José Eliton retira pré-candidatura ao governo de Goiás
“Não foi possível chegar a um consenso” declarou em nota
O ex-governador José Eliton (PSB) não é mais pré-candidato ao governo de Goiás. Após o adiamento do encontro estadual do PT, que definiria quem o partido indicaria como nome para concorrer ao Palácio das Esmeraldas à federação, o ex-gestor emitiu nota em que retirou o nome que estava à disposição do grupo formado por PT, PV e PCdoB.
Vale citar, o PT mudou a reunião, que ocorreria neste sábado (28), para 11 de junho sob justificativa de construir um nome de consenso e anunciar junto com a federação o escolhido para entrar na disputa. Na nota, Eliton diz que “não foi possível chegar a um consenso e como sempre defendi a necessidade de ampliação da frente, desejando deixar mais livres os partidos envolvidos nessas tratativas para que encontrem uma alternativa de nome que continue traduzindo as aspirações de uma frente no campo progressista, comuniquei ao Pré-candidato a Vice-Presidente Geraldo Alckmin, ao Presidente do PSB nacional Dr. Carlos Siqueira e ao Presidente do PSB/GO, deputado Elias Vaz, que decidi abrir mão da minha pré-candidatura a governador”.
E ainda: “Destaco que o PSB solicitou uma definição ainda nesse mês de maio, por entendermos que qualquer candidatura, para minimamente avançar com objetivo de vencer as eleições estaduais desse ano, necessita de um tempo para ajustar suas diretrizes, para formatar sua estrutura de campanha, para formalizar o plano de governo que norteará as ações em caso de vitória e, principalmente, necessita de estabelecer um amplo diálogo com a sociedade, mediante ações de pré-campanha e posterior campanha.”
Tinha preferências
Único deputado federal do PT por Goiás, Rubens Otoni acreditava que o nome do ex-governador José Eliton devia ser o escolhido para representar a federação (PT, PV e PCdoB) na disputa pelo governo de Goiás. “Minha opinião é que precisamos ampliar a base de apoio do Lula em Goiás. A aliança com o PSB para o governo de Goiás pode ajudar no diálogo com setores da sociedade mais distantes do PT.” Para ele, esse gesto poderia ajudar no esforço de fazer Lula vencer a eleição já no primeiro turno.
Mas existia divisão no partido. Fontes ligadas a Wolmir informaram que a Executiva estadual teria maioria para optar pelo apoio ao ex-reitor da PUC. Até por isso, teria ocorrido a mudança de data no encontro estadual do PT.
Ainda assim, Eliton também conquistou lideranças dos outros partidos da federação. Membro da diretoria e uma das figuras icônicas do PCdoB em Goiás, a ex-deputada estadual Isaura Lemos acatava a sugestão do PSB pelo ex-governador. “Dialoga além dos setores que as esquerdas alcançam.”
“A tática da federação é para eleger o Lula. E, para isso, o PT entendeu em outros Estados que não tivesse candidatura própria, para ampliar as alianças. Mesmo assim, foi lançado o nome de Wolmir, que é excelente e tem capacidade administrativa. Mas entendemos que precisamos de um nome que amplie mais o diálogo onde as esquerdas têm mais dificuldades. Foi quando surgiu o ex-governador José Eliton”, continua Isaura. “Achamos que ele poderia cumprir esse papel”, declarou na última semana.
Também ao O Hoje, o presidente estadual do PV, Cristiano Cunha, disse preferir Eliton. Mas o que ele realmente gostaria era de apoiar o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) nas eleições. Para isso, ele aguarda uma autorização da federação.
Aliados de José Eliton
Ainda antes da nota oficial, interlocutores do ex-governador disseram ao O Hoje que o adiamento deixou Eliton insatisfeito. Além disso, conforme apurado, o PT nacional estaria tentando articular com o PSDB nos estados, após a desistência do ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Em Goiás, as investidas seriam no ex-governador Marconi Perillo (PSDB) – para assumir a cabeça de chapa. Eliton, que defende uma frente ampla com a inclusão do PSDB teria ficado insatisfeito de como as articulações se deram, deixando de lado tanto ele quanto Wolmir.
Marconi, durante passagem de Doria em Goiás reforçou sua lealdade ao partido. Ele ainda não decidiu se disputará o governo ou o Senado. Cita-se, ainda, que há resistência entre o PT e o tucano. Todas essas incertezas teriam desagrado José Eliton.
Confira a nota na íntegra:
“A política se faz com ideais, sonhos, bons projetos e bons companheiros.
Nossa luta é por um país melhor, mais justo, mais humano e tolerante, que encha os corações de todos os brasileiros de esperança no amanhã.
