Auditor que produziu um relatório falso sobre suposta supernotificação da Covid é suspenso pelo TCU
Falso levantamento foi divulgado por Bolsonaro e bolsonaristas nas redes sociais
O auditor Alexandre Marques foi suspenso durante 45 dias por ter produzido, sem base na realidade, um relatório sobre suposta supernotificação de mortes por Covid-19 no Brasil em 2020. A decisão foi tomada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e durante a suspensão, o auditor não receberá salário.
O falso levantamento chegou a ser divulgado pelo presidente da república, Jair Bolsonaro (sem partido), e posteriormente replicado por bolsonaristas nas redes sociais. Segundo Marques, o documento foi compartilhado com servidores do TCU no dia 31 de maio. No dia 6 de junho, o servidor disse que enviou o documento para o pai, sem informações relativas ao Tribunal, e que o mesmo arquivo foi repassado ao presidente, que o compartilhou dia 7 de junho.
Na ocasião, o TCU imediatamente esclareceu que o material não havia sido produzido pelo tribunal e não tinha legitimidade. Bolsonaro teve de dizer que o documento, de fato, não era do TCU. Na CPI da Covid, o auditor disse que havia preparado um rascunho e que em nenhum momento havia concluído que as mortes eram supernotificadas.
O material, que circulou nas redes sociais, tinha um cabeçalho com o nome do TCU, o que, segundo Marques, não constava no documento produzido por ele. O auditor alega ainda que o documento foi editado, mas não sabe por quem.
Alexandre negou ter relações com a família Bolsonaro, mas admitiu que seu pai, Ricardo Marques, mantém contato com o presidente. Além disso, confirmou que Ricardo foi indicado para o cargo de gerente executivo de inteligência da Petrobras.
Enquanto o tribunal fazia investigações sobre o documento falso, o auditor já estava cumprindo afastamento cautelar. Com a suspensão, a situação dele se complica dentro do tribunal, sendo que qualquer nova falta, estará sujeito a demissão.