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sábado, 23 de novembro de 2024
Econômica

“Economia” com juros abre espaço para salto no investimento em Goiás

Mesmo com taxa de crescimento tendo se mostrado vigorosa, recuperação não foi suficiente para assegurar investimentos – Foto: Reprodução

Postado em 2 de dezembro de 2020 por Sheyla Sousa
Superávit primário do Estado cresce 25
Confira a coluna Econômica

Lauro Veiga 

Nem
mesmo o tropeço sofrido pelas receitas primárias do Estado no quinto bimestre
deste ano impediu que o investimento do setor público estadual experimentasse
um salto no período, consolidando a tendência de crescimento registrada ao
longo do ano. Ainda que as taxas de crescimento tenham se mostrado vigorosas e
em aceleração no período mais recente, a recuperação ainda não foi suficiente
para assegurar maior relevância para o investimento, que passou a corresponder
a apenas 2,32% da receita corrente líquida acumulada entre janeiro e outubro
deste ano.

Em
2019, no mesmo período, a participação do investimento havia sido de apenas
1,44%, deixando claro, portanto, que a reação ocorre sobre uma base muito
modesta. Nos primeiros 10 meses deste ano, os investimentos pagos pelo Estado
somaram R$ 495,770 milhões, diante de R$ 283,889 milhões em igual intervalo do
ano passado, num aumento de 74,64%. A conta nitidamente ganhou novo impulso no
bimestre setembro-outubro, já que o crescimento acumulado até agosto, embora
expressivo, havia sido mais tímido, com elevação de 42,4%.

De
fato, os investimentos desembolsados pelo Estado, incluindo o acerto de restos
a pagar processados e não processados, experimentaram um salto de 234,9% no
quinto bimestre, saindo de R$ 47,552 milhões para R$ 159,243 milhões e de 1,13%
para 3,35% em relação àreceita corrente líquida acumulada nos mesmos bimestres
de 2019 e 2020, pela ordem. O espaço para novos investimentos parece vir
principalmente da decisão liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), que
suspendeu temporariamente o pagamento de juros e amortizações ao governo
federal. Entre janeiro e outubro, as despesas pagas com juros murcharam quase
93,9%, encolhendo de R$ 642,671 milhões no ano passado para RS$ 39,462 milhões
neste ano, ou seja, R$ 603,209 milhões a menos. As amortizações efetivamente
pagas foram reduzidas a um décimo na mesma comparação, desabando de R$ 479,280
milhões para R$ 47,203 milhões (R$ 432,077 milhões a menos). Na soma das duas
contas, o Estado deixou de gastar pouco mais de R$ 1,035 bilhão, o que
correspondeu a aproximadamente 4,84% da receita corrente líquida realizada
entre janeiro e outubro deste ano.

Superávit
em queda

No
bimestre setembro-outubro, nem mesmo a injeção extraordinária de recursos
federais, como compensação pelo impacto da Covid-19 sobre a economia e a
arrecadação de impostos, impediu a forte queda no superávit primário (receitas
menos despesas, excluídos gastos com juros e encargos financeiros sobre a
dívida pública). O motivo, no caso, foi uma retração vertical nas receitas
primárias de capital, o que acabou comprometendo o fluxo de caixa no período.
As receitas primárias totais caíram 20,1% em relação ao quinto bimestre de
2019, retrocedendo de R$ 6,262 bilhões para R$ 5,004 bilhões. As despesas
pagas, incluindo restos a pagar processados e não processados, recuaram 5,06%
no período, de R$ 4,394 bilhões para R$ 4,172 bilhões. O superávit foi reduzido
a menos da metade, saindo de R$ 1,868 bilhão para R$ 831,899 milhões (queda de
55,47%). As receitas correntes tiveram desempenho positivo, crescendo 14,68%
entre os dois bimestres analisados (de R$ 4,353 bilhões para R$ 4,992 bilhões),
por conta do salto de 72,4% nas transferências da União (de R$ 797,231 milhões
para R$ 1,375 bilhão). Mas as receitas primárias de capital desabaram de R$
1,909 bilhão para apenas R$ 11,611 milhões (-99,39%).

Balanço

·  
A
queda no valor da despesa paga entre setembro e outubro deste ano, comparada a
idêntico bimestre de 2019, deveu-se a um corte de 21,0% nos gastos com pessoal,
que baixaram de R$ 3,465 bilhões no ano passado para R$ 2,737 bilhões neste ano
(R$ 728,214 milhões a menos). O arrocho atingiu também as demais despesas
correntes do Estado, em baixa de 13,1% naquela mesma comparação, passando de R$
1,467 bilhão para R$ 1,275 bilhão (quer dizer, R$ 192,087 milhões a menos).

·  
Mesmo
como cortes, o resultado primário no bimestre alcançou R$ 831,899 milhões,
sofrendo queda de 55,47% frente ao superávit de R$ 1,868 bilhão realizado pelo
Estado entre setembro e outubro do ano passado.

·  
O
socorro da União continuou desempenhando papel central no avanço das receitas
estaduais neste ano. Descontadas as transferências de recursos federais, as
demais receitas correntes experimentaram variação de apenas 1,73% entre o
quinto bimestre de 2020 e igual período de 2019, avançando de R$ 3,556 bilhões
para R$ 3,617 bilhões.

·  
Os
dados acumulados nos 10 meses iniciais de cada exercício reforçam a importância
do socorro federal para o bom desempenho da gestão fiscal neste ano. As
receitas primárias correntes, na soma total, avançaram 8,80% em 2020, frente
aos mesmos 10 meses do ano passado, evoluindo de R$ 20,588 bilhões para R$
22,399 bilhões. Descontadas as transferências da União, a variação fica
limitada a 0,72% (de R$ 16,454 bilhões para R$ 16,573 bilhões).

·  
O
tombo de quase R$ 2,0 bilhões nas receitas de capital foi responsável pelo
recuo de 0,43% nas receitas primárias totais no dado acumulado entre janeiro e
outubro. Mais precisamente, as receitas de capital saíram de R$ 2,010 bilhões
para menos de R$ 101,0 milhões, numa perda de R$ 1,909 bilhão (-94,98%). O
impacto sobre as receitas totais, que recuaram de R$ 22,598 bilhões para R$
22,500 bilhões, foi amortecido mais uma vez pelas transferências federais, que
acumulavam salto de 40,96% até outubro (de R$ 4,133 bilhões para R$ 5,826
bilhões, quer dizer, R$ 1,693 bilhão a mais).

·  
As
despesas primárias totais consumiram R$ 19,863 bilhões entre janeiro e outubro
deste ano, avançando apenas 2,52% em relação a igual intervalo de 2019 (R$
19,376 bilhões). O avanço do investimento respondeu por 43,5% do incremento no
lado das despesas (R$ 211,881 milhões investidos a mais para um gasto adicional
de R$ 487,055 milhões).

·  
Os
gastos com a folha praticamente não se moveram, numa variação negativa de
0,32%. Saíram de R$ 13,551 bilhões nos 10 primeiros meses de 2019 para R$
13,508 bilhões. As demais despesas correntes, mesmo com a redução observada no
quinto bimestre, acumularam elevação de 6,48% (de quase R$ 5,50 bilhões para R$
5,856 bilhões).

·  
O
tombo nas receitas de capital fez com que o superávit primário acumulado no ano
pelo Estado registrasse baixa de R$ 584,467 milhões, saindo de R$ 3,221 bilhões
em 2019 para R$ 2,637 bilhões até outubro deste ano (-18,14%).

 

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