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quinta-feira, 28 de novembro de 2024
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Queda

Indústria registra tombo de 6,2% no trimestre final de 2020 em Goiás

Produção da indústria goiana apresentou forte retração no último trimestre do ano passado, devolvendo todo o avanço registrado nos dois trimestres anteriores | Foto: reprodução

Postado em 10 de fevereiro de 2021 por Sheyla Sousa
Indústria goiana registra o pior fevereiro dos últimos oito anos
Confira a coluna Econômica

Lauro Veiga 

A
produção da indústria goiana apresentou forte retração no último trimestre do
ano passado, devolvendo todo o avanço registrado nos dois trimestres
anteriores. O desempenho nos meses finais de 2020, em direção contrária à
tendência observada para o restante do setor no País, foi decisivo para
explicar a estagnação virtual registrada pelo setor industrial em Goiás no ano
passado, em forte desaceleração diante de 2019. A pandemia explica parcela
importante dos resultados negativos do setor no Estado, mas não parece ser o
motivo exclusivo. Mesmo porque, quando comparada ao mesmo mês do ano anterior,
a produção no Estado vinha apresentando taxas negativas em sequência desde
dezembro de 2019, comportamento interrompido em maio do ano seguinte e
novamente retomado no quarto trimestre de 2020.

Tomando
o mês imediatamente anterior, a produção industrial no Estado experimentou
quatro meses seguidos de queda, com recuo em setembro (-0,2%) e perdas de 3,4%,
de 1,1% e de 0,8% nos três meses seguintes. Em relação a idênticos meses de
2019, depois de cinco meses de números positivos (depois de uma sequência
também de cinco meses de resultados negativos), a produção encolheu 9,1%, 4,5%
e 3,5% em outubro, novembro e dezembro, pela ordem. No último mês do ano, Goiás
colheu o segundo pior desempenho entre as regiões acompanhadas pela pesquisa
mensal da produção industrial regional do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).

A
indústria goiana observou uma variação de apenas 0,1%ao longo dos 12 meses do
ano passado, na comparação com 2019, quando a produção estadual havia avançado
2,8%. O levantamento mostra, portanto, uma forte desaceleração, ainda que o
resultado final em 2020 tenha vindo acima do tombo de 4,5% acumulado pela
indústria em todo o País. Essa diferença, de uma forma ou de outra, foi
construída no segundo e terceiro trimestres do ano passado, mas as tendências
se inverteram no encerramento do ano.

Reversão

Quando
os números positivos começaram a surgir, a partir de maio (ainda incluindo como
base de referência igual intervalo de 2019), o comportamento de certa forma
divergente dos dados nacionais vinha sendo atribuído ao perfil da indústria no
Estado, mais concentrada principalmente nos setores de alimentação e de
produção de medicamentos genéricos. O fato é que esses setores não conseguiram
sustentar a produção, observando perdas importantes no trimestre final de 2020.
Se a indústria goiana havia registrado altas de 2,7% e de 3,5% no segundo e
terceiro trimestres, respectivamente, diante de perdas de 1,7% e de 19,4% para
o total da indústria no País, o quarto trimestre fechou com retrocesso de 6,2%.
Desta vez, a produção industrial brasileira avançou 3,4% (desempenho
nitidamente insuficiente para compensar as perdas anteriores, tanto que o ano
fechou negativo para a indústria nacional, com queda de 4,5%). Ainda para o
conjunto da indústria brasileira, foi o segundo ano de baixa, já que a produção
havia recuado 1,1% em 2019. Os últimos meses não têm sido favoráveis para o
setor em todo o País.

Balanço

·  
As
perdas sequenciais no final do ano derrubaram a produção em dezembro para um
nível 4,1% abaixo daquele registrado em fevereiro, antes da pandemia se
instalar no País. Considerado o pico alcançado em outubro de 2019 pelo setor, a
indústria goiana acumulava, até dezembro do ano seguinte, uma retração de
10,2%.

·  
A
retração observada em Goiás pelo IBGE está diretamente relacionada ao
desempenho das indústrias de produtos alimentícios, farmoquímica e farmacêutica
e de biocombustíveis. Os números vieram muito negativos nos três meses finais
de 2020 e apenas o setor de alimentos, entre aqueles três, conseguiu
sustentar números positivos no acumulado dos 12 meses do ano passado.

·  
A
produção de alimentos anotou recuo de 0,5% em outubro em relação ao décimo mês
de 2019, para sofrer baixas de 1,7% e de 2,8% em novembro e dezembro. Mesmo
assim, o setor fechou o ano com alta de 3,2%. Nos 12 meses encerrados em
setembro, a taxa havia sido de 4,3%. Os demais setores, assim, acumularam
redução de 1,75%. Perto de 72% dessa perda vieram da indústria de veículos, que
encolheu 33,8% no ano passado. Ainda que a indústria de alimentação e as
montadoras fossem excluídas do cálculo, os setores restantes teriam encolhido
quase 0,5%.

·  
No
setor farmacêutico, os tombos foram gigantescos, literalmente. Em outubro, novembro
e dezembro, a produção nesta área experimentou baixas de 44,5%, de 30,6% e de
17,6%. O crescimento nos meses anteriores ajudou a indústria de medicamentos a
encerrar o ano com redução de apenas 2,7% (mas a produção vinha crescendo a um
ritmo anual de 7,7% no dado acumulado nos 12 meses terminados em setembro, o
que dá uma dimensão do retrocesso observado nos meses seguintes).

·  
A
indústria de biocombustíveis apresentou recuo de somente 1,5% em 2020, mas
havia sofrido perdas de 15,0%, de 7,1% e de 19,2% em outubro, novembro e
dezembro. Até agosto, por exemplo, considerando um período igualmente de 12
meses, a produção no setor chegou a saltar 7,4%.

·  
Nos
dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a
produção de biodiesel avançou 1,6% no ano passado, saindo de 864,64 milhões
para 878,50 milhões de litros. Mas encolheu 14,25% no último quarto de 2020,
para 207,17 milhões de litros (diante de 241,60 milhões de litros no mesmo
período de 2019). Apenas em dezembro, a perda foi e 16,3% (de 76,306 milhões
para 63,845 milhões de litros).

·  
A
produção goiana de etanol recou 2,8% no ano passado, de 5,471 bilhões para
5,318 bilhões de litros. Mas despencou 54,0% em dezembro, para 50,630 milhões
de litros (frente a 110,161 milhões de litros no último mês de 2019). No
trimestre final de 2020, as usinas goianas produziram 1,013 bilhão de litros,
em baixa de praticamente 17,8% em relação ao mesmo período de 2019 (1,232
bilhões de litros).

 

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