As lições de “A Arte da Guerra” para Caiado e Mendanha
Obra do estrategista militar Sun Tzu pode ser aplicada nos caminhos da política goiana até as eleições de 2022
Com base em sua experiência militar, o general chinês Sun Tzu (544 a.C.-496 a.C.) desenvolveu “A Arte da Guerra”, uma obra que, mesmo com o passar dos séculos, ainda é referência.
Há poucos registros sobre a vida pessoal de Sun Tzu, mas o seu legado é indiscutível. “A Arte da Guerra” é considerada o maior tratado militar da história e inspira estratégias também em outras áreas, como relações pessoais e negócios. Por que, então, não aplicá-la ao contexto atual da política goiana?
No momento em que alianças já estão sendo formadas com vistas às eleições de 2022, há pelo menos dois trechos de “A Arte da Guerra” dos quais o governador Ronaldo Caiado (DEM/União Brasil) e o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido), provavelmente os dois principais nomes da disputa eleitoral no ano que vem, podem tirar lições importantes.
Conhecer o adversário
No terceiro capítulo, “Ataque por estratagema”, Sun Tzu diz: “Se conheceres o inimigo e a ti mesmo, não temas o resultado de cem batalhas. Se conheceres a ti mesmo, mas não o inimigo, para cada vitória, também sofrerás uma derrota. Se não conheceres nem a ti mesmo, nem o inimigo, sucumbirás a todas as batalhas”.
Antes de prosseguir, uma pequena observação. A palavra “inimigo” talvez seja forte demais. Portanto, nesta análise sobre a política goiana, ela será substituída por “adversário”.
Partindo do pressuposto de que Caiado e Mendanha conhecem a si mesmos, para serem vitoriosos, eles devem conhecer o outro, ou seja, o adversário.
Caiado fechou uma aliança com o presidente do MDB em Goiás, Daniel Vilela, que será o seu candidato a vice. O emedebista é amigo pessoal de Mendanha e conhece o prefeito de Aparecida de Goiânia muito bem.
Logo, para saber mais sobre as qualidades e os defeitos de Mendanha, Caiado não poderia ter um companheiro de chapa melhor. Essa aliança, contudo, deixou muita gente da base caiadista incomodada.
O deputado federal José Nelto (Podemos), o prefeito de Catalão, Adib Elias (Podemos), e o senador Vanderlan Cardoso (PSD) são apenas alguns exemplos. Ex-emedebistas, os dois primeiros desafiaram Daniel em 2018 e apoiaram Caiado. E o último vê o presidente estadual do MDB como um potencial adversário em 2026.
Diante desse cenário, Mendanha deveria aproveitar a insatisfação de setores da base caiadista e atrair atuais aliados do governador para o seu lado. Só assim ele realmente poderá conhecer o seu adversário.
Aliança antecipada
No sexto capítulo, “Pontos fortes e fracos”, Sun Tzu diz: “Aquele que primeiro chegar ao campo de batalha e esperar pela chegada do inimigo estará mais preparado para a luta. Aquele que for o segundo no campo de batalha e tiver que se apresentar ao combate chegará exausto”.
A aliança de Caiado com Daniel recebe críticas por ter ocorrido com tanta antecedência, quase um ano antes das convenções partidárias. No entanto, o governador é o “primeiro a chegar no campo de batalha”. Por isso, segundo Sun Tzu, “estará mais preparado para a luta”.
É verdade que a aliança antecipada causou descontentamento, mas também é verdade que o governador poderá conversar com os insatisfeitos com calma.
Por outro lado, Mendanha terá tempo para organizar suas alianças, mas ele ainda não fala abertamente que é candidato. Em outras palavras, com essa postura, o prefeito de Aparecida de Goiânia ainda está longe do “campo de batalha”.
Nos bastidores, a candidatura de Mendanha é dada como certa. Porém, não são os bastidores que vencem uma eleição. Se não quiser chegar “exausto”, nas palavras de Sun Tzu, ele precisa deixar claro, desde agora, o seu objetivo para os eleitores. (Especial para O Hoje)