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domingo, 24 de novembro de 2024
Nova variante

Avanço da pandemia na Europa sugere queda para economia no 1º trimestre

Vacinação ganha algum fôlego entre alguns dos principais países, mas as perspectivas para a economia global nos primeiros meses de 2021 continuam negativas | Foto: Reprodução

Postado em 26 de janeiro de 2021 por Sheyla Sousa
Avanço da pandemia na Europa sugere queda para economia no 1º trimestre
Vacinação ganha algum fôlego entre alguns dos principais países

Lauro Veiga 

A
vacinação ganha algum fôlego entre alguns dos principais países, mas as
perspectivas para a economia global nos primeiros meses de 2021 continuam
negativas, afetadas principalmente pelo agravamento da pandemia, associada ao
surgimento de cepas aparentemente mais agressivas do vírus, e pela necessidade
de adoção de novas medidas de contenção e distanciamento social. Por aqui, a
vacinação derrapa entre o despreparo e o negacionismo, em meio a nova arrancada
do total de infectados e das mortes, tornando o cenário sombrio e de alto
risco, conforme já analisado neste espaço no sábado (23.01).

Analistas
e consultores mais identificados com a agenda dos mercados têm demonstrado,
desde o final de 2020, maior otimismo em relação ao comportamento futuro da
atividade econômica no mundo, motivado exatamente pelo alívio trazido com a
chegada das vacinas contra o Sars-CoV-2. Mas a confirmação desse otimismo
inicial dependerá essencialmente da capacidade e celeridade dos sistemas de
saúde na aplicação da vacina, até que se alcance o que os especialistas na área
chamam de imunidade coletiva.

Em
seu boletim diário, endereçado a clientes e ao mercado, o Departamento de Pesquisas
e Estudos Econômicos do Bradesco (Depec), sob o comando do economista Fernando
Honorato Barbosa, alerta para o risco de uma retração econômica na Área do Euro
neste início de ano em função do avanço da pandemia na região. A publicação faz
referência ao Índice de Clima de Negócios da instituição The German
InformationandFoschung (IFO), que afere a disposição das empresas alemãs frente
à economia e que apresentou queda neste mês. O IFO baixou de 92,2 para 90,1
pontos desde dezembro do ano passado.

Indicadores

Conforme
o banco, a queda superou a expectativa dos mercados, que esperavam um recuo
para 91,9 pontos e “reflete a retração dos indicadores de situação corrente e
de expectativas para os próximos seis meses. O movimento reportado é compatível
com o que tem sido sugerido por outros indicadores de confiança e o PMI (índice
dos gerentes de compras, que permite avaliar o estado geral da economia)”,
avalia o Depec. Aqueles indicadores, prossegue o relatório, “apontam para
desaceleração mais evidente da atividade econômica na Área do Euro na passagem
do ano, diante da adoção de medidas de restrição à mobilidade social”.

Balanço

·  
O
dado prévio em janeiro para o PMI “composto”, que inclui expectativas para o
setor de serviços e para a indústria na Europa, já havia sinalizado retração.
Divulgado na semana passada, o índice saiu de 49,1 para 47,5 pontos,
interrompendo a tendência de recuperação apenas “ensaiada” em dezembro,
considerando que havia sofrido queda forte em novembro. Quando o indicador
supera os 50 pontos sinaliza crescimento para a atividade e, claro, abaixo
daquele nível aponta retração.

·  
Desagregado,
o indicador do setor de serviços mostrou piora na queda, saindo de 46,4 para
45,0 pontos, e o índice que trata da indústria apontou desaceleração (de 55,2
para 54,7 pontos), embora ainda sinalize expansão para o setor.

·  
O
cenário à frente levou o Banco Central Europeu (BCE) não apenas a manter as
taxas de juros inalteradas entre zero e 0,25% como decidiu manter seu programa
de compra de títulos no mercado em € 1,85 trilhão (o pacote havia sido
reforçado com € 500 bilhõesa mais em dezembro) até dezembro de 2022 (o prazo
seria encerrado, na previsão anterior, em março do próximo ano).

·  
O
fechamento da economia na Europa até meados de fevereiro, na estimativa do Itaú
BBA, deverá impor uma redução adicional de 1,0% para o Produto Interno Bruto
(PIB) na região no primeiro trimestre deste ano. “Com o contágio pelo
coronavírus ainda aumentando em alguns países e a ameaça de uma nova variante
no Reino Unido se espalhando para outros países, as autoridades serão
cautelosas quanto à retirada das restrições à circulação de pessoas”, avalia o
banco.

·  
Mas
a equipe de economistas do Itaú BBA espera um “crescimento robusto” do PIB
regional no segundo trimestre, algo próximo a 4,5% na comparação trimestral,
decorrente da “normalização resultante da vacinação” e da “menor incerteza
política”. Claro, na hipótese de uma redução dos casos de contágio e de mortes
e de um avanço significativo da vacinação nas próximas semanas. Mantido o
quadro atual da pandemia, não se pode descartar a possibilidade de extensão das
medidas e, portanto, de um prolongamento seus efeitos sobre a economia.

·  
Para
os Estados Unidos, a posse do novo presidente e o pacote trilionário já
anunciado para socorrer a economia e reforçar as ações contra o vírus, sugere
ainda o banco, deverão dar suporte para um crescimento de 4,4% já neste
primeiro trimestre, com salto de 8,5% no seguinte. Novamente, será preciso
combinar com o vírus e contar com uma agilidade até aqui não demonstrada pelo
país na vacinação.

 

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