Após denúncias de assédio sexual, cresce pressão por saída do presidente da Caixa, ‘PG2’ de Bolsonaro
Há um temor entre pessoas ligadas à campanha do presidente à reeleição de que as denúncias acabem tendo um efeito negativo, uma vez que Pedro Guimarães é próximo de Jair Bolsonaro
O Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação para apurar denúncias de assédio sexual feitas por funcionárias da Caixa Econômica Federal contra o presidente da instituição, Pedro Duarte Guimarães. O executivo da Caixa é presença constante nas lives do titular da República Jair Bolsonaro (PL), que o apelidou de PG2, em referência a Paulo Guedes, chamado de PG.
Cinco funcionárias relataram que o presidente do banco fazia abordagens inapropriadas como passar a mão nas nádegas de uma delas. A revelação das denúncias foi feita pelo site Metrópoles na terça-feira (28/6) e a abertura da investigação, que está em andamento sob sigilo, foi confirmada pelo Estadão.
A abertura da investigação fez crescer a pressão para que o executivo deixe o cargo. Na noite de terça, a Caixa informou que o pronunciamento e a entrevista coletiva com Guimarães, previstos para esta quarta, foram cancelados. Não foi apontado o motivo dos cancelamentos.
Proximidade com Bolsonaro
Há um temor entre pessoas ligadas à campanha do presidente à reeleição de que as denúncias acabem tendo um efeito negativo, uma vez que Pedro Guimarães é próximo de Jair Bolsonaro. O nome dele chegou a circular como um eventual ministro da Economia, em caso de saída de Guedes.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), protocolou um requerimento que solita a convocação de Guimarães para que ele esclareça denúncias de assédio sexual. O documento foi apresentado na Comissão de Direitos Humanos (CDH).
No requerimento, Randolfe pontua que a convocação “será fundamental para a proteção das mulheres trabalhadoras da Caixa Econômica Federal, que até então nunca havia passado por escândalo semelhante em seus em seus 161 anos de existência”.
Relatos de assédio sexual
De acordo com um dos relatos feitos ao Metrópoles, uma funcionária diz que o presidente do banco teria passado a mão em suas nádegas. Em outro caso, o executivo teria convidado outra funcionária para dentro de seu quarto de um hotel, e pediu à ela para tomar um banho e voltar para conversar sobre a carreira em seu quarto.
Em outra viagem, Guimarães teria colocado o celular e a chave do seu quarto do hotel no bolso de uma funcionária e dito a frase “vou botar aí na frente”.
No entanto, não é a primeira vez que o nome do presidente do banco aparece associado a denúncias de assédio. No primeiro ano do governo de Bolsonaro, em 2019, Guimarães teria sido flagrado junto com uma funcionária do banco dentro do carro no estacionamento na sede da instituição. A denúncia, no entanto, não foi à frente.
Resposta da Caixa
Em nota, a Caixa informou que não tem conhecimento sobre as denúncias de assédio sexual contra Guimarães e que tem protocolos de prevenção contra casos de qualquer tipo de prática indevida por seus funcionários.
“A Caixa não tem conhecimento das denúncias apresentadas pelo veículo. A Caixa esclarece que adota medidas de eliminação de condutas relacionadas a qualquer tipo de assédio. O banco possui um sólido sistema de integridade, ancorado na observância dos diversos protocolos de prevenção, ao Código de Ética e ao de Conduta, que vedam a prática de ‘qualquer tipo de assédio, mediante conduta verbal ou física de humilhação, coação ou ameaça’, informou, em nota ao site.