Entorno do DF é estratégico para os pré-candidatos ao governo de Goiás
Local tem como característica a influência de Brasília, mais a vantagem de 600 mil votos
O Entorno do Distrito Federal tem uma característica diferenciada. Apesar do território goiano, sofre nas eleições a influência de Brasília. Nesse sentido, aqueles nomes que são mais ligados ao DF – e até de bom relacionamento com o governador do ente federativo – levam vantagem. Não é o caso do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), apesar de suas passagens pelo Legislativo Federal (Câmara dos Deputados e Senado) e nem do ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha (Patriota), ainda pouco conhecido na região.
Caiado realiza no fim deste mês o nono mutirão no entorno, dessa vez em Águas Lindas de Goiás. Nesses eventos, a primeira-dama Gracinha Caiado age como protagonista, atuando como “abre alas” na busca do voto da população que se beneficia com essas ações em um esforço de dirimir a influência de Brasília na região, conforme dizem aliados do inquilino do Palácio das Esmeraldas.
Vale lembrar, Ibaneis Rocha (MDB), governador do DF, já se estranhou com Caiado no passado – inclusive com trocas de insultos. Mais recentemente, contudo, elogiou publicamente o goiano, durante inauguração de uma obra realizada em parceria no município de Valparaíso de Goiás, no entorno do DF. Vale citar que o pré-candidato a vice de Goiás pela chapa caiadista é Daniel Vilela, presidente estadual do MDB.
Ainda assim, Ibaneis já descartou parceria com Caiado para o pleito deste ano. “Temos tratado do Entorno com muito respeito, tanto na saúde, no transporte público e na segurança. Tivemos algumas desavenças pontuais, mas todas foram superadas. Politicamente, cada um segue a sua vida. A gente vai trabalhando cada um com seu eleitor”, declarou o governador do DF ao Metrópole.
Existe, ainda, outro ingrediente político de peso que torna a região tão interessante: 600 mil eleitores nas nove cidades que compõem o entorno. E quem ainda goza de certo prestígio na região é justamente o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), que mantém a estratégia do silêncio sobre qual cargo vai disputar este ano – Senado ou governo.
Com os já citados mutirões, além da estratégia de diminuir a influência brasiliense, Caiado tenta evitar o avanço dos concorrentes – e não só de Perillo. O ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, reconhece que o entorno é o local onde é menos conhecido no Estado.
O ex-emedebista, inclusive, realizou encontro regional em Cidade Ocidente, em 25 de maio, para se apresentar como pré-candidato. Destaca-se, no Plano de Gestão de Mendanha, a criação de uma Agência de Desenvolvimento da região metropolitana de Brasília, conforme revelou aos moradores.
Mas não só isso. O ex-prefeito, em abril, cumpriu agenda em Valparaíso, Novo Gama e Luziânia. As idas à região têm sido constantes, uma vez que, conforme aliados de Mendanha, o local é estratégico, também, por ser visto como uma terra com pouco alcance da atual gestão. No começo deste mês, ele esteve na Festa do Divino, em Luziânia.
O pré-candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL), em Goiás, major Vitor Hugo, por sua vez, já teria uma melhor inserção na região, justamente pela proximidade com o governo federal. O mandatário do País, inclusive, teria disposição para vender o nome do seu postulante ao Palácio das Esmeraldas para fortalecê-lo na região.
Ainda assim, a avaliação de palacianos é que Caiado não teme Mendanha ou Vitor Hugo na região. A ideia é trabalhar para ampliar a vantagem sobre Marconi no entorno.