo apoiou o processo?
Logo que o [Michel] Temer assumiu ele começou a convocar as instituições para trocar ideia do que podia ser feito para retomar o crescimento. O Brasil chegou a 13 milhões de desempregados. Era necessário urgentemente cativar o setor produtivo e então ele fez reuniões com várias entidades e disse que tinha apenas dois anos de governo e que iria fazer o que os presidentes anteriores sabiam que precisava ser feito, mas não fizeram. As medidas que precisam ser tomadas são altamente impopulares. A reforma trabalhista, por exemplo, precisava ter sido feita para melhorar a relação dos trabalhadores com empresários. O presidente Temer disse que ia fazer a terceirização porque é uma ilusão enquanto o governo faz terceirização, mas a Lei está aí e não permite fazer isso. Os grandes países utilizam a terceirização, vai estimular a economia e o Temer disse que ia fazer. Também falamos do equilíbrio fiscal para que os governos tenham como parâmetro a inflação do ano anterior para não se gastar mais do que a receita. É um absurdo os governos gastarem e quando acaba o dinheiro, eles querem mais impostos. Para o setor produtivo, o que ouvimos do Temer foi um alívio, saímos entusiasmados da reunião. Eram medidas difíceis, mas entendíamos que precisava ser feito. Pena que depois surgiu as questões de corrupção. Mas, se não fosse isso, ele ficaria como o presidente que mudou a história do país. A economia melhorou. As mudanças que ele fez foi altamente benéfica para o país.
O governo tem de eleger prioridades, como a saúde, segurança e educação. Não vamos corrigir esse país sem investir em educação. Não adianta querer gastar um dinheiro que não se tem. Daqui um dia vem a inflação e desequilibra tudo. A corrupção leva muito dinheiro, então tira a corrupção para sobrar mais dinheiro. Eu sou contra diminuir dinheiro para saúde porque o povo sofre muito. A educação tem de avançar urgentemente. Na FIEG temos cinco instituições, entre elas o Sesi e o Senai. Quando assumi a administração da federação coloquei a educação como prioridade. O Sesi para poder oferecer saúde, lazer e escola para o filho dos trabalhadores. O Senai para promover capacitação para os trabalhadores. Temos um curso que junta o ensino médio ao ensino profissionalizante. Esses jovens, antes de terminar o curso, já estão contratados. Cerca de 80% deles, o restante se encaixa rapidamente. Nós desviamos esse jovem do caminho da criminalidade oferecendo oportunidade para eles.