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sábado, 23 de novembro de 2024
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Economia

Indústria goiana anota em outubro seu pior resultado em dois anos

Desempenho foi inferior à média de todo o setor no País, que chegou a protagonizar um modestíssimo avanço de 0,3% | Foto: Reprodução

Postado em 10 de dezembro de 2020 por Sheyla Sousa
Indústria goiana registra o pior fevereiro dos últimos oito anos
Confira a coluna Econômica

Lauro Veiga 

Depois
de cinco meses de crescimento, a indústria goiana pisou fortemente no freio e
registrou, em outubro passado, seu pior desempenho mensal desde novembro de
2018, quando a produção havia desabado 14,8% em relação ao mesmo mês de 2017. Comparada
a outubro do ano passado, a produção encolheu 9,6% neste ano, devolvendo todo o
ganho anterior, com troco. Goiás registrou o segundo pior resultado entre os
Estados acompanhados pela pesquisa mensal da produção industrial regional do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e teve desempenho
inferior à média de todo o setor no País, que chegou a protagonizar um
modestíssimo avanço de 0,3% também em relação ao décimo mês do ano passado.

Para
comparação, em setembro, o nível da atividade na indústria goiana havia já
superado em 4,5% a produção registrada em fevereiro, antes da pandemia, e
praticamente empatava com o melhor momento do setor. Em outubro, o volume
produzido voltou a apresentar queda em relação a fevereiro deste ano, num recuo
de 1,1%, com perda de 8,4% frente ao pico da produção industrial. Na média do
trimestre finalizado em outubro, comparado com igual período encerrado em
setembro (o que os estatísticos e economistas chamam de “média móvel
trimestral), a mesma pesquisa apontou redução de 1,0%. Em todo o País, pelo
mesmo critério, a indústria avançou 2,4%.

Na
comparação com o mês imediatamente anterior, a produção sofreu o segundo
resultado mensal negativo, caindo 3,2% frente a setembro, quando havia recuado
0,1%. Os números sugerem um novo momento para a indústria no Estado, enquanto a
atividade industrial no restante do País derrapa e passa a enfrentar um
desaquecimento. Aparentemente, depois de recuar nos primeiros meses deste ano,
numa tendência na verdade iniciada ainda antes da pandemia, a indústria religou
parte das máquinas que haviam sido desativadas nos meses anteriores, o que
assegurou taxas mais positivas nos últimos meses.

O
muro da demanda enfraquecida

A
produção agora parece esbarrar na realidade da demanda, ainda bastante
enfraquecida e pressionada (para baixo) pela redução do auxílio emergencial,
que vinha dando alguma sustentação ao consumo até por volta de agosto, quando
as famílias atendidas pelo programa ainda recebiam o valor integral do socorro
aprovado pelo Congresso. Um segundo fator pode ter operado para conter a
produção em outubro, especialmente na indústria de produtos farmoquímicos e
farmacêuticos – o setor mais afetado pela retração observada em outubro, com
tombo de nada menos do que 44,5% em relação ao mesmo mês do ano passado. A
quebra na cadeia internacional de suprimentos de insumos e matérias-primas para
o setor, altamente dependente de importações, pode ter influenciado na
paralisação de parte do parque industrial instalado no Estado, numa hipótese
que ainda deverá ser testada pelos dados da realidade.

Balanço

·  
O
dado concreto é que a indústria de medicamentos respondeu por 37,8% da queda
observada para a produção de todo o setor em Goiás ao longo de outubro. A
segunda maior contribuição negativa veio da indústria de biocombustíveis
(etanol e biodiesel), com a redução de 15,0% frente a outubro de 2019.
Ponderada pela participação do setor em toda a indústria, a queda na produção
de álcool etílico e biodiesel explicou 36,0% do tombo realizado pela indústria
em geral.

·  
Embora
a indústria de extração mineral tenha sofrido retração proporcionalmente mais
intensa, com baixa de 27,5% na comparação com outubro do ano passado, a
contribuição do setor para o resultado geral aproximou-se de 11,5%.

·  
Somados,
portanto, os três segmentos foram responsáveis por pouco mais de 85,3% da
redução de 9,6% na produção da indústria como um todo.

·  
O
cenário negativo afetou até mesmo a indústria de alimentos, que havia
experimentado um salto de 11,1% em setembro (também em relação ao mesmo mês de
2019). No mês seguinte, a produção de bens alimentícios recuou 1,7%.

·  
A
quinta maior contribuição para a queda geral veio da indústria de veículos
automotores, reboques e carrocerias, que teve sua produção reduzida em 13,2% em
outubro. O resultado apenas consolida uma tendência de franca retração no
setor, que passou a acumular perda de 35,8% nos dez primeiros meses deste ano
diante de igual intervalo de 2019.

·  
O
setor de outros produtos químicos (basicamente adubos e fertilizantes) viu a
produção baixar 8,6% em outubro, embora a indústria ainda preserve uma taxa de
crescimento de 2,1% no acumulado do ano.

·  
Como
se percebe, a queda na produção foi praticamente generalizada em outubro, com
única exceção para a indústria de produção de minerais não metálicos, que
apresentou forte alta de 9,1%. O avanço, de acordo com o IBGE, esteve relacionado
à maior produção de asfalto, massa de concreto, cimento e telhas – quase todos
segmentos relacionados à construção civil. As obras de recapeamento na capital
do Estado talvez expliquem a maior produção de massa asfáltica em outubro.

·  
Na
média geral da atividade industrial em Goiás, a produção passou a apresentar
taxas declinantes de crescimento a partir de julho, depois de ter saltado 6,2%
em junho (comparada a junho de 2019). O índice do IBGE para a produção
industrial, excluídos fatores sazonais, mostra redução de 3,6% na comparação
entre outubro e junho deste ano, indicando uma perspectiva mais negativa para a
indústria neste segundo semestre (depois de um primeiro semestre que já havia
sido tão promissor).

·  
Em
dez meses, no total, a indústria realizou um avanço de apenas 0,7% no Estado. A
indústria de transformação sofreu baixa de 8,9% em outubro e acumula evolução
de 0,9% entre janeiro a outubro deste ano, comparado os mesmos meses de 2019.

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