México vai às urnas escolher novo presidente neste domingo
Além do presidente, os mexicanos renovarão o Congresso Nacional e escolherão governadores, prefeitos, deputados estaduais e vereadores
O México enfrenta dois dias decisivos, na política e no
futebol. Neste domingo (1º), cerca de 89 milhões de eleitores irão às urnas
para escolher o novo presidente, que nos próximos seis anos governará a segunda
maior economia latino-americana, depois da brasileira. Amanhã (2), a seleção
mexicana jogará contra o Brasil pelas oitavas de final da Copa do Mundo.
A Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) pediu aos 32
governos estaduais, inclusive o da capital, Cidade do México, medidas especiais
para proteger os jornalistas, que cobrirão a maior e mais violenta eleição da
histórica recente. Durante a campanha, 130 políticos foram mortos – muitos
deles candidatos aos 18 mil cargos em disputa. Os assassinatos são atribuídos
às gangues e aos cartéis do narcotráfico, que brigam por território e poder,
comprando alianças e matando os que se opõem.
Além do presidente, os mexicanos renovarão o Congresso
Nacional e escolherão governadores, prefeitos, deputados estaduais e
vereadores. Todas as pesquisas de opinião apontam para uma virada, num país
tradicionalmente governado por dois partidos: o Partido Revolucionário
Institucional (PRI), do atual presidente Enrique Peña Nieto, e o Partido de
Ação Nacional (PAN). Dos quatro candidatos à presidência, o favorito é o
esquerdista Andrés Manuel López Obrador, conhecido como AMLO, do Movimento
Regeneração Nacional (Morena).
Nem Maduro, nem Trump
Aos 64 anos, essa é a terceira vez que AMLO disputa a
presidência. Ele começou a carreira política no PRI, que elegeu todos os
presidentes mexicanos desde 1929, salvo dois: Vicente Fox (2000-2006) e Felipe
Calderón (2006-2012), ambos do PAN. Na década de 1980, López Obrador passou
para a oposição.
AMLO perdeu por menos de um por cento as eleições de 2006,
para Calderón, e não aceitou a derrota. Ele acusou o governo da época de fraude
e convocou uma multidão de simpatizantes à Praça Zócalo, na capital, onde
promoveu uma cerimônia de posse como legítimo presidente do México. Desta vez,
as chances de AMLO ser eleito são maiores: os eleitores estão cansados da
violência, que resultou em 30 mil homicídios em 2017, e dos escândalos de
corrupção do atual governo.
“Desde o começo do governo do [ex-presidente] Felipe
Calderón, em 2006, até agora, 230 mil pessoas foram assassinadas. Segundo as
estatísticas oficiais, mais de 36 mil estão desaparecidas”, disse AMLO, no
encerramento da campanha, que reuniu milhares de pessoas, muitas delas jovens.
“Um milhão de famílias mexicanas são vítimas da violência.”
Na campanha, AMLO propôs anistiar narcotraficantes, já que a
guerra contra eles não deu resultados, e combater a corrupção, que ele
considera ser a origem de todos os males. Com o dinheiro recuperado da “elite
corrupta”, ele diz que vai financiar programas sociais, dobrar aposentadorias e
subsidiar a educação, sem aumentar impostos.
Seus principais rivais – Ricardo Anaya (PAN) e Jose Antonio
Meade (PRI) – tentaram arrebatar votos de López Obrador. Eles argumentam que as
promessas do candidato favorito são inviáveis e que, com Obrador, o México
escolherá um caminho incerto – entre o populismo de esquerda e de direita.
AMLO formou uma coalização para disputar a eleição, que
inclui um partido evangélico. Ele respondeu que admira Jesus Cristo “porque ele
lutou pelos pobres”. E garante que não será nem “Nicolas Maduro [presidente da
Venezuela] nem Donald Trump [presidente dos Estados Unidos]”.
(Agência Brasil)