Produção industrial volta a crescer em Goiás
Produção da indústria goiana está apenas 2% abaixo do seu melhor momento – Foto: Reprodução
Lauro Veiga
A
produção industrial em Goiás voltou a crescer em agosto, depois de ter
apresentado recuo de 0,7% entre junho e julho deste ano, e aproximou-se mais um
pouco do seu melhor momento, registrado em julho de 2016, segundo a pesquisa da
produção industrial regional divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Na média, a produção ainda estava 2,0% menor do
que naquele período. A proximidade relativa do pico de alta explica-se, entre
outros fatores, porque a produção no Estado passou a anotar tardiamenteos
efeitos mais severos da recessão de 2015/2016, quando comparado ao restante da
indústria no País, num reflexo da própria composição da produção goiana, mais
concentrada em produtos de base agropecuária e bens de consumo imediato. Para
comparação, no caso brasileiro, o pico ocorreu em maio de 2011 e, em agosto
deste ano, a produção ainda se encontrava 18,4% mais baixa.
Na
evolução mensal, tomando o mês imediatamente anterior, o avanço de 1,2% anotado
pelo setor em Goiás foi mais modesto do que a elevação de 3,2% observada para o
conjunto da produção industrial no País. Mas, numa tendência diversa à
desaceleração registrada na média brasileira, a indústria goiana apresentou em
agosto números melhores do que em julho, enquanto praticamente manteve o ritmo
de elevação na comparação com iguais períodos de 2019. Em outra diferença em
relação à média brasileira, a produção industrial goiana em agosto passou a
superar os níveis de fevereiro, antes da pandemia, em 3,9% (no restante do
País, ainda subsistia uma diferença negativa de 2,6%). Comparando com agosto do
ano passado, a produção avançou 3,1% em Goiás e caiu 2,7% no País como um todo.
A
boa notícia, evidentemente, é que a indústria retomou níveis anteriores ao pior
momento da crise sanitária e acumulou avanço de 1,8% nos primeiros oito meses
deste ano, diante de igual período em 2019. Essa aparente “volta à normalidade”,
no entanto, deve ser avaliada com certa cautela, já que o desempenho anterior
não chegava a ser exatamente primoroso. Comparada aos mesmos meses do ano
imediatamente anterior, a produção em Goiás vinha anotando baixas mensais desde
dezembro de 2019, num ciclo revertido apenas em maio deste ano.
Base reduzida
Assim,
a recuperação esboçada agora ocorre sobre bases reduzidas e sua consolidação
dependerá, muito obviamente, da capacidade de manter taxas mais positivas ao
longo dos meses finais deste ano. Nos 12 meses encerados em agosto, a produção
no Estado avançou 2,8% (taxa que se compara com a queda de 5,7% acumulada pela
produção industrial em todo o País). Não por coincidência, a produção havia
crescido os mesmos 2,8% nos 12 meses de 2019, repondo apenas parcialmente a
perda de 4,7% registrada em 2018. Conforme o indicador mensal da produção,
ajustado pelo IBGE para corrigir impactos sazonais, que ocorrem em períodos
determinados do ano, entre outubro do ano passado e março deste ano
registrou-se baixa de 7,4% e a reação verificada a partir de abril (neste caso,
em relação ao mês imediatamente anterior) reduziu a perda para algo próximo a
1,3%.
Balanço
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O
crescimento da produção goiana ficou amplamente concentrado nas indústrias de
alimentos, com destaque para o açúcar, de biocombustíveis, puxada pelo
biodiesel e álcool etílico (especialmente aquele destinado à higienização por
conta da pandemia), e de medicamentos.
·
Na
comparação com agosto do ano passado, alimentos e biocombustíveis responderam
por mais de 95% do avanço registrado neste ano. A participação dos dois
segmentos foi ainda relevante no acumulado entre janeiro e agosto. Tanto que,
excluídos aqueles setores, as demais indústrias encolheram 0,61%.
·
Deve-se
ressalvar, no caso, que o recuo esteve relacionado em grande parte ao tombo de
39,2% acumulado pela produção de veículos até agosto deste ano. Houve
crescimento de 7,4% para a indústria de medicamentos no Estado e de 3,6% para a
metalurgia, mas ainda sofriam perdas relativas os setores de minerais não
metálicos (-0,5%), o setor extrativo (-0,3%) e a fabricação
de produtos de metal (-10,1%), sempre na comparação com os oito meses iniciais
de 2019.
·
A
indústria de transformação, por sua vez, vem registrando desaceleração no ritmo
mensal de crescimento, saindo de alta de 6,6% em junho para uma variação de 4,0%
em agosto, agora na comparação com iguais meses do ano passado.
·
Essa
perda de fôlego está relacionada à menor intensidade de crescimento da
indústria de alimentos, que chegou a crescer 10,5% em junho e avançou 4,1% em
agosto, assim como na produção da indústria farmoquímica e farmacêutica. Neste
caso, a produção havia saltado 26,0% e 35,4% em junho e julho, mas variou
apenas 3,0% em agosto, ainda considerando iguais intervalos de 2019.
·
A
produção de veículos havia desabado 49,4% em junho, reduziu a velocidade das
perdas para 6,2% em julho e voltou a mergulhar em queda de 19,6% em agosto,
retirando praticamente 1,40 pontos de porcentagem do crescimento total da
indústria goiana no período. Vale dizer, excluídas as maquiladoras de veículos
em operação no Estado, o restante da indústria avançou 3,20% (dos quais 75,3%
assegurados pela produção de alimentos e de biocombustíveis).
·
As
estatísticas da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP) mostram um desempenho muitas vezes mais vigoroso da produção de biodiesel
em Goiás neste ano, comparado ao etanol (anidro e hidratado). Entre agosto
deste ano e o mesmo mês de 2019, a produção de biodiesel cresceu 11,2% em todo
o Estado, para 83,797 milhões de litros, um recorde para o mês.
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No
acumulado de janeiro a agosto, com produção de 590,515 milhões de litros, o
avanço foi de 9,9%. Na mesma comparação, a produção de etano praticamente não
saiu do lugar, variando 0,4% (para 3,467 bilhões de litros).