Acompanhando os resultados e o comportamento do eleitorado anapolino nas últimas eleições, é de clara compreensão a vertente conservadora que predomina no município. Entretanto, as eleições dos poderes municipais divergem das disputas nacionais. Existe um fator exclusivo das eleições municipais: a maior proximidade com o eleitorado e o histórico na cidade. Ambos fatores impulsionam a candidatura de Antônio Gomide (PT) em Anápolis, porém a grande ameaça da direita, caracterizada na figura de Márcio Corrêa (PL), acende o alerta na chapa petista do município.

As recentes pesquisas eleitorais, de diferentes veículos de comunicação, apontam para o crescimento de Corrêa. O candidato tem encostado de vez em Gomide, e o segundo turno na cidade já parece bem mais provável do que anteriormente, quando o petista liderava por larga vantagem e uma vitória no primeiro turno era cotada. O cenário de segundo turno, caso aconteça, é de polarização entre PT e PL, assim como na disputa presidencial de 2022 entre Lula da Silva e Jair Bolsonaro, em que Bolsonaro angariou mais de 70% dos votos. Porém, por se tratar de uma eleição municipal, a larga vantagem é improvável.

O candidato do PL recebeu as bênçãos do ex-presidente e homem forte do PL, Jair Bolsonaro. Tal fato, isoladamente, já o credencia como forte candidato, sobretudo, em uma cidade com viés conservador consolidado. Porém, seu crescimento foi gradativo, o tornando em um expoente na disputa por Anápolis. Quem sempre esteve no topo da disputa e continua – ao menos por enquanto – por lá é Gomide.

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Além disso, em um provável segundo turno, o caminho natural é que os eleitores de Eerizânia Freitas (União Brasil) – candidata que aparece constantemente em terceiro nas pesquisas – migrem seus votos para Márcio, já que o perfil ideológico de ambos é à direita. Márcio também divide o Palácio das Esmeraldas, já que não conta com o apoio do governador Ronaldo Caiado – que caminha com Eerizânia – mas é apoiado pelo vice, Daniel Vilela. A situação com a base governista é confortável, já que Caiado, em um eventual segundo turno sem Eerizânia, não irá apoiar a candidatura petista.

Para barrar a ofensiva direitista, Gomide aposta em seu histórico municipal. O deputado estadual coleciona recordes nas eleições da cidade. O petista foi o vereador mais bem votado de Anápolis em 2004; em 2012, foi, proporcionalmente, o prefeito mais bem votado do Brasil em cidades com segundo turno (aquelas com 200 mil ou mais eleitores), terminando a disputa com 88,93% dos votos válidos; em 2016, se tornou o vereador mais bem votado da história da cidade; e foi eleito deputado estadual, em 2018, com votação recorde no município.

De fato, Gomide tem história em Anápolis e aprovação de uma parcela do eleitorado anapolino, seu principal desafio é superar o antipetismo da cidade e a onda conservadora. Márcio não desfruta da história do rival no município, porém é o rosto da direita e fortemente ligado aos ideais conservadores que atrai grande parte do eleitorado da cidade, e conta com isso para sair vitorioso no pleito de outubro. (Especial para O Hoje).