Aplicativo pode ser usado como passaporte para locais que exigem vacinação
O iPassport foi desenvolvido para controlar a imunização contra a febre amarela, mas ganhou novos rumos com a pandemia de Covid-19
Qualquer smartphone tem sua coleção: para pedir comida, transporte, reservar hotéis, escolher um vinho, comprar um livro usado de edição limitada. Os aplicativos refletem nosso cotidiano e parecem resolver nossa vida em pequenos passos – alguns maiores do que outros. Os chamados superapps, que reúnem diversas funções, transformaram o celular em uma nova carteira de identidade, tão importante quanto a própria.
Para Paulo Macedo, CEO da Solutis, empresa baiana que tem por objetivo desatar cada vez mais das nossas necessidades dentro da tela, aposta na ideia. “O que vemos hoje no mercado é uma corrida pela conquista nos corações dos usuários. Há vários potenciais superapps operando e alguns começam a se destacar” explica ele.
O iPassport, da desenvolvedora Mooh Tech, que deu origem à plataforma Chronus, é um deles. Já utilizado em diversos países e começando a ser usado em algumas cidades no Brasil, o aplicativo foi criado para ajudar no controle da febre amarela, funcionando como uma carteirinha de vacinação internacional para permitir a livre circulação. Ele foi desenvolvido em março de 2020 e rapidamente ganhou um novo sentido com a pandemia de Covid-19.
“A Mooh Tech doou o sistema aos órgãos públicos, que disponibilizam as informações de vacinação para que sejam carregadas no banco de dados da solução. Do lado do usuário, o aplicativo está disponível para download em aparelhos rodando iOS ou Android”, conta Macedo. “Desta forma, organizadores de eventos, comitês esportivos e empresas, por exemplo, podem utilizar a solução para gerenciar a vacinação de colaboradores, bem como para controlar o acesso de pessoas a locais públicos. O aplicativo cria um QR code para cada usuário, a partir do qual é possível verificar o status de sua vacinação”.
O nascimento do aplicativo se deu ainda em 2013, pelo piloto de avião e desenvolvedor de software brasileiro residente em Paris, Everton Cruz. “Por diversas vezes, trabalhando como piloto, funcionário de multinacionais, como Microsoft, e, ainda antes, como modelo, me encontrei nessa situação de ou não estar com o CIVP ou até mesmo a autoridade imigratória não aceitar o documento”, conta ele.
O CIVP, Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia, permite provar a autoridades de imigração que o proprietário está imunizado contra certas doenças exigidas na entrada do país, mas tem o problema que qualquer documento mantido em papel possui: é facilmente perdido ou danificado, causando dores de cabeça para reposição.
“O grande diferencial do iPassaport é que ele não é voltado apenas ao Covid-19. É um app multifuncional, com registro de dados, como quaisquer tipos de vacinas, possibilitando o acompanhamento da imunização dos cidadãos e, portanto, podendo estabelecer protocolos médicos e sanitários que permitam evitar o surgimento de novas pandemias e epidemias. Outra vantagem é que o aplicativo pode ser usado como um pequeno prontuário médico, tornando o dia a dia do usuário mais prático e seguro, pois, a equipe de emergência poderá acessar seus dados médicos na eventualidade de um acidente ou mal-estar súbito”, diz Cruz.
O passaporte de imunização se tornou uma discussão em todo o mundo, com países fechando fronteiras para impedir o aumento de vírus em circulação no território e a possibilidade de novas variantes. A União Europeia, por exemplo, colocou em vigor no dia 1º de julho o documento que pretende facilitar o trânsito de pessoas vacinadas entre seus países membros. O certificado de tratamento contra Covid-19 completo ou teste de resultado negativo do RT-PCR ficam disponíveis em papel, mas também na tela.
A iniciativa, porém, segue longe de ser uma realidade global. No Brasil, a conversa ainda está em projeto de lei, aprovado no Senado e que ainda precisa passar pela Câmara dos deputados e pela sanção da Presidência da República. O chamado Certificado de Imunização e Segurança Sanitária (CSS), se aceito, poderá ser usado para permitir a entrada em eventos culturais e esportivos que tenham restrições. O Ministério da Saúde espera certificar digitalmente a população pelo Conecte SUS Cidadão, comprovando a imunização para viagens para o exterior a brasileiros que receberam vacinas aprovadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). É nesse barco que entra o iPassport; unindo as declarações de cada país, o programa poderá o gerar um QR Code que será lido por catracas, leitores manuais ou quaisquer outros pórticos de leitura digital, abrindo as portas ao mundo.