Denúncias de violência contra as mulheres crescem mais de 40% durante a quarentena
Devido a dificuldade de a vítima efetuar a denúncia, vários códigos secretos foram instituídos. – Foto: Reprodução/ Internet
Ana
Julia Borba
Com a chegada do novo Coronavírus no mundo, decretos de
isolamento social para a diminuição da propagação do vírus se tornou a melhor
alternativa. Porém, com mais mulheres e homens dentro de casa, o número de
agressões cresceu significativamente e se tornou assustador.
Em comparação do mês abril de 2019 para o de 2020, o número
de denúncias contra as mulheres no disque 180, aumentou 40%. Apesar do número, o
aumento das denúncias escapa das estatísticas dos órgãos públicos, visto que
com o afastamento das vítimas de suas famílias, a mesma se torna refém de seu
agressor.
“A
queda que houve nos boletins de ocorrência e processos no período de pandemia
não corresponde à realidade das agressões”, alerta a promotora Valéria
Scarance, coordenadora do Núcleo de Gênero do Ministério Público do Estado de
São Paulo.
O
aumento das denúncias não ocorre só no Brasil, mas no mundo todo também, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) tem recomendado medidas protetivas, com investimentos em
denúncias online, serviços de emergência em farmácias, restaurantes,
supermercados e afins.
Códigos secretos
Devido
à dificuldade da vítima em denunciar, vários códigos secretos estão sendo
realizados para que essa denúncia ocorra de forma silenciosa. “Sinal vermelho
na mão”, a vítima pode fazer um desenho de um “X” na palma de sua mão feito com
um batom vermelho e apresentar na farmácia ou por meio virtual.
Empresas
também criaram formato para que as vítimas possam fazer denúncias através de
canais de comunicação da empresa. A empresa varejista Magazine Luiza
desenvolveu um post no Instagram, no qual atrai a mulher para esconder “manchas
e marquinhas (de violência) ”, mas direciona a vítima a um botão para realizar
a denúncia.
“A vantagem é que a
mulher pode disfarçar que está fazendo compras, aperta o botão e a gente fica
sabendo”, diz Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do
Magazine Luiza e também do Mulheres do Brasil, grupo apartidário com 40 mil
integrantes.