Lucro da Celg GT registra alta de quase 17,6% até setembro
Mesmo durante crise provocada pela pandemia da Covid-19, lucro da estatal cresceu – Foto: Reprodução
Lauro Veiga Filho
Na
fila para privatização, a Celg Geração e Transmissão (Celg GT) tem demonstrado
resiliência em meio à crise produzida pela Covid-19, ainda que a receita
líquida tenha apresentado resultados oscilantes nos três primeiros trimestres
deste ano. Sem considerar os efeitos da reavaliação de imóveis transferidos
para a companhia pela antiga Celg Distribuição,ao longo do processo de
separação entre as duas empresas, o resultado líquido acumulado entre janeiro e
setembro deste ano avançou 17,55% em relação aos primeiros nove meses de 2019,
subindo de R$ 43,147 milhões para R$ 50,712 milhões.
Presidente
da Celg GT, Lener Jayme atribuiu o lucro do período a “uma gestão austera”,
refletida na virtual estabilização dos custos operacionais, mantidos ao redor
de R$ 24,523 milhões nos nove meses iniciais deste ano, praticamente repetindo
os números de 2019 (algo em torno de R$ 24,610 milhões). Em boa medida, a
estagnação nesta área deveu-se a uma redução de 6,58% nos gastos com pessoal,
que baixaram de R$ 35,545 milhões para R$ 33,694 milhões. Jayme destaca ainda a
redução de 12,0% nos gastos diversos, em linha com a política de racionalização
adotada desde o ano passado.“Sem abrir mão dos investimentos do processo de
modernização em andamento, a empresa buscou igualmente realizar cortes e
otimizar gastos em áreas antes deficitárias”, observou Jayme, conforme nota
distribuída pela assessoria de comunicação da operadora.
Incluindo
os impactos do ajuste do valor dos imóveis não relacionados à concessão e
recebidos da Celg D, o lucro final da geradora atingiu valores mais
substanciais, embora grande parte desse resultado seja meramente contábil.
Conforme Jayme, o ajuste ao valor justo dos imóveis “é um fato, mas também
corresponde a uma atividade de gestão que, se não executada, pode
posteriormente penalizar financeiramente a empresa em eventuais avaliações e
vendas”.
Efeito
contábil
Tudo
considerado, a última linha da conta de resultados informa um salto de 84,85%
no lucro, saindo de R$ 44,726 milhões nos primeiros nove meses de 2019 para R$
82,677 milhões. Isoladamente, no terceiro trimestre deste ano, o resultado da
companhia atingiu R$ 29,648 milhões, crescendo praticamente 50% em relação ao
lucro de R$ 19,778 milhões realizado em igual período de 2019. Jayme acredita
que será possível ampliar o resultado líquido neste ano em mais de 35,0% na
comparação com 2019, quando a Celg GT havia anotado um lucro de R$ 71,097
milhões. Isso colocaria o lucro final neste ano em alguma coisa próxima a R$
96,0 milhões. Em abril deste ano, por decisão da acionista única (CelgPar), a
Celg GT decidiu distribuir todo o resultado obtido em 2019, numa estratégia que
poderá afetar sua capacidade de investimento mais à frente.
Balanço
·
A
geração de caixa medida pelo resultado antes de impostos, juros, amortizações e
depreciação, mais conhecido pela sigla Ebitda, no inglês (ou Lajida, na
tradução para o bom e velho português), saiu de R$ 58,436 milhões em 2019 para
R$ 62,895 milhões até setembro deste ano, mostrando uma evolução de 7,63%.
Comparado ao dado de 2018, quando o Lajida havia alcançado R$ 50,066 milhões, o
resultado registrou elevação de 25,62%.
·
A
margem líquida do Ebitda avançou de 27,5% em 2018 para 31,3% no ano seguinte,
alcançando neste ano 32,6%. Isso deixa a companhia em situação relativamente
confortável, num momento de incertezas e turbulências associadas à pandemia e
às possibilidades de retomada do crescimento da atividade econômica.
·
A
Celg GT apresenta endividamento baixo e um resultado financeiro líquido
bastante reduzido diante da dimensão de suas operações e da própria geração de
caixa. O saldo de empréstimos e financiamentos alocados nos passivos circulante
e não circulante anotou recuo de 2,63% neste ano, ao alcançar R$ 109,487
milhões em setembro, diante de R$ 112,442 milhões em dezembro de 2019.
·
A
queda foi mais expressiva no saldo dos empréstimos contratados a curto prazo,
com vencimento em 12 meses, que sofreu corte de 8,89%, de R$ 12,342 milhões em
dezembro passado para R$ 11,245 milhões em setembro deste ano, representando
apenas 10,27% do estoque total.
·
Entre
janeiro e setembro, as receitas financeiras caíram em pouco mais de um quarto,
saindo de R$ 5,739 milhões nos mesmos nove meses de 2019 para R$ 4,281 milhões.
As despesas financeiras foram igualmente reduzidas, embora o corte tenha sido
de 13,07% (de R$ 4,989 milhões para R$ 4,337 milhões). O resultado líquido da
conta financeira, que havia sido positivo em R$ 450,0 mil no ano passado, até
setembro, ficou desta vez negativo em R$ 56,0 mil (ou seja, apenas como
exercício, uma fração de 0,09% do Ebtida).
·
A
receita operacional líquida da Celg GT apresentou variação de apenas 3,21% no
acumulado entre janeiro e setembro deste ano frente ao mesmo intervalo de 2019,
passando de R$ 153,390 milhões para R$ 158,309 milhões. No terceiro trimestre,
no entanto, as receitas desabaram 24,7%, encolhendo de R$ 63,709 milhões em
2019 para R$ 47,952 milhões neste ano.
·
O
lucro bruto do trimestre, no entanto, avançou 8,82%, variando de R$ 30,055
milhões para R$ 30,904 milhões, o que se explica em função de um corte de
49,34% nos custos operacionais e de construção associados ao serviço. Em
conjunto, esses custos despencaram de R$ 33,654 milhões para R$ 17,048 milhões,
em função de uma queda de 63,66% nos custos de construção (de R$ 25,402 milhões
para R$ 9,231 milhões).