Fim da união estável entre Cruz e MDB teve culpa dos dois lados
Prefeito teve comportamento inadequado para o cargo, enquanto o grupo de Daniel Vilela foi com sede excessiva ao pote | Foto: Reprodução
José
Luiz Bittencourt
Enfim, o atribulado
casamento terminou. depois de se arrastar por quase um mês, o MDB e o prefeito
de Goiânia Rogério cruz estão divorciados. e nada amigavelmente: a separação é
litigiosa e vai render ainda muita troca de tapas e golpes ainda mais violentos,
diante dos ressentimentos e mágoas de lado a lado.
OMDB tem quadros com tempo
de serviço na prefeitura, desde a época do falecido Paulo Garcia, do Pt. Agenor
mariano, agora ex-secretário de Planejamento urbano, é um exemplo. Passou por
várias funções, foi até vice de Iris Rezende. conhece a máquina do Paço
municipal.
junte-se a ele o
ex-secretário de Governo Andrey Azeredo e o ex-titular da pasta de finanças
Alessandro melo, para ficar nos mais graúdos. são, a partir de agora, quem vai
fornecer munição para infligir desgastes e prejuízos para o governo dos
Republicanos – fatalmente condenado a gastar um tempo e energia preciosos até
preencher o vácuo deixado pelos emedebistas e segurar as rédeas na
administração em um rumo seguro, se é que vai conseguir estabelecer essa
direção.
O antes humilde e acanhado
Rogério cruz já cresceu e mostrou as garras. Pela primeira vez, enviesou uma
resposta para o presidente estadual do MDB Daniel Vilela, a propósito de quem
sempre baixou a cabeça. Disse que Daniel e seu grupo político estão fora, mas
não o MDB, cujo apoio estará personificado pelos seis vereadores do partido –
nenhum deles disposto a acompanhar o rompimento e já devidamente cooptados para
a base de apoio do prefeito.
Mas cruz errou feio na
liturgia exigida pelo seu cargo. demitiu secretários pela imprensa. atropelou
atribuições de auxiliares importantes sem nenhum aviso. combinou procedimentos
e não cumpriu. esquivou-se de conversar e dar explicações. foi deseducado ao
não receber presencialmente nem atender telefonemas de Daniel vilela e de
auxiliares que ainda estavam no batente. não é coisa que se espere de um
prefeito de capital e nem muito menos necessária mesmo em se considerando o
objetivo que perseguia, qual seja a assunção dos poderes naturalmente cabíveis
ao seu mandato. era possível, com civilidade, chegar onde chegou.
Já o MDB e seu imaturo
presidente estadual cometeram erros em cascata e devem concluir hoje que o
primeiro foi a escola de Rogério cruz para a vice. essa é uma criança cuja paternidade
ninguém assume. aconteceu e pronto. depois da trapaça eleitoral que elegeu,
diplomou e empossou um paciente terminal da covid-19, os emedebistas se
refestelaram com os cargos da prefeitura, praticamente ocupando todos os
disponíveis e inclusive criando para três centenas e pouco, mediante a “reforma
administrativa” aprovada a toque de caixa pela câmara municipal no fim do ano
passado.
Cargos e controle do
milionário orçamento do município foi o que motivou o MDB, já planejando
incursões eleitorais futuras por conta das benesses administrativas do Paço.
Primo de Daniel, Leandro vilela foi com tanta sede ao pote que se precipitou em
anunciar que seria candidato a deputado federal, afrontando os planos do
Republicanos para a eleição do ano que vem, partido que tem uma e quer passar
para duas cadeiras na câmara federal.
Assim como o prefeito,
alguns, não todos, secretários emedebistas também externaram inabilidades, ora
atravessando Rogério cruz em conversas com jornalistas ora davam a nítida impressão
de buscar mais visibilidade do que ele. essas são regras não escritas que, em
qualquer governo, acabam fulminando quem não as obedece. Houve, portanto,
responsabilidades comuns para gestar um rompimento que é péssimo para o MDB tem
tudo para ser ruim para o prefeito de Goiânia. (Especial para O Hoje)