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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
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Meio Ambiente

Leito do Araguaia terá 10 mil hectares recuperados

Participam do projeto 16 municípios goianos.

Postado em 22 de maio de 2021 por Maiara Dal Bosco
Leito do Araguaia terá 10 mil hectares recuperados
Participam do projeto 16 municípios goianos | Foto: Reprodução

O programa Juntos pelo Araguaia, lançado em junho de 2019, que tem como objetivo recuperar os 2.600 quilômetros de extensão do Rio Araguaia, que passa pelos Estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Pará, finalmente sai do papel com aporte de R$ 43 milhões captados junto a empresas parceiras para investimentos na Bacia do Alto Araguaia. Participam 16 municípios goianos e 12 mato-grossenses.  

De acordo com o Governo de Goiás, na primeira etapa a meta é recuperar 10 mil hectares de áreas degradadas às margens do rio.  Ao todo, a bacia possui extensão de mais de 350 mil quilômetros quadrados. As instituições parceiras do programa preparam para a Semana do Meio Ambiente, na primeira quinzena de junho, ação a ser realizada na Bacia do Alto Araguaia, com plantio de mudas de espécies nativas do Cerrado em propriedade rural.

“Esse é o maior projeto de recuperação ambiental do mundo”, afirmou o governador Ronaldo Caiado ao destacar que as parcerias com a iniciativa privada são fundamentais para o desenvolvimento do programa. Ele reitera a necessidade de se preservar o patrimônio. “O Araguaia é muito emblemático para o Estado de Goiás. Tem a beleza natural, boa parte das nossas histórias passa pelo rio, tudo converge naquele lindo cartão postal”, pontua.

Para o ambientalista e conselheiro Associação para Recuperação e Conservação do Ambiente (ARCA), Gerson Neto, considerando que na região de Aruanã o Rio Araguaia tem uma largura entre 300 e 500 metros, e o Código Florestal Brasileiro de 2012 exige uma faixa de proteção da mata ciliar de 200 metros, o reflorestamento que o projeto Juntos pelo Araguaia propõe fazer equivale a recuperar 250 Km de extensão de rio nas suas duas margens, de Goiás e de Mato Grosso, o que é sim um território expressivo. “A legislação obriga a recuperação dessas áreas e essa recuperação é condição para o acesso a financiamento público e a selos de qualidade ambiental para exportação”, destaca.

Para o especialista em planejamento urbano e ambiental, ainda assim a recuperação das matas ciliares do Rio Araguaia é urgente e importante, já que as matas ciliares servem como sistema ecológico de proteção para os rios e de manutenção de seus sistemas de vida. “As matas facilitam o percolamento da água subterrânea que verte em direção ao rio, protege do assoreamento provocado pelas enxurradas que se enchem de terras nas lavouras descobertas de vegetação, protege o rio dos agrotóxicos, são corredores ecológicos para a manutenção da vida da fauna terrestre. Sem a mata ciliar o processo de diminuição do nível de água se acelera muito”, explica Gerson.

Alerta

O ambientalista chama ainda a atenção para o período em que o reflorestamento está previsto para acontecer. “Há dúvidas se esse reflorestamento feito no auge do período seco vai prosperar. Obviamente, qualquer técnica de plantio de mudas feita durante esse período precisa de água para que as plantas prosperem. O período correto para fazer esse tipo de ação é no começo da estação chuvosa”, pontua Gerson.

Neste cenário, o especialista faz um alerta. “Esse projeto talvez seja a única pauta ambiental positiva no governo federal. Ainda assim pode se tornar um desastre pelo erro técnico de fazer o plantio durante a seca. Tivemos dois anos e cinco meses de muita destruição, queimadas. O Brasil está sob ameaça de boicote internacional dos nossos produtos vindos do agronegócio por causa da política destrutiva que tem sido implementada para o meio ambiente”, finaliza Gerson. (Especial para O Hoje)

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