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sábado, 23 de novembro de 2024
Política

”Fenômeno Lula” não transfere votos aos palanques regionais

Cientista político explica que o nome do ex-presidente é maior que o partido

Postado em 6 de julho de 2022 por Felipe Cardoso

Apesar do protagonismo alcançado pela esquerda, representada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), no palanque nacional, a leitura a nível estadual é de que a sigla tende a não transferir a mesma força aos palanques regionais. Nos bastidores, o avaliação é de que apesar do crescimento e consolidação do nome do ex-presidente Luíz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas de intenção de voto, os nomes representados pelo partido nos estados tendem a não ser alavancados da mesma maneira. 

Para entender um pouco mais sobre esse cenário, O HOJE procurou o cientista político Lehninger Mota. Ao conversar com a reportagem, o especialista explicou que diferentemente dos agentes políticos que compõem os palanques regionais, o ex-presidente conta com um facilitador: “Ele consegue transpor a barreira do voto conservador”, diz.

O estudioso destaca que Lula, “por ter sido presidente”, consegue chegar às pessoas pelo que chamou de “voto econômico”. “O povo considera que ele fez uma boa gestão nesse quesito. Esse fator faz com que Lula seja bem avaliado, ainda que o PT não consiga ter mais do que 10% dos votos na disputa pelo Governo”, explica. Ele lembra que a adesão do partido nos estados não aconteceu nem mesmo no ano de 2010 “quando o ex-presidente tinha 80% de aprovação do mandato, deixando-o, na sequência, com quase 90%”. 

“Essa popularidade não pode ser transferida a nenhum outro candidato.  A única coisa que explica isso é o ‘fenômeno Lula’. O fenômeno de um presidente que conseguiu, economicamente, transpor a barreira das pessoas conservadoras. Essas pessoas, observa-se, que até podem votar no Lula, mas enfrentam uma dificuldade maior em votar no PT quando são apresentados outros nomes. Lula é maior que o partido. Por isso seguirá bem em vários estados, ainda que a legenda não esteja”, ponderou. 

No entendimento do cientista, o partido não teria o mesmo alcance na disputa a nível nacional sem o ex-presidente. “Teriam, como já tiveram, muita dificuldade. Não existe no partido uma outra figura que transponha essa barreira conservadora. Por que hoje temos o Bolsonaro atrás nessas pesquisas? Justamente pelo fator econômico. A economia vai mal. Se a economia estivesse caminhando bem, o Lula certamente não estaria tão bem como agora”. 

Em paralelo, as pessoas tendem, segundo ele, a associar a figura do petista ao presidente “bom para a economia e, consequentemente, para os pobres”. “Esse é o atalho informacional que essas pessoas fazem. Mas certamente sem a figura do Lula o partido não teria essa representatividade ou magnitude para fazer campanha como as de agora. Não há substituto para o populismo do ex-presidente”. 

Conforme divulgado pelo O HOJE em 27 de junho, a pesquisa BTG/FSB mostrou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 43% das intenções de votos contra 33% do presidente Jair Bolsonaro (PL). O levantamento ouviu 2 mil eleitores de 24 a 26 de junho de 2022.

Depois dos dois primeiros, aparece o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), 8%. Ele é seguido pela senadora Simone Tebet (MDB), 3%; André Janones (Avante), 2%; e Pablo Marçal (Pros), 1%.

Os demais candidatos que constam na pesquisa estimulada não pontuaram. 5% dos entrevistados disseram que não votariam em nenhum dos apresentados; 1% branco ou nulo; e 2% não souberam responder. A pesquisa BTG/FSB tem margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos e intervalo de confiança de 95%.

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