Reportagem encontra irregularidades na cela de Sérgio Cabral, como celular, droga e comida de aplicativo
Ao todo, os agentes encontraram sete celulares e até cigarro eletrônico, R$ 4 mil em espécie, cigarros de maconha e até notas fiscais de um banquete de comida árabe
Em uma reportagem feita pelo Fantástico, da TV Globo, no último domingo (01/05), foi possível ver toalhas bordadas com nome de Sérgio Cabral, talheres de inox e prateleira com fundo falso para guardar celular são só algumas das irregularidades encontradas na cela do ex-governador no Batalhão Especial Prisional (BEP).
Em imagens obtidas, fiscais encontraram uma sacola que teria como destinatários Cabral e o tenente-coronel Claúdio Luiz de Oliveira, condenado pela morte da juíza Patrícia Acioli. Nela, havia celulares, R$ 4 mil em espécie, cigarros de maconha e até notas fiscais de um banquete de comida árabe (com esfihas, kafta e lentilha no cardápio), de R$ 1,5 mil, pedido por um app de comida.
“Achamos condições diferentes do que se espera para uma pessoa que está presa, não é? Quando os fiscais entraram na galeria, eu vi que havia uma porta ao lado. E, antes de eu entrar, vi esse policial que é preso recebendo uma sacola verde. Quando me viu, ele ficou sem ação e jogou a sacola por cima da cerca. Acho que ele se assustou, não jogou com tanta força e os objetos caíram dentro da unidade.
E ao lado dessa área onde se encontrava esse policial, nós vimos nas filmagens que só se encontravam o senhor Sérgio Cabral e o coronel Claudio. Então daí, há um indício de que esse material fosse deles”, diz Marcelo Rubioli, juiz da Vara de Execuções Penais.
Além da Vara de Execuções Penais, o Ministério Público e corregedoria da PM também participaram da ala de fiscalização na ala dos oficiais, onde estão oito presos. Ao todo, os agentes encontraram sete celulares e até cigarro eletrônico. Os agentes identificaram que o teto de todas as celas é revestido com isopor, usado para diminuir o calor. Esse revestimento já tinha sido encontrado numa fiscalização anterior.
Sérgio Cabral está no batalhão prisional desde setembro do ano passado. Antes, ele cumpria pena em Bangu 8. A transferência foi autorizada pelo juiz Marcelo Bretas, cumprindo uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin. O ex-governador deveria ficar longe de pessoas citadas por ele no acordo de delação premiada.
“Todos vão ser realocados amanhã para a unidade de segurança máxima, que normalmente é Bangu 1. O ministro Fachin também vai ser comunicado que aconteceu isso, até porque ainda cumpre a decisão de sua excelência”, diz Marcelo Rubioli.
Em nota, a defesa de Sérgio Cabral alegou que não foi encontrada qualquer irregularidade na cela dele e que nenhum dos objetos apreendidos nas áreas comuns foi relacionado ao ex-governador. Diz ainda que desconhece objetos encontrados fora da galeria dos oficiais. Em relação ao tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira, a defesa afirma que nenhum dos materiais informados pela reportagem estava na cela dele.
A Secretaria de Polícia Militar do Rio de Janeiro, responsável pela unidade prisional, informou que está cumprindo todas as decisões da Vara de Execuções Penais e que, como parte desses procedimentos, seis acautelados, entre os quais cinco oficiais, já respondem a processos administrativos disciplinares e tiveram, preventivamente, o direito a visitas suspenso.
O Globo