Venda de alimento saudável cresce na pandemia
Segundo pesquisa, setor movimentou R$ 100 bilhões em 2020, representando alta de 29% no varejo | Foto: Reprodução
Nielton Soares
Uma pesquisa da Euromonitor Internacional apontou que o consumo de alimentos saudáveis no Brasil registrou crescimento no ano passado. O estudo indicou que a opção por produtos naturais já vinha aumentando e ganhou mais força com a pandemia do novo Coronavírus, quando os brasileiros passaram a ter mais atenção com a saúde. Os produtos sem glúten ou com menor teor de sódio alcançaram R$ 100 bilhões em vendas. A marca é a segunda maior do segmento desde 2006, ano em que o setor começou a ser monitorado. Já em relação a 2019, a alta foi de 3,5%.
Em Goiás, de acordo com o setor, a procura por produtos naturais também é uma tendência em alta. “As pessoas estão preferindo alimentos saudáveis, comida de verdade”, afirmou a presidente Associação para Desenvolvimento da Agricultura Orgânica em Goiás (Adao-GO), Andressa Araújo Martins.
Com restrições de funcionamento, como ocorrem desde março do ano passado, sendo retornado com mais rigidez neste momento de avanço da Covid-19, os comerciantes desses segmentos também estão tendo que improvisar. “A venda direta aos consumidores na feira reduziu e com isso tivemos que procurar outras alternativas como delivery. Com essa opção fez com que os produtores não ficassem tanto no prejuízo”, cita Andressa.
Outro estudo, da RG Nutri – especializada em nutrição, constatou aumento no volume de vendas no setor. No final do ano passado, em parceria com a Tech Fit, realizou uma pesquisa para avaliar a alimentação do brasileiro. No período, foram ouvidos cerca de mil entrevistados, desse total, 78% começaram a ter mais atenção à qualidade da alimentação e da saúde e 53% responderam que estavam buscando informações sobre alimentação saudável. A CEO da RG Nutri, Heloisa Guarita, conclui que o consumidor está mais preocupado com a saúde e com isso vem alterando todo o sistema alimentar, buscando uma forma mais sustentável no dia a dia.
Para ela, a mudança de comportamento do consumidor brasileiro tem a ver com o maior tempo em que as pessoas estão ficando em casa, devido aos isolamentos e fechamentos de inúmeros estabelecimentos, dentre os quais bares e restaurantes. Heloisa entende que essa tendência vem obrigando até a indústria de alimentos a reverem a produção, precisando ser mais ágil e adotar conceitos de startups.
Para se ter ideia, no último ano houve crescimento de novas bebidas e alimentos com foco na sustentabilidade, tendo como preocupação não impactar o meio ambiente. Dentre os quais, o uso de embalagens sustentáveis e a redução de ingredientes como açúcar, gordura e sódio. É o que indica a diretora de pesquisa da consultoria Mintel, Naira Sato, que notou lançamentos de muitos produtos naturais.
Oportunidades
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) indica que essa nova tendência dos consumidores se tornou uma oportunidade para negócios. O segmento de produtos naturais vêm experimentando nos últimos anos a nova mudança de hábito. De acordo com outro estudo da pesquisa Euromonitor, o consumo de alimentos saudáveis no Brasil aumentou de 2009 a 2014, quando registrou movimento de US$ 35 bilhões por ano no país, o que deixou o Brasil na posição de quarto maior mercado do mundo para alimentação saudável.
Para a entidade de consultoria, há demanda para esse tipo de produto, uma vez que houve aumento de consumidores adeptos à alimentação vegetariana, sendo cerca de 14% da população brasileira, segundo pesquisa do Ibope Inteligência, divulgada em abril de 2018.
Além disso, é importante ressaltar que o público consumidor nesse nicho é muito maior, pois uma grande parcela da população que não se considera vegetariana também busca por esses alimentos como uma opção de alimentação saudável.
Os consultores do Sebrae destacam ainda que a dieta de alimentos livres de glúten — proteína encontrada no trigo, no centeio, na aveia, na cevada e no malte — estão sendo mais procurados, principalmente, por pessoas diagnosticadas com doenças. E são prescritas por nutricionistas que também restringem o consumo de alimentos contendo glúten. (Especial para O Hoje)