Fusão DEM e PSL enfraquece legendas locais e nacionais
Há possibilidade de reflexos nos cenários políticos do Brasil e de Goiás
Tudo indica que DEM e PSL devem confirmar a fusão após reunião no dia 21 de setembro entre as executivas nacionais de ambos os partidos. Com isso, é possível que haja algumas alterações nas forças políticas do Brasil e de Goiás.
O novo partido, ainda sem nome, será um dos maiores do país. Ele terá, de longe, a maior bancada da Câmara dos Deputados e a maior fatia dos recursos dos fundos eleitoral e partidário.
Além disso, já nasce com pelo menos três pré-candidatos a presidente: o apresentador José Luiz Datena (PSL), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM).
Até pouco tempo atrás, era tido quase como certa a ida Pacheco ao PSD para disputar a Presidência. No entanto, a estrutura do novo partido pode fazê-lo mudar de ideia.
O mesmo se aplica ao ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que estava perto de trocar o PSDB pelo PSD e agora estaria atraído pelo novo partido prestes a surgir.
O PSD, portanto, pode ser uma dos partidos mais enfraquecidos com a provável fusão entre DEM e PSL, pois perderia não só o passe do presidente do Senado, como também espaço dentro do chamado centrão.
Ainda no caso do centrão, o Progressistas, ou PP, também veria sua influência diminuir junto a esse grupo, apesar de se manter no comando da Câmara dos Deputados por meio de Arthur Lira e em importantes cargos do governo federal, como o do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, que comanda o partido nacionalmente.
Presidente do PP em Goiás, Alexandre Baldy disse ao jornal O Hoje que “estamos longe de vermos as definições”. Segundo ele, “trabalharemos sobre fatos e não sobre eventuais possibilidades”.
O presidente estadual do PSD, Vilmar Rocha, admite que a fusão entre DEM e PSL “com certeza terá reflexos nacionais e locais”, mas tem um pensamento parecido com o de Baldy. “Estamos no campo da suposição. No momento, tudo pode ocorrer.”
Vilmar diz também que o partido ainda tem esperança de contar com o presidente do Senado. “Gilberto Kassab [presidente nacional do PSD] me garantiu que estão acertadas não só a filiação, como também a candidatura de Pacheco à Presidência”, afirmou à reportagem.
Vale destacar que a fusão permite novas filiações ao novo partido antes da janela partidária, em março do ano que vem, mas também autoriza que atuais membros de DEM e PSL possam se desfiliar.
É o que deve ocorrer, por exemplo, com o ministro do Trabalho e da Previdência Social, Onyx Lorenzoni, e a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina. Filiados ao DEM, ambos são deputados federais licenciados e poderiam deixar o partido sem perder seus mandatos.
Terceira via
Pelo menos outros quatro partidos apresentaram pré-candidatos para furar a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Lula (PT).
São eles: PDT (Ciro Gomes), PSDB (João Doria, Eduardo Leite e Tasso Jereissati), MDB (Simone Tebet) e Cidadania (Alessandro Vieira). Há, ainda, o ex-juiz Sergio Moro, que não está filiado a partido algum e também é cotado como possível candidato a presidente.
Todos esses partidos, talvez com a exceção do PDT, tendem a se enfraquecer com a fusão entre DEM e PSL no contexto da corrida pela Presidência, embora pudessem negociar o cargo de vice.
O PDT seria uma exceção porque Ciro Gomes, mais vinculado à centro-esquerda, mesmo tendo como objetivo atingir um eleitorado mais conservador, tem uma base identificada, que o consolida como o terceiro candidato com mais intenção de voto nas pesquisas, e está com o nome fresco na cabeça dos eleitores por causa de 2018.
Goiás
Em Goiás, a fusão entre DEM e PSL tem reflexo direto na composição da chapa do governador Ronaldo Caiado (DEM), que tende a disputar a reeleição com o ex-deputado federal e presidente estadual do MDB, Daniel Vilela, como candidato a vice.
Dessa forma, sobra a vaga para o Senado. Se houver de fato a fusão, o deputado federal e presidente do PSL em Goiás, Delegado Waldir, naturalmente aparece como o nome mais cotado para ocupá-la, mas existe a discussão de um mesmo partido não ter presença dobrada na chapa majoritária.
Há no mínimo outros quatro partidos que buscam indicar o candidato a senador na chapa caiadista: PSD (Henrique Meirelles), PP (Alexandre Baldy), Republicanos (João Campos) e PSC (Wilder Morais e Luiz Carlos do Carmo, que está no MDB, mas pode se filiar ao PSC).
Assim como no caso dos partidos com candidato a presidente pela terceira via, os que disputam a vaga para o Senado junto a Caiado, de uma forma ou de outra, também se enfraqueceriam em Goiás.
Porém, com exceção do PSC, os demais podem encontrar refúgio em chapas oposicionistas e, assim, recuperarem força. (Especial para O Hoje)