No dia 5 de outubro, os moradores do setor São Judas Tadeu, localizado na Região Norte de Goiânia, acordaram ouvindo sons de uma obra sendo feita na Praça da Vitória. A população, que não foi notificada sobre essa interferência, está se mobilizando desde então sobre a criação de um estacionamento feito em cima da praça. Parte da grama e calçada foram retiradas para darem lugar a um asfalto improvisado.

No dia 7 de maio deste ano, o vereador Geverson Abel (Republicanos) formalizou uma solicitação ao então secretário da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra), Denes Pereira. “Encaminhamos a Vossa Senhoria, para providências cabíveis, a solicitação de Construção de estacionamento na Praça da Vitória, localizado na rua Machado de Assis, no setor São Judas Tadeu”, escreveu o vereador no documento.

O que indigna a população da região, e sendo Fernanda Santos, uma delas, é que duas solicitações de revitalização da Praça da Vitória já tinham sido feitas, em 23 de fevereiro deste ano. As duas foram escritas pelo vereador Geverson Abel (Republicanos), sendo uma solicitando a construção de academia ao ar livre e instalação de bancos. A outra, solicitando a construção de uma quadra poliesportiva no local. Somente a do estacionamento foi atendida, feita três meses depois das outras duas solicitações, mas concluída primeiro.

Fernanda, que mora em frente à praça, se sentiu impactada com a mudança. Ela conta que sua mãe, Lúcia Helena Santos, foi quem plantou várias das árvores que estavam ali, mas foram retiradas pela Seinfra para a criação do estacionamento. Elas tinham aquele ambiente como um espaço de lazer, mas que após as obras, houve um excesso de entulho que ainda não foi retirado do local. Além disso, com a chegada das chuvas, elas já perceberam que as ruas da região, que antes não era tão afetada com enchentes, “só com uma chuva fina já desceu lama, o que não acontecia antes da obra”, afirma Fernanda.

Importância da preservação

O presidente da Associação Goiana de Engenheiros Ambientais (Ageamb), Marlison Noronha, indica a importância das praças para o bem estar social da população e do meio ambiente. “Elas [as praças] atuam como áreas de “respiro” em meio ao concreto, melhorando a qualidade do ar, reduzindo a poluição sonora e visual, e amenizando as altas temperaturas. Em termos ambientais, elas abrigam espécies de plantas e animais, além de auxiliar na drenagem das águas pluviais, reduzindo o risco de alagamentos”, inicia Marlison.

“Do ponto de vista social, as praças promovem a interação entre os cidadãos, oferecendo espaços de lazer, recreação e bem-estar, fundamentais para a saúde mental. Manter praças é uma questão de qualidade de vida e sustentabilidade urbana, integrando a preservação ambiental ao planejamento urbano”, diz o presidente da Ageamb. Ele explica que, ao retirar a grama e cobrir o solo com asfalto, aumenta-se o risco de alagamentos na região. “Além disso, o asfalto contribui para a elevação da temperatura local, fenômeno conhecido como “ilha de calor”, acrescenta.

Marlison Noronha, através da Ageamb, está formalizando uma ação civil pública sobre a obra realizada pela Seinfra, realizada a pedido do vereador Geverson Abel (Republicanos). Em nota ao O HOJE, a Seinfra afirma: “A solicitação de construção de um estacionamento na Praça da Vitória, na Avenida Itaberaí, no Setor São Judas Tadeu, foi feita em maio deste ano à Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra). Técnicos da pasta estiveram no local, fizeram o levantamento técnico necessário para a construção do estacionamento, realizada de acordo com o cronograma de obras da secretaria”.

O HOJE entrou em contato com o vereador Geverson Abel, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.