Bolsonaro culpa a CLT pelo índice de desemprego, que continua a bater recorde no país
Apesar da melhora no mercado formal de trabalho registrada no último mês, o presidente afirmou que as leis trabalhistas dificultam a geração de empregos
Ignorando a melhora no mercado formal de trabalho registrada em julho, conforme dados divulgados nesta quinta-feira (26/08) pelo Ministério do Trabalho e Previdência, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) associou os índices de desemprego às leis trabalhistas em vigor no Brasil. “Como é que pode gerar emprego com uma CLT tão rígida dessa forma?”, questionou.
“Alguém é patrão aqui? Então você sabe o que é dificuldade, né. E quando se fala em CLT, o pessoal se volta contra, ‘aí, quer acabar com direito’”, disse o presidente em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, também nesta quinta-feira.
A declaração de Bolsonaro ocorreu após um dos presentes dizer que queria apresentar um plano de geração de empregos. No vídeo, ele não dá maiores detalhes sobre o suposto plano ou a entrega do documento.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados no final de junho, o número de desempregados totalizou em 14,8 milhões, entre fevereiro e abril. O patamar representaria ainda impacto da pandemia no mercado de trabalho: a taxa ficou em 14,7% no trimestre. O Brasil permanece no nível recorde da série histórica no país, iniciada em 2012.
Os últimos dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência, por sua vez, indicaram a abertura de 316.580 vagas de emprego com carteira assinada no país no mês passado. O saldo foi resultado de 1.656 milhão de contratações e 1.339 milhão de desligamentos no mês, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Pandemia
Ao divulgar os dados do Caged nesta quinta-feira, o ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, fez um discurso contrário às medidas adotadas para conter o avanço da pandemia. “O lockdown não funcionou em nenhum lugar do mundo. Não há comprovação científica de que tenha funcionado”, afirmou.
Contrariando a afirmação, há estudos que mostram a eficácia dessa decisão em cidades e países que precisaram reduzir a contaminação da Covid-19, mas Onyx insistiu em defender que as medidas de distanciamento social atrapalharam o desempenho da economia.
“Imagina que número estaríamos falando agora [resultado da abertura de vagas formais] se o Brasil não tivesse praticado o fecha tudo, que governadores e prefeitos promoveram ao longo do ano passado e parte deste ano”, disse. O discurso do ministro está em linha com o do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que insiste em atacar governos estaduais e municipais pelo impacto da pandemia na atividade econômica.
Onyx, por outro lado, não menciona a relação entre o número de mortes e as medidas de distanciamento e isolamento social, e quais teriam sido os efeitos caso essas não tivessem sido adotadas, ou ainda caso tivessem sido apoiadas pelo Governo Federal, mas essa também nunca foi uma preocupação do presidente.