Busquei contribuir para a consolidação de uma frente que ajude o Presidente Lula e o Vice-Presidente Alckmin na construção desse Brasil que sonhamos. Uma frente construída por líderes que carreguem nos corações e almas a convicção da importância desse movimento cujo objetivo maior é a construção de um país melhor e mais justo.
Agradeço ao Presidente Lula e ao Vice-Presidente Geraldo Alckmin pelo convite que me foi direcionado no sentido de liderar essa frente em Goiás. Agradeço ao PSB, PCdoB e PV, que entenderam nossa mensagem e buscaram avançar nesse projeto de país e de estado.
Agradeço ao PSB, especialmente ao Presidente Nacional, Carlos Siqueira, e ao Presidente Estadual, deputado Elias Vaz, pelo acolhimento e conclamação para referida missão e, agradeço ainda, ao prof. Wolmir Amado, pré-candidato a governador pelo PT, pelo diálogo constante na construção de um bom projeto para Goiás.
Finalmente, agradeço ao PT, por avaliar politicamente a necessidade de ampliação do palanque do Presidente Lula em Goiás ao tempo que compreendo seus processos internos e suas estratégias eleitorais, o que acabou por inviabilizar, até o presente momento, qualquer definição sobre o caminho que o partido quer seguir.
Destaco que o PSB solicitou uma definição ainda nesse mês de maio, por entendermos que qualquer candidatura, para minimamente avançar com objetivo de vencer as eleições estaduais desse ano, necessita de um tempo para ajustar suas diretrizes, para formatar sua estrutura de campanha, para formalizar o plano de governo que norteará as ações em caso de vitória e, principalmente, necessita de estabelecer um amplo diálogo com a sociedade, mediante ações de pré-campanha e posterior campanha.
Uma vez que ainda não foi possível chegar a um consenso e como sempre defendi a necessidade de ampliação da frente, desejando deixar mais livres os partidos envolvidos nessas tratativas para que encontrem uma alternativa de nome que continue traduzindo as aspirações de uma frente no campo progressista, comuniquei ao Pré-candidato a Vice-Presidente Geraldo Alckmin, ao Presidente do PSB nacional Dr. Carlos Siqueira e ao Presidente do PSB/GO, deputado Elias Vaz, que decidi abrir mão da minha pré-candidatura a governador.
Destaco que mantenho firme minhas convicções acerca da importância política do momento para o Brasil, da necessidade da eleição da chapa Lula/Alckmin como ponto garantidor do Estado Democrático de Direito, de políticas públicas de inclusão social, de desenvolvimento sustentável e de fortalecimento das instituições.
Sempre que chamado estarei à disposição do Presidente Lula e do Vice-Presidente Alckmin para contribuir para que o Brasil reencontre o caminho da democracia, do respeito, da prosperidade e das liberdades.
No âmbito do estado de Goiás a minha posição será a posição do meu partido. Que possamos contribuir para recolocar Goiás no caminho da justiça social e da geração de oportunidades.
Não estamos em busca do poder pelo poder, não estamos na política para dividir, mas para somar.
Não vamos estabelecer veto a quem quer que seja. Todos, absolutamente todos, estão convidados a lutar conosco, com o Presidente Lula e com o Vice-Presidente Alckmin, em favor de Goiás e do Brasil.”
José Eliton
Mas o PSDB pode mesmo apoiar?
Na esfera nacional, a federação está fechada com o PSB. No começo do mês, o PT oficializou a chapa do ex-presidente Lula (PT) e do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB). Depois da desistência do ex-governador João Doria (PSDB) pela corrida presidencial, informações sugerem que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) aguarda o momento certo para anunciar apoio a Lula-Alckmin.
Vale lembrar, Doria retirou o nome de pré-candidato após o grupo da terceira via composto por Cidadania, MDB e PSDB avaliar que a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB) era mais viável. Então, mesmo que oficialmente o PSDB se mantenha no grupo alguns tucanos devem declarar apoio ao PT/PSB, como já sinalizou o ex-senador e ex-ministro das Relações Exteriores Aloysio Nunes (PSDB-SP).
As especulações também giram em torno da posição do ex-governador Marconi Perillo. O deputado federal petista por Goiás, Rubens Otoni, é cético em relação a este apoio, seja na esfera federal, seja na estadual. “Ele declarou que apoiará uma candidatura do PSDB. E ainda existe a possibilidade de coligação do PSDB, Cidadania e MDB”, acredita na lealdade do ex-gestor de Goiás.
Grupos tucanos contrários ao nome de Doria, inclusive, ainda defendem que o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), seja lançado na disputa ao Planalto pelo partido. O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, já disse que a questão está pacificada, ou seja, sem Doria não haverá postulante à presidência. (Especial para O Hoje)