“Nós não queremos o inclusivismo em escolas”, afirma ministro da educação
Confira o histórico de falas polêmicas de Milton Ribeiro em pouco mais de um ano no comando do Ministério da Educação (MEC)
O atual Ministro da educação, Milton Ribeiro, voltou a afirmar em entrevista à rádio Jovem Pan, nesta segunda-feira (23/08), que estudantes com deficiência devem ser separados dos demais alunos. O teólogo, que está há pouco mais de um ano no comando do Ministério da Educação (MEC), coleciona outras afirmações controversas ao cargo que ocupa no governo.
“Nós não queremos o inclusivismo, criticam essa minha terminologia, mas é essa mesmo que eu continuo a usar”, disse Milton. Em menos de duas semanas o ministro já teve outras duas afirmações polêmicas sobre o assunto. Na terça-feira (17/08) afirmou que alunos com deficiência “atrapalham” os demais e na quinta-feira (19/08) disse que há crianças com “grau de deficiência que é impossível a convivência”.
Milton usou as paraolimpíadas e aulas de geografia para “justificar” suas afirmações. “Estamos no meio das paralimpíadas, nós descobrimos que tem pessoas que têm limitações físicas, no caso, que não podem competir com outras que não têm” e, segundo o ministro, o Brasil tem hoje 12% de crianças matriculadas em escolas públicas. “Imagina uma professora de geografia: “aqui é o rio Amazonas” para uma criança que tem deficiência visual”, afirmou.
A última afirmação foi dita no mesmo dia que o Supremo Tribunal Federal (STF) começou uma audiência pública para debater um decreto do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) que separa as crianças com deficiência em classes especiais. Após uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), o decreto foi suspenso e agora o STF irá julgar o mérito do caso.
O Pastor da Igreja Presbiteriana, que é o quarto titular do MEC no governo de Jair Bolsonaro, sucedeu Abraham Weintraub, que também tinha frases polêmicas como, por exemplo, que universidades “fabricam drogas e cultivam maconha”. Entretanto, em pouco mais de um ano, Milton Ribeiro já causou polêmicas com afirmações elitistas, transfóbicas, homofóbicas e defendendo remédios ineficazes contra Covid-19, confira o histórico:
- 9 de agosto de 2021, declaração à TV Brasil:
“Universidade deveria, na verdade, ser para poucos, nesse sentido de ser útil à sociedade. […] Tenho muito engenheiro ou advogado dirigindo Uber porque não consegue colocação devida. Se fosse um técnico de informática, conseguiria emprego, porque tem uma demanda muito grande”.
- 24 de setembro de 2020, em entrevista ao O Estado de S. Paulo:
“O adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo [termo preconceituoso] vêm, algumas vezes, de famílias desajustadas. […] A biologia diz que não é normal a questão de gênero. A opção que você tem como adulto de ser homossexual, eu respeito, mas não concordo”.
Nesta mesma entrevista Milton disse que a população trans atuante na rede de ensino não pode incentivar os alunos “a andarem por esse caminho, tenho certas reservas”. Segundo ele, escolas “perdem tempo” falando de “ideologia” e ensinando sobre sexo e que a abordagem pode favorecer uma “erotização das crianças”. Na época, a afirmação foi fortemente criticada por educadores e professores transgênero.
- 12 de julho de 2020, quatro dias após a posse:
Neste dia, o ministro anunciou que havia contraído a Covid-19 e que trabalharia remotamente. Nas redes sociais afirmou que estava se tratando com azitromicina, ivermectina e cloroquina e que notou “diferença pra melhor de um dia pra outro”. Os medicamentos mencionados por ele não possuem comprovação científica de sua eficácia no tratamento contra o coronavírus.
- 3 de junho de 2021, entrevista à CNN Brasil:
“Nós sabemos que, muitas vezes, havia perguntas objetivas ou até mesmo com cunho ideológico. Nós não queremos isso. Queremos provas técnicas”, disse. Milton citou uma pergunta sobre a diferença salarial entre os jogadores Neymar e Marta, e outra que aborda dialeto de gays e travestis (pajubá) que foram aplicadas em edições anteriores do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).