Exportações do agronegócio avançam 24% em abril, sob liderança da soja
Avanço, liderado amplamente pelos embarques de soja em grão destinados principalmente para o mercado chinês, foi mais vigoroso nos volumes despachados para o mercado externo| Foto: Divulgação
Os
dados ainda preliminares indicam que as exportações do agronegócio cresceram
fortemente ao longo do mês passado, em meio à pandemia e a despeito do recuo
observado para os preços das principais commodities no mercado internacional. O
avanço, liderado amplamente pelos embarques de soja em grão destinados
principalmente para o mercado chinês, foi mais vigoroso nos volumes despachados
para o mercado externo, o que ajudou a elevar as receitas do setor na área
externa. Segundo números do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e
Serviços (Mdic), o agronegócio exportou algo próximo a US$ 10,01 bilhões em
abril deste ano, o que se compara com aproximadamente US$ 8,10 bilhões no mesmo
mês de 2019, indicando elevação em torno de 24%.
No
geral, incluindo todos os setores da economia, as vendas externas brasileiras
recuaram em torno de 5,0% no mês, baixando de US$ 19,282 bilhões em abril do
ano passado para US$ 18,312 bilhões. Fora do agronegócio, o tombo foi bem mais
severo, aproximando-se de 26,0%, com as exportações recuando de US$ 11,19
bilhões para US$ 8,25 bilhões. Em larga medida, o bom comportamento das
exportações do agronegócio esteve associado, em abril, ao desempenho recorde
das vendas de soja em grão, que saltaram 73,4% em volume, atingindo 16,308
milhões frente a 9,404 milhões de toneladas no quarto mês de 2019.
Os
preços médios do grão exportado pelo Brasil sofreram queda de 4,72% ainda na
comparação com abril do ano passado – baixa amplamente compensada pelos volumes
históricos exportados. Como resultado, as exportações saltaram de US$ 3,304
bilhões para pouco menos de US$ 5,460 bilhões, crescendo 65,2%. Sem a soja em
grão, o agronegócio teria exportado 3,8% a menos em abril deste ano, algo em
torno de US$ 4,60 bilhões frente a US$ 4,78 bilhões em abril de 2019.
Volume em alta
Considerando
o total exportado pelo setor, o aumento das receitas foi assegurado pelo
incremento de 45,0% nos volumes despachados para o mercado internacional, que
saíram de quase 15,8 milhões para 22,9 milhões de toneladas (ou seja,
praticamente 7,1 milhões de toneladas a mais, das quais 6,52 milhões de
toneladas foram asseguradas pelos embarques de soja). Até aqui, o milho tem
sido o destaque mais negativo, refletindo mais do que a menor oferta relativa
durante a entressafra do grão. As exportações ficaram limitadas a apenas 6,696
mil toneladas em abril deste ano, numa retração de 98,1% frente a 349,38 mil
toneladas no mesmo mês do ano passado. Parte da explicação parece estar numa
redução da demanda global, sob influência da pandemia causada pelo novo
coronavírus. Na estimativa do Itaú BBA, com dados da Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab), as exportações deverão baixar de 41,0 milhões para 34,0
milhões entre as safras 2018/19 e 2019/20, numa queda de 17,0%.
Balanço
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Divulgados
na quarta-feira, 6, os números mais recentes da Associação Brasileira da
Indústria de Óleos Vegetais (Abiove) projetavam recuo de 1,08% nas exportações
de soja em grão, saindo de US$ 26,087 bilhões em 2019 para US$ 25,795 bilhões
neste ano, com redução de 4,83% nos preços médios de venda. Em volume, no
entanto, a associação espera um incremento muito próximo de 4,0%, com os
embarques passando de 74,073 milhões para 77,0 milhões de toneladas.
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Os
números de abril deverão levar a uma revisão desses números mais à frente,
diante dos volumes já registrados até abril, muito próximos de 34,2 milhões de
toneladas (ou seja, pouco mais de 44,0% de todo o volume projetado pela Abiove
para todo o ano).
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Como
a produção deverá ser recorde, no Brasil, aproximando-se de 122,0 milhões de
toneladas, haverá espaço para novos avanços nas exportações, mantidas as
condições observadas atualmente no mercado internacional e especialmente na
China, que tem mantido seu apetite pela soja brasileira.
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A
confirmação desse cenário estará, no entanto, condicionada
à evolução (ou involução) das relações entre os chineses e a gestão Donald
Trump, às turbulências geradas pelo governo brasileiro e ao comportamento da
demanda global, sujeita a forte encolhimento por conta da pandemia.
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As
incertezas que cercam o mercado mundial, observa o Itaú BBA, deverão limitar o
espaço na Bolsa de Chicago para “altas significativas” da soja em grão, que
fecharam abril em queda de 4,37%, com média de US$ 8,74 por bushel. “Apesar das recentes notícias de aumento das vendas
norte-americanas para a China, os temores em relação aos efeitos da pandemia sobre a economia
global – e o consequente movimento de aversão ao risco – atrelado à perspectiva de aumento de área plantada nos Estados Unidos diante do aumento da atratividade vis-à-visomilhoepreocupaçõesdademandaporfarelodesojalocalacabarampressionandoascotaçõesemChicago”,
observa relatório mensal do banco sobre o setor.
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Aqui
dentro, aponta ainda a instituição, “as cotações tendem a seguir se
beneficiando de um real mais fraco (frente ao dólar)”. O relatório ressalta que
não se pode desconsiderar “os reflexos negativos que a recessão econômica já
está exercendo sobre a taxa de crescimento da demanda interna por óleo e farelo
de soja”, influenciada “pelo consumo de alimentos fora de casa”.