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sexta-feira, 22 de novembro de 2024
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Estratégia

Folga fiscal: investimentos no segundo ano de Rogério Cruz caem mais de 70%

Prefeitura investiu cerca de R$ 25 milhões a menos que nos primeiros dois meses do ano passado, apesar do crescimento da arrecadação puxada pelo IPTU

Postado em 20 de abril de 2022 por Raphael Bezerra

Durante a prestação de contas do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) à Câmara Municipal de Goiânia, a redução do investimento passou batido até pelos olhares mais atentos. Em meio a uma apresentação longa sob protesto dos professores que cobravam o pagamento do reajuste salarial de 33% e a crítica dos poucos vereadores de oposição, o prefeito da Capital mostrou que sua gestão investiu, nos primeiros dois meses do ano, quase R$ 25 milhões a menos que no primeiro ano de mandato.

Ainda que tenha apresentado folga na execução orçamentária, o Paço Municipal inaugurou em 2022 aquém dos investimentos, enquanto obras como o BRT Norte/Sul e a Marginal Botafogo seguem inacabadas e as entregas são constantemente adiadas. 

Enquanto em 2021 foram investidos R$ 35,324 milhões nos dois primeiros meses da gestão, Rogério Cruz gastou quase um terço desse valor neste ano. A prefeitura desembolsou R$ 10,3 milhões para o começo do ano. Críticos da gestão questionam se a prefeitura estaria guardando recursos para inaugurar obras próximas do início da campanha eleitoral e das eleições propriamente ditas. A estratégia não é nova, muito menos criativa, mas se apoia no ditado popular que diz que “o povo tem memória curta na hora de votar”.

Os cortes nos investimentos não são novidades do segundo ano do mandato de Cruz. Durante o ano passado, a gestão que ainda engatinhava, já havia cortado 26,03% dos investimentos enquanto naturalizava a dispensa de licitações. Foram mais de R$ 50 milhões em contratos sem licitação.

Os investimentos saíram de R$ 425,474 milhões em 2020 para R$ 314,7 milhões em 2021. A relação entre os investimentos pagos e a receita corrente líquida acumulada em 12 meses, que já era baixa, recuou mais ainda, para 5,52% saindo de 7,81% em 2020.

A folga fiscal apontada pelo prefeito durante sua prestação de contas poderiam abrigar um volume mais ambicioso de investimentos, o que poderia melhorar a prestação de serviços à população e ou abrigar um plano de governo mais ambicioso.

As despesas, no entanto, cresceram 12,58% na comparação entre os dois períodos, com os desembolsos avançando de R$ 760,6 milhões para R$ 856,3, ainda sem contar o reajuste de 15% para os professores e profissionais da Educação Municipal. 

A principal despesa da prefeitura veio dos recursos para manutenção, limpeza, segurança, materiais de escritório e sistemas de informática. Neste grupo, as despesas saltaram 44,93% entre o primeiro bimestre de 2021 e igual período deste ano, avançando de R$ 250,165 milhões para R$ 362,559 milhões (em torno de R$ 112,394 milhões a mais).

Os cofres da prefeitura registraram R$ 190 milhões a mais, em valores aproximados, em receitas. O vereador Mauro Rubem, questionou os seguidos reajustes em impostos e taxas dos mais de 1,5 milhão de goianienses. “Ele aumentou o IPTU abusivamente, de forma desonesta e completamente louca. Ao mesmo tempo, é inegável que ele não cumpre com piso salarial dos professores, não cumpre com o investimento na educação e é claro que ele está armando uma privatização da saúde. Ou seja, as minhas perguntas foram consistentes e ele quer apenas ouvir elogios. Ele é um desastre para a nossa cidade”

A alta de 17,04% na arrecadação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), num processo que continua a gerar polêmicas, e a alta de 15,40% nas transferências correntes contribuíram para puxar as receitas primárias totais, com aqueles dois itens respondendo por quase 85,0% do aumento geral observado.

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