Denunciado por “sumiço” de merenda escolar se torna o homem do Plano Diretor
Com histórico de escândalos na administração municipal, o servidor Wesley Batista da Silva conseguiu um dos cargos mais importantes quando se fala na aplicação do novo Plano Diretor.
Na Secretaria de Gestão e Planejamento (Segplan), servidores não sabem explicar como Wesley Batista da Silva chegou ao cargo de diretor de Ordenamento Urbano, departamento ligado ao órgão e um dos mais estratégicos à aplicação da atualização do novo Plano Diretor, votado em meio a polêmicas pela Câmara Municipal e sancionado por Rogério Cruz (Republicanos).
O prefeito enfrentou críticas de vereadores da oposição e especialistas com o argumento de que o documento beneficiaria o lobby do setor imobiliário. Além do cargo na Diretoria, Wesley coordena o Comitê Técnico de Análise de Uso e Ocupação do Solo.
Wesley, que é servidor efetivo da Secretaria Municipal de Educação, foi nomeado no cargo no dia 21 de janeiro, a pouco menos de três meses da conturbada votação e sanção. Já foi secretário de Esportes e Lazer na gestão de Paulo Garcia. Depois de passar por diversos cargos de confiança assumiu o cargo de diretor do Departamento de Alimentação Educacional da Secretaria Municipal de Educação, onde ficou entre 2013 e 2015, quando teve de sair por causa de um escândalo: carne que seria usada para merenda escolar simplesmente desapareceu. Wesley enfrenta até hoje processo com outros sete servidores pelo ‘sumiço’ do alimento.
A reportagem ouviu servidores que se preocupam com a forma que Wesley conduz os trabalhos. “A cidade está nas mãos dele”, disse uma servidora, que lembra que ele é o diretor responsável pela autorização de uso de solo, licenciamento de edificações e parcelamentos. “Seria necessário alguém com mais capacitação”, reclama outro.
Antes de Cruz assumir a prefeitura, Wesley trabalhou nos meses anteriores, enquanto era nomeado no Goiânia Prev, na campanha da chapa Maguito/Cruz. Ele organizava carros de som e entregava tickets de gasolina, como é comum em período eleitoral.
No dia 11 de janeiro é redistribuído do Goiânia Prev para a Secretaria Municipal de Administração (Semad) e, menos de um mês depois, a 4 de fevereiro, é cedido à Companhia Metropolitana de Transporte Coletivos (CMTC). Em 11 de maio, Wesley se sentiria em casa na Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec). Duas semanas antes, o amigo dele, o vereador Paulo Henrique da Farmácia (PSC) havia assumido a pasta. Antes, era visto com frequência no gabinete 18 da Câmara, de onde saia para encontros reservados com autoridades ao lado de Paulo.
Homem de confiança, era olhos, ouvidos e boca de Paulo Henrique. A 26 de abril, passa a ocupar um grupo criado para elaborar um plano de ação para a mudança e alocação das Feiras Hippie e da Madrugada à Praça do Trabalhador.
Em setembro, o servidor tentou acalmar os ânimos em torno de Paulo Henrique após publicações de reportagens do jornal O Hoje que revelavam funcionários fantasmas e um suposto esquema de rachadinha no gabinete do então secretário da Sedec na Câmara Municipal.
Com a pressão, Paulo Henrique deixa a pasta e retorna para o mandato. Em 21 de janeiro deste ano, Wesley também deixa a Sedec e é nomeado diretor de Ordenamento Urbano da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh). Depois, se torna coordenador do Comitê Técnico de Análise de Uso e Ocupação do Solo. A reportagem procurou a assessoria da Seplanh, mas foi ignorada. O diretor não atendeu à tentativa de contato por telefone.