Estudo revela que mulheres não são mais versáteis que homens, apesar de trabalharem mais
Os especialistas acreditam que diferença entre gêneros não influencia na realização de multitarefas
Ingryd Bastos
A realização de diversas tarefas ao mesmo tempo, nominado de “multitasking” é culturalmente relacionado à figura feminina. Uma mulher que tem filhos, por exemplo, precisa conciliar tempo entre trabalho, escola, alimentação e saúde do filho, eventos sociais, estudos, tarefas domésticas e compromissos. Tal correria do dia a dia se faz acreditar que as mulheres dominam a arte das multitarefas, mas estudiosos discordam.
Uma pesquisa que testou a versatilidade das mulheres, publicada essa semana pelo Plos One constatou que o cérebro das mulheres não são mais eficiente em comparação com os homens, na realização de várias tarefas ao mesmo tempo.
Para os estudiosos, o resultado da pesquisa é importante para evitar que as mulheres sejam bombardeadas com tarefas domésticas, família e trabalho por causa da crença de que elas consigam fazer tudo ao mesmo tempo com facilidade.
No entanto, a pesquisa alerta que ninguém é bom em multitasking, o ato de executar várias tarefas ao mesmo tempo, o que acontece é que o cérebro requer atenção rápida, que frequentemente trocada, para cada ação distinta aumenta a demanda cognitiva, diferente do que acontece quando a pessoa está fazendo uma tarefa única.
Outra explicação dos cientistas é que o ser humano tem a capacidade de alternar com facilidade entre atividades, o que traz a crença de que é possível fazer várias coisas ao mesmo tempo, enquanto na verdade, o cérebro trabalha individualmente em cada ação.
O que acontece é que tarefas semelhantes competem com o mesmo espaço do cérebro para ser desenvolvido, mas os especialistas alertam que isso não é saudável, além de ser um hábito muito difícil e cansativo.
Foram estudados 48 homens e 48 mulheres alemães, entre os experimentos estavam a execução de multitarefas simultâneas, que é quando os participantes precisavam prestar atenção em duas tarefas de uma só vez e os chamados multitarefas seqüenciais, é quando os voluntários precisavam alternar a atenção entre as atividades.
Consequências
Pesquisadores alertam que o mito de que mulheres são mais versáteis que homens pode gerar diversas conseqüências, entre elas, a saúde mental, psicológica e física da mulher que se desdobra para conseguir dar conta das tarefas que são dadas a elas por acreditarem no mito de que conseguem fazer mais, ao mesmo tempo.
A pesquisa constatou que muitas mulheres se sentem pressionadas ou pressionadas pelo tempo, principalmente quando não conseguem gerenciar as atividades durante o dia, causando assim deterioração mental.
Outro dado é de que as mulheres são mais propensas a largarem o emprego formal para cuidar dos filhos, do que os homens, por causa da intensificação das tarefas diárias destinadas a elas.
A professora de sociologia da Universidade de Melbourne, na Austrália, Lean Ruppanner afirma que o mito deve ser desconfigurado no meio familiar e profissional, pois a crença sobrecarrega a mulher.
“A opinião pública persiste que as mulheres têm uma vantagem biológica sendo super eficientes. Mas, como mostra esse estudo, tal mito não é apoiado por evidências. Desbancar os mitos que esperam que as mulheres sejam super-heroínas é uma coisa boa, mas precisamos ir além e criar ambientes políticos onde a igualdade de gênero possa prosperar”, finaliza Ruppanner.