PT conversa com Mendanha em busca de palanque para Lula
Mauro Rubem diz que é preciso declaração de apoio ao ex-presidente Lula para formar chapa
Até poucas semanas atrás, o discurso oficial das lideranças petistas em Goiás era de que uma eventual aliança com o prefeito de Aparecida de Goiânia e pré-candidato a governador, Gustavo Mendanha (MDB), não passava de especulação.
No entanto, o vereador de Goiânia Mauro Rubem (PT) confirmou à reportagem do O Hoje que o partido iniciou conversas com Mendanha. “Ele é um nome que se destaca e nós já estamos dialogando”, disse.
O foco do PT em Goiás é viabilizar um palanque para a candidatura do ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto em 2022 e, de acordo com Mauro Rubem, essa é a principal condição para o partido caminhar ao lado de Mendanha no ano que vem.
Devido à aproximação entre o presidente estadual do MDB, Daniel Vilela, e o governador Ronaldo Caiado (DEM), o prefeito de Aparecida de Goiânia está em busca de um novo partido para se filiar.
Uma das opções é o PSB, do deputado federal Elias Vaz. Na avaliação de Mauro Rubem, este seria “um caminho mais fácil” para a aliança, haja vista a relação próxima entre PT e PSB a nível nacional.
Mas o vereador de Goiânia disse que, mesmo se Mendanha não se filiar a um partido considerado de esquerda, a aliança é possível. “Desde que ele declare apoio ao Lula.”
Em comum
Independentemente de Lula, é fato que o prefeito de Aparecida de Goiânia e o PT, que estiveram na mesma coligação nas eleições municipais em 2020, têm pelo menos uma pauta em comum: a oposição a Caiado.
A recente polêmica do preço dos combustíveis não deixa mentir. Nas redes sociais, a deputada estadual Delegada Adriana Accorsi (PT) até curtiu uma publicação crítica ao governo feita por Mendanha.
Em outras palavras, o debate sobre a redução do ICMS da gasolina está servindo também para estimular a composição de uma chapa oposicionista.
Majoritária
Desde as primeiras eleições estaduais com voto direto, em 1982, o PT só não teve candidato a governador em 2006 e 2010. Coincidentemente, dois anos em que o partido saiu vitorioso para presidente.
Mesmo assim, nesses anos, o PT esteve presente na chapa majoritária, com candidatos a vice-governador, Valdi Camarcio, e a senador, Pedro Wilson, respectivamente em 2006 e 2010.
Mauro Rubem garante que, em 2022, “o PT com certeza estará presente na chapa majoritária”. Se não conseguir esse espaço com Mendanha ou o prefeito de Aparecida de Goiânia não apoiar Lula publicamente, o partido tende a lançar uma candidatura própria a governador.
Alternativas
Caso não apoie Mendanha, o PT estuda pelo menos cinco nomes de dentro do partido. Segundo uma fonte petista, a ideia principal, no momento, é ter um candidato que, se perder, não fica sem mandato. “É o mais prudente.”
Diante desse cenário, o deputado federal Rubens Otoni e os deputados estaduais Antônio Gomide e Delegada Adriana Accorsi estão descartados. Todos eles devem disputar a reeleição.
Portanto, dos petistas com mandato, resta Mauro Rubem, que, como vereador de Goiânia, estará na metade de seu mandato em 2022 e, se não vencer, continua na Câmara Municipal.
“Estou tranquilo para pegar qualquer tarefa do partido e meu nome está à disposição”, afirma Mauro Rubem, que também é cotado para disputar uma vaga de deputado estadual.
Dos petistas sem mandato, os principais nomes ventilados são a presidente estadual do PT em Goiás, Kátia Maria, que foi candidata a governadora em 2018, e o ex-deputado estadual Luis Cesar Bueno, atualmente diretor parlamentar da Assembleia Legislativa.
A reportagem do O Hoje apurou, ainda, que o reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira, e o ex-reitor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) Wolmir Amado também estão no páreo.