Renúncias fiscais de ICMS foram um grande equívoco
Políticas de incentivos fiscais foram insuficientes para alavancar setor industrial goiano | Foto: Reprodução
Levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que Goiás é o mais industrializado do Centro-Oeste e o 9º do país. O estado tem participação de 2,91% no valor adicionado bruto a preços básicos A pesquisa, que compara biênios (2007-2008 e 2017-2018), mostra que Goiás perdeu espaço para os vizinhos Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No entanto, um dos principais desafios para recuperar o crescimento é o investimento em infraestrutura.
Dos quatro segmentos industriais (Extrativa, Transformação, Construção e Serviços Industriais de Utilidade Pública – SIUP), Goiás teve melhora apenas em um deles. Na indústria extrativa, o estado subiu uma posição passando de nono para oitavo. Goiás perdeu 0,1 ponto percentual de participação na produção manufatureira do Brasil entre 2008 e 2018. A construção foi a atividade que mais ganhou participação na indústria do estado: aumentou 5.6 pontos percentuais entre 2008 e 2018.
Vale ressaltar que no início do mês, a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), vai investir R$ 1 bilhão em obras de pavimentação, recuperação da malha viária, construção de pontes, entre outras ações nas estradas e nos municípios até o final de 2021. De acordo com o governador Ronaldo Caiado (DEM), antes no início do segundo semestre serão entregues mil quilômetros de rodovias reformadas, em trechos estratégicos para o desenvolvimento goiano.
Tecnologia
O investimento em Infraestrutura não é apenas na parte de rodovias, ferrovias ou com outras obras físicas, também há necessidade de desenvolver a infraestrutura de tecnologia. A CNI aponta que é preciso que ocorram mudanças na legislação necessárias para que se amplie a conectividade no país, visando o fortalecimento de políticas públicas para fomentar a conectividade e os preparativos para que o Brasil aproveite ao máximo a revolução tecnológica do 5G.
“A infraestrutura de telecomunicações é fundamental para toda a indústria brasileira. A digitalização e a automação de processos são desafios tanto para a padaria que busca se conectar com seus fornecedores e clientes tornando-se mais produtiva, quanto para a mais sofisticada empresa de tecnologia. Mas, para que isso aconteça, estes dados precisam trafegar de antena em antena até chegar nos celulares, nos tablets até nas máquinas da linha de produção”, afirma a diretora de Relações Institucionais da CNI, Mônica Messenberg, em informe da entidade.
Agroindústria
Os dados da pesquisa mostra que houve um processo de industrialização mais regionalizada foi impulsionada, em grande parte pela agroindústria, devido ao processamento de grãos e proteínas, no Norte, no Nordeste e no Centro Oeste. Mato Grosso do Sul, por exemplo, apresentou maior desenvolvimento, saiu do 14º lugar no ranking, com 0,23% da produção nacional, para a 3ª posição, com 11% da produção nacional de celulose e papel.
Segundo o presidente da Fieg, Sandro Mabel, a agropecuária cresceu em Goiás, porém seria importante capitalizar a produção na industrialização do estado. “Se pegasse essa produção e industrializasse no Estado, a indústria estaria faturando e com número muito maior no PIB”, avalia ao citar oportunidades para etanol de milho, industrialização de soja e minério. Por outro lado, o secretário de Indústria e Comércio José Vitti avalia que hoje Goiás tem uma política voltada para o agronegócio. Uma das ideias é de beneficiar os produtos e não apenas exportar. “Nós precisamos, a partir para uma outra linha, ouvir essas empresas para que possamos verticalizar os nossos produtos e não só exportar”, diz.
Nacional
O levantamento revela ainda que em uma década, houve encolhimento da participação das regiões Sul e Sudeste no Produto Interno Bruto (PIB) industrial. Para se ter ideia, por exemplo, o estado de São Paulo, por exemplo, perdeu 5,5 pontos percentuais de participação na produção manufatureira do Brasil, sendo a maior queda entre as 27 unidades federativas, passando de 50,3% para 32,2% no período. O Rio Janeiro obteve apresentou recuo de 1,1 ponto percentual, o segundo pior desempenho na pesquisa. Porém, cerca de 80% da produção industrial nacional está concentrada no Sul e no Sudeste do Brasil.
A indústria acumula crescimento de 4,4% no ano, conforme os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), do IBGE. A CNI está revisando para cima a projeção de crescimento do PIB de 2021, atualmente de 3% e admite que o cenário atual, por conta de as quedas do primeiro trimestre serem menores do que o esperado devido ao impacto da segunda onda da pandemia da covid-19 não ter sido tão intenso como o estimado inicialmente. Entre 2000 e 2020, a fatia da indústria no PIB passou de 26,7% para 20,4%. Já a fatia da agropecuária passou de 5,5% para 6,8%, de acordo com dados do IBGE da última pesquisa do PIB, divulgada em março.
O economista da CNI considera ainda que a indústria brasileira tem dificuldades em competir no mundo. Apesar disso, Renato Fonseca acredita que a diversificação industrial poderia contribuir para o crescimento da economia do Brasil. Ele ressalto que o Brasil vive um processo de desindustrialização nos últimos anos, passando do 10ª (décimo) lugar no mundo em 2014 para 16ª (décimo sexto) em 2019. O economista avalia que o país precisa construir um ambiente favorável a investimentos.